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Um youtuber foi suspenso por vídeo em que matava feministas em 'Red Dead Redemption 2'

Mas parece que seu argumento convenceu o YouTube a devolver o canal.
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Imagem: Rockstar Games.

No começo da semana, escrevi sobre um vídeo que viralizou no YouTube em que um jogador de Red Dead Redemption 2 filmou uma parte do jogo na qual seu personagem matava uma sufragista, uma ativista do movimentos das mulheres que lutava pelo direito ao voto.

Ontem descobrimos que o YouTube não só removeu o vídeo de sua plataforma, mas deletou todo o canal de Shirrako, o usuário que postou o vídeo. Acessando o vídeo horas atrás, você veria a seguinte mensagem: “Esse vídeo não está mais disponível porque a conta do YouTube associada a ele foi rescindida”.

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Shirrako me disse por e-mail que não recebeu nenhum aviso do YouTube antes de seu canal ser tirado do ar. “Fui dormir com a certeza do canal no ar, acordei e o canal tinha sumido”, ele disse.

Shirrako me mostrou dois e-mails que recebeu do YouTube. Um deles é um “primeiro aviso” para o canal. O segundo o e-mail foi uma denúncia para revisão que acabou determinando que ele violava as Diretrizes de Comunidade do YouTube. O YouTube tem uma política de “três avisos”, resultando em alerta, suspensão e eventual rescisão.

“Se um vídeo tem conteúdo violento forte que parece ter sido postado para gerar choque, ou com desrespeito, ele tem menos chances de ser permitido no YouTube”, dizia o e-mail. “Não permitimos conteúdo pensado para incitar violência ou encorajar atividades perigosas.”

Um e-mail seguinte do YouTube para Shirrako afirma que a conta dele foi suspensa por violação repetida ou severa das Diretrizes de Comunidade e que Shirrako não podia mais acessar ou criar outra conta no YouTube.

“Depois da revisão, determinamos que a atividade na sua conta viola nossas Diretrizes de Comunidade, que afirmam que promoção ou apresentação de violência gratuita não é aceitável no nosso site”, dizia o segundo e-mail.

Shirrako me disse que discordou da decisão do YouTube e que “essa censura significa que todos os videogames adultos são uma violação das diretrizes da empresa".

“Quer dizer, você literalmente despedaça personagens em Mortal Kombat, então por que os vídeos desse jogo são permitidos e o que eu fiz é censurado?”, ele disse. “Não faz sentido, não importa o ângulo.”

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O argumento dele parece ter convencido o YouTube. O canal de Shirrako parece estar lentamente voltando ao ar. Ryan Wyatt, responsável pela área de games da companhia norte-americana, tuitou que a empresa tinha cometido um engano ao derrubar os vídeos de Shirrako. Wyatt estava respondendo a um youtuber popular da comunidade de videogames, Daniel Keem, que postou um vídeo em apoio a Shirrako e contra a decisão do YouTube de derrubar seus vídeos.

“As Diretrizes de Comunidade do YouTube proíbem, entre outras coisas, violência gratuita, nudez, atividades perigosas e ilegais, e discurso de ódio”, um porta-voz do YouTube disse a Motherboard por e-mail. “Formatos criativos como videogames podem ser difíceis de avaliar, mas quando o conteúdo cruza a linha e é denunciado, tomamos as ações necessárias.”

Hoje os vídeos polêmicos contra feministas continuam no ar, inclusive um em que o jogador amarra uma sufragista e a arrasta pelo chão até ser oferecida a um crocodilo.

Quando escrevi a matéria original, Shirrako disse que achava que estava claro que seu vídeo era uma brincadeira, mas considerando alguns comentários – que repetiam queixas do movimento dos homens ou claramente defendiam a violência contra feministas – parece que nem todo mundo viu a coisa assim. O mais perturbador no vídeo não é que o videogame permita que o jogador ataque uma mulher. Muitos jogos fazem isso. O mais preocupante é que ele encontrou um público raivoso que proclamava abertamente seu ódio por feministas nos comentários e em outras redes sociais.

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