O Percurso de Uma Drag Queen na Noite Paulistana

FYI.

This story is over 5 years old.

Fotos

O Percurso de Uma Drag Queen na Noite Paulistana

A madrugada se aproxima e o José troca a timidez e as roupas do dia a dia por vestes coloridas, muita maquiagem e glamour. Agora, ele é a Amanda Sparks.

Fazia pouco tempo que o José Henrique tinha voltado do trabalho, em um escritório de design de games, quando toquei a campainha de seu apartamento, uma quitinete na região central de São Paulo. Ele abriu timidamente a porta; um homem de pele clara e cabelo escuro ondulado, ainda de camisa, sapatos e com óculos de armação redonda que ressaltava os grandes olhos negros. Até ali, nada fora do comum para um filho de militar que, após morar em diversos lugares por conta da profissão do pai, decidiu fincar raízes na maior metrópole do país. A razão da minha visita, no entanto, era sobre suas noites de sexta-feira. Em uma ocasião como essa, o José costuma se distrair dentro de casa e, quando a madrugada se aproxima, ele troca a timidez e as roupas do dia a dia por vestes coloridas, muita maquiagem e trejeitos carregados de glamour. "É raríssimo encontrar uma drag queen de dia. Somos um povo da noite", ele disse, prestes a se transformar na Amanda Sparks, uma das personagens mais icônicas da cena LGBTT de São Paulo. A partir daquele momento, fiquei em silêncio, enquanto aquele demorado e cuidadoso ritual de metamorfose terminaria por nos levar onde só ela, a Amanda, saberia chegar.

Publicidade

Inicialmente, as fotos que fiz eram apenas para ilustrar uma entrevista concedida pelo meu anfitrião que, nas horas vagas, desenvolve games onde os heróis são drag queens lutando contra os poderes políticos e religiosos. O que eu não contava era com o que aconteceu depois que a Amanda estava incorporada e o lugar onde ela me levou. Meses depois, revisitando o material que sobrou daquela noite, percebi que elas dariam neste ensaio. Chega junto:

20h11: O José, cansado de ficar em casa, começar a fuçar o armário. Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

O primeiro passo é deixar a pele como um quadro em branco. Foto: Guilherme Santana/VICE

Mais adiante, vem as cores. Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Meia-calça com enchimento "para dar coxa, cintura e bunda". Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

21h36: o cabelo vai por último.

Agora é Amanda. Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Chegando na Blue Space, uma das maiores casas de show drag queen do Brasil, a Amanda é rapidamente reconhecida pelas pessoas. Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foto: Guilherme Santana/VICE

Naquele noite, ela fez seu próprio show. Foto: Guilherme Santana/VICE

Siga o Guilherme Santana no Flickr.