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Oh, Click!

Geralmente chamam o Ricky de "o quarto Beastie Boy". Ele tira fotos desde o meio da década de 80 e planeja lançar um livro de fotografias em breve, a maioria das fotos é de rappers como Run-DMC, LL Cool J, Public Enemy e, claro, seus manos, os Beastie...

RICKY POWELL, Auto-retrato, 1993

entrevista por amy kellner Geralmente chamam o Ricky de "o quarto Beastie Boy". Você já ouviu falar dele, naquela rima: "Homeboy, throw in the towel/Your girl got dicked by Ricky Powell". Ele tira fotos desde o meio da década de 80 e planeja lançar um livro de fotografias em breve, a maioria das fotos é de rappers como Run-DMC, LL Cool J, Public Enemy e, claro, seus manos, os Beastie Boys. Ele também tem um programa na TV pública de Nova York que chama Rappin' With the Rickster e que, fora os programas pornô, é a coisa mais legal de assistir quando você tá chapado e de saco cheio (a menos que você esteja numa bad trip). No The Rickster você vê o apresentador e criador do programa, Ricky Powell, em seu apartamento com seu gato de estimação, fumando blunts, vagabundeando e conversando no Washington Square Park com rappers ou velhos malucos, ou dividindo goró com gente conectada com o Beastie Boys e o Sonic Youth. Às vezes ele coloca umas cenas de basquete ou pedaços de uns filmes esquisitos no meio. E na maioria das vezes é tudo gravado com uma lente olho de peixe. Essa é a marca registrada dele. Vice: Me conta como é um dia na vida do Rickster.
Ricky Powell: Putz. Isso é meio pessoal. Não, tô brincando. Eu tô trampando num serviço de delivery de bagulho, nada muito grande, só uma prestação de serviços meio hippie, e antes disso eu tava na turnê Lollapalooza com os Beasties. Estou flutuando, alternando. E o Rappin' With the Rickster?
Claro, eu faço o programa, tiro fotos também. Tô fazendo a minha viração. Escrevendo pra revista Vibe. Eu tenho uma coluna chamada "What's Up With That?". É sobre o quê?
Cara, são observações minhas, sabe? Sagacidades. Meio que tirando onda com as pessoas. Tipo, qualé de tal cara, qualé a de outro. Ou senão digo uns lances tipo: "Aí, os mendigos sem-teto deviam ser considerados por essa galera que pira em tênis vintage", porque são eles que você vê por aí com os Converse de veludo laranja e tal. Como foi o Lollapalooza?
Eu curti muito. Eu era o carregador de bagagens dos Beasties, mas eu tinha liberdade total pra ficar de rolê e fotografar o que eu quisesse. Tinham algumas bandas boas, como o Funkadelic. Foi um verão legal. O que tá pegando em Nova York agora?
Tá legal. Esse lance de camisetas tá estourando. Eu acabei de lançar minha primeira camiseta pela X-Large, é com um cachorro husky que eu costumava levar pra passear. É meio que um renascimento que tá acontecendo agora. A parada da Grand Royal tá rolando. Tá penetrando. Mas um monte de sem-vergonhas tá se mudando pra Nova York, se infiltrando. Esses lagartixas nova era tão se mudando pra Nova York e fazendo merda, e a cena tá se diluindo. Esses babacas nova era. Quando você começou a fazer o Rappin' With the Rickster?
Em agosto de 90. É um auge. Tá trazendo vida pras minhas fotografias. Eu tenho pessoas de todo tipo no programa, como a Sandra Bernhard ou uns doidões locais. Estou experimentando, saca. É divertido fazer o programa, eu fico bem louco e edito os programas de madrugada. Eu gosto de gravar os programas de rádio que tocam um som jazz funk e incorporar isso no meu programa, toco essas fitas em cima das minhas cenas. Tem muitas cenas com você curtindo com o seu gato.
Putaquipariu! Você assistiu o programa. Claro, mano!
É, eu amo ficar chapado com o meu gato. Você gosta de falar com uns velhos esquisitos.
É, os caras das antigas do Village. Eu tô preso no passado, cara. Saca, tem esses babacas nova era colando. Eu acabei de ver o Matthew Broderick, ele me ignorou na rua. Ele é um poser. A gente cresceu em Washington Square Park. Ele é um ano mais novo que eu. Ele é bem recluso, é mó cagão. Nós jogamos no mesmo time de softball, o Falcons, mas ele era ruinzão, então ficava no final do banco de reservas. Quer dizer, dane-se, eu quero mais é que se foda. Há quanto tempo você mora no West Village?
Eu cresci no SoHo e perto da Union Square. Morei na Charles Street entre West Fourth e Bleecker desde 91. Nos anos 60, meu quarteirão era só de famílias irlandesas malucas. Ainda é legal, mas tem uns caras metidos se mudando pra cá. Pessoas ricas são nojentas, tão numa onda meio japa, meio colegial. É muito comédia, cara. Uns posers fingindo que são daqui. É estranho, estranho demais. Mas tem umas celebridades legais que eu sempre vejo por aqui, tipo o Garrett Morris. Eu sempre vejo o Willem Dafoe saindo do supermercado. Você já teve tretas com gambés, por causa das suas atividades?
Se liga. Eu tinha acabado de voltar do Lollapalooza. Eu tava fazendo uma entrega pequena no SoHo e no caminho de volta pro West Vil cortei caminho pelo Washington Square Park. E você tá ligado, eu uso um boné de baseball e óculos roxos. Eu pareço meio suspeito e levo o bagulho na mochila da câmera. Aí tô eu lá no meio do parque e de repente o bicho pegou, bum, uma porrada de gambés à paisana começam a prender um monte de gente. E eu tava bem no meio daquela parada, pensando "fodeu", aí desci da minha bicicleta e atravessei a carnificina, nego sendo imobilizado, e passando ali no meio esperando ser imobilizado também, porque eu sei que pareço um entregador de fumo, saca, sou típico, e fui pro canto do parque onde todas as mamães estavam com os carrinhos de bebê, e sentei lá até que abrissem o parque de novo, 20 minutos depois. Uau, você deve ser encantado.
É, me lembrou de uma cena do Pequeno Grande Homem. Dustin Hoffman e o chefe índio, saca, eles passam através de uma bata-lha e ninguém toca neles porque o chefe índio faz uma parada mágica. Eu tava pensando nessa cena e fiquei muito agradecido de não ter sido pego. Eu tô levantando essa bola porque, depois que eu saí em turnê, eu meio que esqueci da minha malandragem de rua. Saca, eu voltei de uma vida glamorosa de turnê pra sujeira. É uma dicotomia interessante.

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MONGES TIBETANOS, backstage no Lollapalooza, Califórnia, 1994

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DONDI WHITE, o Leonardo da Vinci do Graffiti, SoHo, NYC

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BEASTIE BOYS, Miami Beach, verão de 1994

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SANDRA BERNHARD, Meatpacking District, NYC, 1994

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SOFIA COPPOLA, fora da loja da X-Large, NYC, 1993

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CYPRESS HILL, HOUSE OF PAIN, E OS BEASTIE BOYS, turnê Check Your Head, 1993