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Comunidades do RJ vivem terror ininterrupto

Confrontos entre policias e traficantes já contabilizam cinco crianças mortas desde o começo de 2017.
Pavão-Pavãozinho em 2016. Imagem: Agência Brasil.

Inúmeros tiroteios foram registrados no Rio de Janeiro nos últimos dias em decorrência de confrontos entre policiais militares e traficantes. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o número de homicídios aumentou para 2.329 nos cinco primeiros meses de 2017 em comparação ao ano passado. O policiamento também diminuiu devido ao corte de gastos no estado.

A onda de violência parece não ter tréguas para os moradores das comunidades cariocas, grande delas parte localizada na Zona Norte. Em abril último, três crianças foram mortas durante confrontos entre policiais e traficantes. Uma delas é Maria Eduarda Alves da Conceição de apenas 13 anos, morta na escola. Outra vítima, Paulo Henrique de Oliveira, 13, foi morto no Complexo do Alemão. Já Fernanda Adriana Caparica Pinheiro, 7, morreu quando brincava no terraço de casa no Complexo da Maré.

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O porteiro Fábio Franco de Alcântara, 38, foi morto a caminho de casa, localizada na comunidade Pavão-Pavãozinho no dia 28 de junho. Fábio foi morto após criminosos lançarem uma granada na porta de um bar na Rua Sá Ferreira, em Copacabana, durante um confronto com policiais militares.

Na sexta-feira passada (30), Claudinéia dos Santos Melo, que estava grávida, foi baleada a região de Duque de Caxias e seu filho, ainda no útero, foi atingido. Claudinéia foi levada ao hospital e teve que passar por uma cesariana de emergência. O seu filho, o bebê Artur, ficou paraplégico. O tiro também perfurou os pulmões do bebê, que teve que passar por duas cirurgias. Na última quinta (7), a mãe recebeu alta do hospital, já o filho permanece em estado gravíssimo. Um mês antes do caso de Claudineia, outra mulher grávida também foi atingida por uma bala perdida, desta em vez em Nova Iguaçu. Mariana Bulhões voltava de um exame no dia 1º de junho quando foi baleada. O bebê não sobreviveu.

Também no dia 30, Ana Cristina da Conceição de Oliveira de França, de 39 anos, e Marlene Maria da Conceição, de 76 anos foram mortas durante um tiroteio na Mangueira, zona norte da cidade. Em resposta à extrema violência, moradores incendiaram um ônibus.

Na terça-feira (4), a menina de 11 anos Vanessa Vitória dos Santos foi atingida na cabeça na comunidade Camarista Méier na porta de casa. A menina morreu durante uma operação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Segundo o pai de Vanessa, Leandro Monteiro de Matos, o tiro que matou sua filha partiu de um policial durante o confronto. Vanessa foi a quarta vítima de bala perdida em uma semana no RJ. Na mesma semana, uma adolescente foi baleada nas costas em Belford Roxo. A jovem passou por cirurgia e agora está em quadro estável.

No primeiro dia de julho,moradores da comunidade Pavão Pavãozinho contabilizaram sete horas de tiroteio. Os confrontos têm sido tão corriqueiros na cidade que um aplicativo foi criado para avisar as áreas que estão sob ataque para evitar que os moradores corram riscos ao chegar em casa. Funcionários de hospitais também passaram por treinamento para saber atender esse tipo de emergência.

Segundo o levantamento feito pelo Jornal Extra, a cada sete horas uma pessoa é vítima de bala perdida no Rio de Janeiro. As causas das mortes e confrontos têm sido apontadas pelos moradores de comunidades cariocas pela insegurança que as próprias UPPs trazem para áreas ocupadas por traficantes.

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