FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

Estivemos Presentes nas Primeiras Cerimônias de Casamento Gay da Flórida Central

Um caso clássico da Flórida sendo Flórida. Ternos brancos combinando, golfinhos e manifestantes conservadores anti-gay.

Dois anos atrás, depois que Joey Thibodeaux e Kevin Foster assistiram a um show de golfinhos no Discovery Cove, em Orlando, Flórida, os treinadores chamaram os dois para a água. Um golfinho treinado nadou até Joey segurando uma boia na boca. Ele pegou-a e a virou. "Joey, casa comigo?", dizia o objeto inflável. Após Joey dizer sim, eles prometeram passar a vida toda juntos.

Mas esses votos não eram oficiais até um pouco depois da meia-noite da terça-feira passada, quando Foster e Thibodeaux, além de outros 27 casais do mesmo sexo, casaram legalmente no condado de Osceola, Flórida. O condado é o segundo a emitir licenças de casamento depois de o juiz federal Robet Hinkle derrubar oficialmente uma suspensão que adiava a reversão da proibição desse tipo de união que vigorava desde 2008 na Flórida.

Publicidade

"É uma paz de espírito", me disse Foster, de 39 anos. "Se um de nós for parar no hospital, os direitos de visita são algo importante. O Estado nos reconhece como…", Thibodeaux o interrompeu. "É real!"

Dentro do Tribunal do Condado de Osceola, o escritório transformado em salão de casamento zumbia de antecipação. Os seguranças pareciam felizes em trabalhar depois da meia-noite num dia de semana. Lá fora, pessoas carregavam cartazes de apoio ao casamento dos amigos, competindo silenciosamente com cerca de 20 manifestantes com cartazes como "Casamento = 1 Homem + 1 Mulher" e "Sodoma e Gomorra".

"O que eles estão fazendo é pecado", afirmou Barbara Jones, moradora de Osceola. "O que eles estão fazendo, Deus odeia isso." Reclamando sobre o que ela via como um declínio recente na sociedade americana, Jones frisou que temia pelo destino de seu neto de seis anos num mundo onde gays podem se casar.

Dentro do tribunal, o secretário do condado de Osceola, Armando Ramírez, simpatizante dos direitos gays, liderou a sala lotada numa contagem regressiva de dez segundos antes da comissária do condado, Cheryl Grieb, e sua parceira de longa data, Patti Daugherty, se tornarem comissária e esposa.

"É muito fácil julgar outras pessoas", comentou Ramírez enquanto esperava o relógio marcar o primeiro minuto após a meia-noite. "Esta nação está evoluindo. É preciso mostrar flexibilidade."

Quando Grieb e Dauherty trocaram seus votos logo depois da meia-noite, usando terninhos bordados iguais, elas se tornaram o primeiro casal do mesmo sexo da Flórida Central.

Publicidade

"Eu quis dramatizar um pouco o período de espera", destacou Ramírez.

Está claro que oponentes do casamento gay como Barbara Jones já perderam. Mas, num último esforço para salvar a santidade do casamento heterossexual, pelo menos cinco condados do norte da Flórida preferiram cortar todas as cerimônias a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Alguns disseram que as cerimônias eram um uso impraticável dos dólares dos contribuintes, mas outros foram menos circunspectos: "Acredito no casamento entre um homem e uma mulher", reiterou o secretário do tribunal do condado de Duval, Ronnie Fussel, ao Florida Times Union. "Pessoalmente, vai contra minhas crenças realizar uma cerimônia diferente disso."

Nenhum de seus colegas se sentia confortável em oficializar cerimônias gays, ele informou; então, em vez de discriminar, eles decidiram simplesmente cancelar a cerimônia para todos.

Mas a maioria dos cidadãos da Flórida não vê problema no casamento gay. Apesar de o amor incondicional entre dois adultos responsáveis ter apavorado mais de 60% dos eleitores da Flórida em 2008, quando a iniciativa Florida Family Action de proibir casamentos entre pessoas do mesmo sexo foi aprovada, esse número caiu para 39%, de acordo com uma pesquisa de 2014.

Nesse meio tempo, os primeiros casais gays da Flórida se preparam para as grandes festas depois dos casamentos civis à meia-noite. Para Kim Wagar e Janet Barchuk, a decisão de se casar na terça-feira foi só no papel, uma amostra de apoio às amigas de branco Grieb e Daugherty. A cerimônia de verdade deve acontecer daqui a um mês, elas me contaram. Ambas estão nervosas com o dia do casamento, como qualquer casal homo ou hétero fica. Mas, depois desse dia, elas vão poder desfrutar de benefícios legais emocionantes, como fazer a declaração conjunta do imposto de renda e tomar a decisão, se necessário, de desligar os aparelhos da companheira.

Siga a Erin no Twitter.

Tradução: Marina Schnoor