Fotos de objetos de infância que as pessoas não conseguem jogar fora

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Fotos de objetos de infância que as pessoas não conseguem jogar fora

Porque todo mundo guarda coisas que não precisa mais.

Tem gente que não consegue se desapegar das coisas. Pessoas assim podem acabar num reality show onde faxineiros obsessivos-compulsivos entram na sua casa e fazem cara de nojo para as coisas que você acumulou porque "pode ser útil no futuro, né?" Sabe, tábuas de passar velhas, pedaços de metal afiados, um limpador de para-brisa, esse tipo de coisa. Coisas úteis.

Mas esse pessoal é um extremo da coisa. Todo mundo guarda coisas que não precisa mais, seja uma caixa no guarda-roupa cheia de velhos boletins de escola que você lê uma vez a cada 15 anos, ou um item da infância do qual você não consegue se desfazer. Pedimos para algumas pessoas trazerem coisas assim para um estúdio de fotos, aí tiramos o retrato delas e perguntamos por que elas não conseguem deixar esses objetos para trás.

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MIKE E SEU ROUPÃO

VICE: O que é o seu objeto?
Mike: E um roupão que minha mãe comprou pra mim uns 22, não, 23 ou 24 anos atrás.

Por que você ainda tem ele?
Quando era mais novo, não conseguia dormir se o quarto não estivesse completamente escuro. Qualquer luzinha entrando me deixava acordado. Então eu sempre dormia com alguma coisa cobrindo a cara — e essa coisa era sempre meu roupão. Ele era muito gostoso; basicamente uma toalha, e como usei muito, ele era supermacio. Se eu colocar esse roupão cobrindo meus olhos eu apago instantaneamente.

Por isso fiquei com ele — eu ainda faço isso, mas como o roupão está velho e acabado, ele não é mais tão gostoso de usar. Então eu geralmente tiro a camiseta que estou usando e cubro os olhos. É uma vergonha. As pessoas dizem que é meu "cobertorzinho" e eu sei que é uma coisa meio idiota para um adulto fazer. Mas, enfim, o roupão não me traz nenhum conforto emocional, mesmo; é só porque estou acostumado a colocar alguma coisa na minha cara. Como tenho esse roupão há tanto tempo, não vou jogar fora agora. Tenho que ter ele a vida inteira.

OOBAH E SUA CARTEIRA DO SLIPKNOT

O que é seu objeto?
Oobah: Uma carteira numa corrente. Ganhei ela de presente da minha tia quando eu tinha 13 anos.

Então há quanto tempo você tem ela?
Doze anos. É o mesmo tempo em que não como carne. Penso nessa carteira como meu cinto de castidade do vegetarianismo.

Por que você guardou essa carteira?
Só não queria jogar fora. Acho que seria como deixar uma parte de mim. Eu era muito fã do Slipknot e joguei fora todos os meus moletons e camisetas da banda, mas nunca consegui jogar a carteira fora.

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Mas agora ela é útil de novo; estou usando outra vez. E tenho algumas boas razões pra isso. Primeiro, eu sei que ela é ridícula. Eu estava numa loja de bebidas outro dia e vi que as pessoas estavam rindo de mim. Fiquei pensando "Por quê?" Eu estava em Brighton e não costumo ir muito pra lá, então comecei a odiar Brighton. Aí percebi que eu estava mexendo na minha carteira do Slipknot. Os caras estavam rindo de mim porque eu era um homem crescido procurando troco numa carteira do Slipknot.

Outra razão é que a carteira é prática. Ela tem uma corrente que fica presa na minha calça, então não dá pra perder. Perdi cinco carteiras no ano passado, então estou ressuscitando essa numa tentativa de me reconectar com o meu eu menos idiota. Quando eu era um jovem puro.

ELLA E SEU ROSÁRIO

Qual é o seu objeto?
Ella: É o rosário que ganhei na minha primeira comunhão, quando eu tinha oito anos.

Como você guardou ele tanto tempo?
Foi meu vô quem me deu. Tenho uma relação estranha com o catolicismo — fui batizada, fiz primeira comunhão e tudo mais; fui criada na religião, apesar de ter imediatamente deixado de acreditar nisso assim que consegui entender. Ainda tenho o rosário como lembrança da minha família, que ainda é muito católica, e acho que guardei ele quase por acaso. Ele sempre esteve na minha gaveta.

A coisa mais estranha sobre ter sido criada no catolicismo e que mesmo não sendo mais crente, quando as coisas não vão indo bem eu sempre penso "Hum, será…" Então ter o rosário também é uma coisa de conforto. Minha babá ainda joga água benta na gente toda vez que vamos embora da Irlanda.

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IAN E SEU CRÂNIO

Que tipo de crânio é esse?
Ian: É um crânio de cervo.

Como ele acabou com você?
Achei ele na floresta. Eu costumava pegar crânios, ossos e coisas assim quando era bem menino. Eu colecionava. A maioria deles foram jogados fora porque meus pais não curtiam muito ter partes de animais mortos em casa, mas esse ficou.

Ele estavam bem sujo quando achei; acho que ainda tinha alguma coisa do cérebro dentro, e dava para ver que alguma coisa estava tentando comer o restinho, já que tinha pequenas marcas de dentes no topo. Mas esse não é o tipo de coisa com que você se preocupa quando é moleque.

Há quanto tempo você tem ele?
Achei o crânio quando tinha seis ou sete, então uns 17 anos.

E por que você o guardou?
Acho que basicamente porque queria guardar algumas coisas da minha coleção de ossos e crânios. É uma coleção ligeiramente mórbida para uma criança, mas não há muito o que se fazer no interior. De certa maneira, ele tem um valor sentimental para mim; é uma coisa do interior, que me lembra de onde cresci. Ele me acompanha onde quer que eu vá.

MARI E SEU VIOLINO

Por que você guardou um violino?
Mari: Eu fazia escola de música, então eu levava isso bem a sério. Piano era meu instrumento principal, mas o violino era minha segunda disciplina. O piano ainda está com a minha família no Japão; o violino é menor, então é algo que posso levar comigo — algo que posso guardar, mesmo não tocando mais.

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Quando você começou a tocar?
Quando tinha oito anos, que é meio tarde para uma família asiática. Comecei com um que era o quarto do tamanho do instrumento de adulto, depois três quartos e finalmente este, que é do tamanho padrão. O violino é alemão — fomos a várias lojas de antiguidade até encontrá-lo. Ele foi fabricado em 1947. A etiqueta ainda está dentro, mas meio que apodreceu.

Então com que idade você ganhou esse violino?
Quando tinha uns 11 anos. Toquei até os 18, mas aí comecei a ter problemas nos tendões. O instrumento segue intocado há nove ou dez anos agora.

Como você ainda tem ele?
Mesmo não podendo mais tocar, ainda amo esse instrumento. Tem várias músicas que eu adoraria tocar nele se pudesse. Acho que se eu o vendesse, seria como se uma grande parte de mim tivesse sumido. Você tem uma relação física com os instrumentos. Você cresce com seu instrumento e ele também se alimenta do seu corpo; é uma relação de mão dupla. Eu não diria que me livrar dele seria como terminar com um namorado, mas parece que uma grande parte do meu corpo iria com ele.

MICHAEL E NIGHT NIGHT

O que é isso?
Michael: É o Night Night, meu ursinho de pelúcia.

Quando você ganhou ele?
Ganhei o Night Night de amigos dos meus pais quando tinha menos de um ano de idade. Acho que as primeiras palavras que falei foram "night night", e eu ficava repetindo isso quando abraçava esse cara, então o nome pegou.

Há quanto tempo você tem ele?
Vinte e dois anos agora, acho.

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E por que não jogou fora?
Hum, pra me confortar quando estou sozinho na cama e está frio. Às vezes, quando alguém dorme em casa, preciso escondê-lo do lado da cama porque não quero que ninguém veja. Alguém o descobriu uma vez e foi muito estranho, porque a pessoa ficava andando com ele pela cama.

Não tenho apego pela minha infância — não voltei para a casa onde eu cresci quando meus pais a venderam. Desde que saí de lá aos 18 anos, nunca mais voltei, e não tenho mais nada daquela idade. O Night Night é meio que minha única conexão física com a infância, e ele é muito fofo e macio.

BEKKY E SUA CORRENTE

Qual é o seu objeto?
Bekky: Uma corrente de ouro que era da minha mãe.

Como ela ficou com você?
Minha mãe morreu quando eu era adolescente. Achei a corrente na mesa de cabeceira dela e a uso todo dia até hoje.

Há quanto tempo você tem ela?
Uns oito anos agora.

Como uma lembrança da sua mãe?
Para mim, é legal sentir que estou carregando uma pequena parte dela comigo todo dia. Acho que, como estou usando essa corrente desde que minha mãe morreu, ela faz com que eu me sinta segura. Tenho que saber que ela está perto de mim sempre. Isso permite que eu ainda me sinta conectada a ela, mesmo que seja só um colar. Ela já virou parte de mim e eu estaria perdida sem a minha corrente.

KATE E SUA FERRADURA

O que é o seu objeto?
Kate: Uma ferradura enferrujada da "Birdie", uma potra cinza. Ela chamava Birdie porque parecia que estava voando quando saltava.

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Como você ficou com ela?
Essa ferradura deve ter caído ou sido descartada quando o tratador trocou as ferraduras dela. De qualquer maneira, era uma ferradura velha, então decidi guardar.

Há quanto tempo você tem ela?
Desde os nove, então 27 anos!

E por que você ainda guarda?
Porque a Birdie foi uma grande parte da minha vida. Cresci no interior — meu avô era um fazendeiro que rodava sua propriedade para ver os animais e as plantações; ele tinha cavalos, que ele adorava, e ele falava com eles. Eles eram personagens — seus amigos.

Minha mãe nos encorajava a montar assim que tínhamos idade suficiente para cuidar de nos mesmos e carregar um balde de água. Isso me frustrava quando eu era menor, mas aos sete vi que já conseguia carregar um. A Birdie virou o foco da minha vida pelos sete anos seguintes, até eu ficar maior que ela quanto tinha uns 14, infelizmente.

@Cbethell_Photo

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