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Oficiais turcos dizem que assassinos sauditas mataram um jornalista dissidente

Jamal Khashoggi desapareceu após entrar na embaixada da Árabia Saudita na Turquia no último dia 2. Ele teria sido morto e esquartejado com uma serra de ossos.
Imagem da câmera de segurança mostrando Jamal Khashoggi entrando na embaixada saudita em 2 de outubro.

Um esquadrão de 15 assassinos desembarcou de dois aviões fretados na cidade turca de Istambul, na terça-feira (9), sob ordens do tribunal real saudita. Depois de se hospedarem em dois hotéis, os homens esperaram o jornalista e dissidente saudita Jamal Khashoggi entrar no consulado da Arábia Saudita, onde eles o mataram e esquartejaram com uma serra de ossos. Em seguida os assassinos fugiram do país, voando para o Cairo e depois Dubai.

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Esse é o relato chocante sobre o desaparecimento de Khashoggi dado por oficiais turcos ao New York Times e Washington Post na terça.

Um oficial, que comparou o incidente a uma cena de Pulp Fiction, disse que as autoridades turcas têm um vídeo do assassinato de Khashoggi.

A afirmação foi apoiada por Kemal Ozturk, colunista de um jornal pró-governo, que disse a uma rede de TV turca na terça: "Há um vídeo do momento em que ele foi morto."

As autoridades turcas chegaram no sábado à conclusão de que Khashoggi foi assassinado dentro da embaixada — quatro dias depois do desaparecimento — e informaram o presidente Recep Tayyip Erdogan de suas suspeitas no mesmo dia.

Erdogan teria ordenado a oficiais informarem os meios de comunicação sobre a morte, apesar de nenhum deles ter se pronunciado oficialmente e Erdogan não ter acusado publicamente Riade do assassinato.

Um crítico do regime saudita que vivia com medo de retaliação do príncipe coroado Mohammad bin Salman, Khashoggi desapareceu depois de entrar no consulado em 2 de outubro para buscar documentos para seu casamento próximo. Sua noiva, Hatice Cengiz, ficou esperando por ele fora do prédio, mas ele nunca mais saiu.

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz iemenita Tawakkol Karman segura uma foto do jornalista desaparecido Jamal Khashoggi, enquanto fala com a imprensa numa manifestação na frente do consulado saudita em 8 de outubro de 2018, Istambul. Foto: Ozan Kose/AFP/Getty Images

Uma estação de TV turca mostrou uma filmagem de câmeras de segurança de Khashoggi entrando na embaixada. Logo depois, uma van preta é vista saindo do consulado e indo para a casa do cônsul a 1,5 quilômetro de distância. O veículo então é estacionado na garagem.

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Mais filmagens exibidas na quarta-feira mostram 15 homens chegando ao aeroporto de Istambul, fazendo check in no hotel e deixando o país horas depois.

O jornal pró-Erdogan Sabah publicou imagens na quarta com os nomes do “esquadrão de assassinato”. Salah Muhammed Al-Tubaigy, um dos homens que tiveram o nome divulgado, é chefe de evidências forenses do Departamento de Segurança Geral saudita.

Bin Salman negou as alegações e oficiais do Reino Saudita chamaram as acusações de “infundadas”. Mas até agora o consulado se recusou a divulgar as filmagens das câmeras de segurança mostrando Khashoggi deixando o prédio.

Citando oficiais turcos anônimos, o Guardian informou na quarta-feira que a filmagem da câmera de segurança foi retirada do consulado e que a equipe turca tinha dito de surpresa para tirar folga no dia do desaparecimento de Khashoggi.

Erdogan exige que os sauditas provem que Khashoggi deixou a embaixada, como eles afirmam. O ministro de Relações Exteriores turco disse que vai fazer uma batida no consulado saudita como parte da investigação do desaparecimento.

A pressão está crescendo dentro da comunidade internacional para exigir uma explicação dos sauditas.

“Neste ponto, imploro ao presidente Trump e à primeira-dama Melania Trump para ajudar a chamar atenção para o desaparecimento de Jamal”, Cengiz escreveu numa coluna no Washington Post na quarta. “Também peço a Arábia Saudita, especialmente ao Rei Salman e ao príncipe Mohammed bin Salman, para mostrar o mesmo nível de sensibilidade e liberar as imagens das câmeras de segurança do consulado.”

Trump, cuja primeira viagem internacional como presidente foi para a Arábia Saudita, disse que ainda não falou com bin Salman, “mas vou em algum ponto”, ele disse a repórteres na terça.

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