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‘O que importa é que a polícia gosta de mim e eu gosto deles’

Demos um rolê com a Patty UPP por Jacarepaguá pra falar sobre liberdade sexual, amor, fetiches e descobrir qual o barato de trepar com “uns 5 ou 6 policiais por dia” por amor à causa.
Patty UPP Pattyficação

Patrícia Alvez já nem sabe mais com quantos policiais militares do Rio de Janeiro ela transou. Parou de contar depois dos mil. Numa única festa, varou a noite revezando 23 PMs; num dia normal, pega “uns cinco ou seis”. Diz que faz porque gosta, pois é dona do próprio corpo e também porque nunca se importou com o que os outros dizem. “Não gosto de foder sempre com a mesma pessoa”, simplifica.

A pernambucana de Garanhuns mudou-se para oRio de Janeiro oito anos atrás. De cara desenvolveu um fetiche por meganhas. Em abril, ficou famosa depois que um filme amador no qual aparecia fazendo sexo com policiais do Rio – aparentemente durante o horário de serviço – vazou na internet. Patrícia passou a ser chamada de Maria UPP, em referência à sigla das Unidades de Polícia Pacificadora.

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Com o vídeo correndo a rede mundial de computadores, o comando da PM abriu um processo interno de investigação enquanto as esposas enfurecidas de muitos agentes saíram reclamando publicamente.

Patrícia não negou a história. Só retificou uma coisa:preferia ser chamada de Patty UPP. Capitalizou a fama: virou capa de revista masculina e acabou de fazer seu primeiro filme pornô (Pattyficação) para a produtora Brasileirinhas.

Encontramos a moça numa tarde de terça-feira em Jacarepaguá. Matias Maxx, nosso fotógrafo, pegou um Citroën Picasso emprestado. Estávamos um pouco atrasados, presos no trânsito infernal da Zona Oeste. Desliguei meu celular para economizar bateria; quando liguei de novo, tinha uma dúzia de mensagens da Paty:“Oi”,“Estou aqui”, “Olá,”, “Oi.”.Assim que chegamos, ela pulou para dentro do carro. Seguimos na direção do Recreio. A ideia era tirar algumas fotos dela perto de cabines da polícia ou viaturas, pra compor a cena. Logo descobrimos que isso ficou inviável depois do escândalo.

Durante o percurso, Paty conversou com vários policiais pelo Whatsapp. De vez em quando, algum gambé ligava pra marcar encontro. O volume do celular dela era alto. Deu pra perceber a tristeza na voz de um deles depois que ela explicou que não o poderia encontrar naquela tarde. “Eu posso ligar só para conversar depois?”, ele perguntou conformado antes de desligar.

De repente achamos uma cabine da PM com uma viatura estacionada na frente e luzes ligadas. Pareceu um momento perfeito para as fotos. Matias parou,e eu desci com a Paty para conversar com os policiais. “De jeito nenhum,” gritou um deles. “Vocês precisam sair daqui agora”, advertiu. Eu não discuti.

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Vazamos, e um minuto depois o celular da Patty tocou. Deu pra ouvir uma voz brava do outro lado da linha. “Não. Tá bom. Entendi. Desculpa. Não, tudo OK”, ela respondeu. A voz do outro lado amansou. Paty falou: “Claro. Ótimo. Olha, 10h é muito cedo para mim. Podemos combinar depois?”. Ela tinha acabado de marcar um encontro com os mesmos policiais que nos puseram pra correr. Pedi que ela mantivesse o celular no modo silencioso por um tempo. Aí, finalmente, pudemos começar a conversar.

VICE: Você já ficou com quantos policiais?
Patrícia Alvez: Quando a história saiu no jornal eu já tinha saído com mais de mil. Então, agora deve ser muito mais. Só quero deixar bem claro aqui que a gente só sai nas folgas deles, não durante o trabalho.

Se um homem fica com mil mulheres como, por exemplo, o Renato Gaúcho, dizem que ele é um garanhão, que é legal. Mas quando uma mulher como você sai com mais de mil policiais, falam mal de você. Qual o problema que os outros têm com isso?
Acho puro preconceito contra as mulheres. Por que o homem pode, e a mulher, não? Mas eu não ligo para o que as outras pessoas falam de mim, não ligo se vão me xingar. Eu não ligo para nada. O que eu quero é viver a minha vida. Deixo bem claro que ninguém tem nada a ver com minha vida. Faço porque eu gosto e não me arrependo de nada. Eu amo os policiais. Virei musa deles. Defendo-os em tudo.

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Em um dia típico você fica com quantos policiais?
Depende. Às vezes fico com cinco ou seis.

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Hoje já ficou com um policial?
Ontem fiquei. Ontem fui a um motel com três.

E hoje você pretende ficar com alguns policiais depois dessa entrevista?
Pretendo. Eu gosto de satisfazer meus policias, entendeu? Eles ficam passando meu número de telefone uns para os outros. É só me ligar que eu vou nahora.

Qualé o maior número de caras com que você ficou de uma vez só?
Aconteceu numa festa da polícia. Eu sou ciumenta, então não pode ter outra garota, não (risos). A festa tem de ser só comigo. Então a gente foi a um sítio. Eles alugaram uma casa. Lá tinha 23 rapazes e eu dei para eles todos.

Demorou quantas horas?
Passei a noite inteira.

Não ficou…?
Não (risos). Já estou acostumada.

É importante para você que o policial seja bonito, ou basta ser policial?
Para mim, tanto faz. Eu gosto mesmo de policial.

As armas te dão tesão?
Sim. Eu acho bonito. Dão, sim.

Quero mostrar alguns desenhos para você de um artista chamado Tom of Finland. Ele era um gay que, como você, gostava muito das fardas e da polícia. A partir da década de 1940 ele começou a publicar esses desenhos em revistas underground. O que você acha desta imagem aqui, por exemplo?
Acho bonito. Eu gosto de todos os tipos da polícia. Este desenho aqui é sexy. A farda dele é muito bonita.

Você já viveu uma situação em que um policial se apaixonou por você?
Já. Eu disse a ele que, claro, a gente podia continuar saindo, mas não seria nada sério. Eu não quero me apaixonar, não quero ficar com ninguém agora. Só quero curtir minha vida.

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Como é que ele reagiu?
Ele sabe como eu sou (risos). Ele sabe que eu gosto de sair com um monte de homens. Sempre deixo isso bem claro. Todos os policiais sabem disso. Então, ele falou que era melhor a gente não se ver mais. Eu falei: “Tudo bem”.

Ele ficou triste?
Um pouquinho, mas claro que eu falei que a gente podia continuar com a amizade, que podíamos sair juntos, mas nada sério, nada de casar, nada disso. Eu gosto de ser livre. Eu gosto de curtir a minha vida. Gosto de sair com vários homens. Não quero compromisso com ninguém. Quem sabe mais para frente, daqui a alguns anos.

Quando uma pessoa só gosta de policiais, isso pode ser um fetiche. Você nunca pensou em nenhum outro tipo de fetiche, tipo, jogador de futebol, motorista de táxi ou outro tipo de pessoa fardada, como militar ou bombeiro?
Eu acho bonita a farda do bombeiro e a dos militares, mas não me chama a atenção. Eu não sei como explicar, mas a farda da polícia tem algo a mais, as armas, as algemas … Então, nada contra as outras instituições. Até acho bonito, eles merecem todo respeito, mas os policiais - e eu tô falando de forma geral -, eu amo aquela farda. Eu fiquei famosa por sair com os policiais das UPPs, então quando saiu na mídia, todos na instituição gostaram. “Nossa, essa menina gosta da polícia.” Virei musa deles, posei para revista, fiz um filme e passei a ser admirada por todos eles.

O que você acha de ser odiada pelas esposas e namoradas dos policiais?
Só lamento. Não tenho nada a declarar, não. Eles não são obrigados a sair comigo. Eu não obrigo ninguém a fazer nada. Eles saem comigo por livre e espontânea vontade, então elas precisam entender isso; afinal, eu não forço ninguém a nada. Eles me querem. E se eles me querem, por que não? Eu gosto, sou mulher, é claro que vou atendê-los. Eu nunca disse nada como: “Eu te quero, mas você tem de largar sua mulher”.Eu não quero nada deles. Eu não quero dinheiro, não quero que eles se separem das mulheres deles, não quero nada: apenas quero sexo. Só isso.

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Algumas se apaixonam logo que começam a fazer amor com um cara. Como que você evita se apaixonar quando fica com esse pessoal todo?
Eu não me apaixono. Não sei como explicar o porquê. Eu gosto da amizade, do carinho, do respeito. Mas não me apaixono.

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Você já teve um namorado sério?
Não. Nunca namorei.

Por quê?
Para namorar, na minha opinião, é preciso gostar muito de uma pessoa. Ainda não gosto de ninguém assim. Então, prefiro ficar sozinha e livre.

Você já pensou em ficar com mulher policial?
Eu já recebi propostas. Eu acho que elas são bonitas e interessantes. Acho as policiais lindas, mas meu negócio é sair com homem.

Você tem amigas casadas? O que acha do casamento?
Eu não quero casar. Sou muito nova, quero curtir minha vida. Eu não me vejo casada. Não me vejo sendo dona de casa.

Tem uma pedagoga chamada Jaqueline Conceição que escreveu alguns materiais sobre mulheres e poder no mundo do funk. Ela diz que uma mensagem importante de algumas cantoras de funk é: “Eu faço o que eu quero com o meu corpo”. Mas quando você começa um relacionamento sério com um cara, parece que ele quer ser dono do seu corpo. Ele acha que seu corpo pertence a ele. Você acha que isso é um dos problemas de ficar num relacionamento?
Eu acho isso, sim. Se eu ficar com uma pessoa, ele precisa me aceitar do jeito que eu sou. Eu gosto de ser livre. A pessoa pode sair com quem ela quiser e eu sair com quem eu quiser também. Eu não vejo problema nenhum com isso. Comigo só funciona assim. Eu não me vejo só com uma pessoa, não. Isso enjoa. Fico só fodendo com a mesma pessoa, não. Eu gosto de variar.

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Você não pode variar com a mesma pessoa, fazendo coisas diferentes?
Não (risos).

Por que você gosta de variedade?
Eu não gosto de comer só arroz e feijão. Gosto de parceiros diferentes. Assim funciona para mim.

Mas, se você gosta de variedade, por que só fica com policiais? Qual a diferença se são um ou mil? Eles todos têm exatamente o mesmo visual.
Não é a mesma coisa, porque cada um deles é diferente.

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Como sua vida mudou depois que esse escândalo começou a sair na mídia?
No início ficou muito difícil. Fui colocada para fora de casa. Quem me ajudou foram alguns policiais. Mas agora melhorou. Eu fiz um filme, posei para revista. Então agora estou bem.

Ainda fala com sua família?
Não tenho muito contato, não.

Como que você se sente quando pensa que sua família não gosta do que você faz?
Eu sou maior de idade. Eu escolhi esse caminho. Eu escolhi fazer isso com a minha vida. Então eu não ligo muito, não.

Se você tivesse uma irmã que quisesse fazer o que você faz, você iria encorajá-la?
Não. Cada um faz o que quiser da vida. Eu não aconselho ninguém a fazer isso. Eu fiz, porque é a minha vida e eu gosto. Assim que eu comecei a sair na mídia, algumas pessoas me paravam na rua. Uma mulher me falou: “Você é um mau exemplo para as mulheres”. Ela deu a opinião dela e eu tive o direito de dar a minha. Eu disse: “Gente, eu não aconselho ninguém a fazer nada. Cada um tem a sua vida. Eu sigo o caminho que eu quiser”. Eu sou feliz assim. Então eu não quero ser exemplo para ninguém. Gosto mesmo do que eu faço e não tenho vergonha de falar nada. Amo a polícia, os adoro. Tem pessoas que não entendem isso, que ficam com preconceito. Às vezes sou até xingada na rua. Mas eu levo no positivo, nem ligo. Eu falo: “Gente! Sou livre! A gente mora em um país livre!”.Eu não tenho uma cruz, não sou casada, não tenho filho, não tenho nada. Então o que eu faço ou deixo de fazer é um problema meu. Ninguém tem nada a ver com isso. Foi uma escolha que eu fiz e não me arrependo de nada, faria tudo de novo. O que importa é que a polícia gosta de mim e eu gosto deles.

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Você faz academia?
Não. A atividade física que eu faço é boa. Recomendo para todo mundo (risos).

Quando o negócio todo bombou, alguns meses atrás, alguns policiais quiseram pagar para você fazer implante de silicone e você recusou.
Eu sempre deixei bem claro que sou magrinha. Eu gosto do meu peito assim. Eu gosto do meu peito pequeno. Silicone fica um pouco falso. Não pretendo colocar, não. Estou feliz e gosto do meu corpo. Não quero mudar nada.

Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, falou que quando fez alguns filmes pornôs era impossível gozar, porque havia muitas pessoas chatas dirigindo a gravação: “Faz isso, faz aquilo”. Como foi pra você a sensação de fazer um filme pornô?
Foi uma experiência boa. Foi uma experiência que vai ficar marcada para toda a minha vida. Eles são atores.

Isso foi a primeira coisa que eu pensei quando vi o filme: esses caras não são policiais. Então como pode gostar?
Não, calma (risos). Foi um trabalho. Transar com policial é diferente, eles não são atores. Mas foi bom, foi uma experiência boa. Gostei. Só que, com polícia, eu sinto muito prazer. E eu dou prazer para eles, e eles me dão em troca. Não é só sexo. Gosto de ficar com as pessoas, gosto de conversar. As pessoas me perguntam na rua: “Você só sai com policial por caso do sexo?”. Eu falo: “Não, gente, o policial, em si, é uma pessoa normal. Quando ele tira a farda, ele é um cidadão normal que precisa de carinho, respeito, amizade, tudo isso. Não é só o sexo”. Eu tenho muita admiração por eles. Pra ser policial aqui no Rio ou em qualquer outro lugar, precisa ter muita coragem.

Mas você não acha que cada vez tem um escândalo maior envolvendo a polícia, como algumas semanas atrás, quando alguns policiais foram gravados matando crianças de 14 anos? Você não sente, quando toca no cara, que ele pode ser corrupto, assassino, miliciano? Ou isso te dá mais tesão?
Eu não quero saber nada sobre o que eles fazem, não quero saber. Eu só gosto de namorar, de ficar junto. Então eu não pergunto nada sobre a vida deles e sobre o que eles fazem. Nada disso me interessa.

É raro ouvir uma mulher, em nossa sociedade machista, falar com orgulho sobre ficar com tantos homens. Você acha que tem muitas mulheres pensando como você, mas sem coragem de fazer o que você faz?
Eu acho que sim, só que muitas delas não têm coragem, ficam com medo da sociedade, com medo do que as pessoas vão falar. Mas cada um faz o que quiser da vida. Eu não sou exemplo para ninguém, nem quero ser. Eu sou eu, entendeu? Essa é a vida que eu escolhi. Cada um que siga a sua.

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Você está feliz?
Sou, sou feliz. Muito.

Você já pensou em virar policial? Imagina você estudando para a prova com a ajuda de todo esse povo. Seria como outro filme pornô.
Isso é muito bom (risos). É interessante, mas eu não pretendo ser policial. Eu gosto de sair com policiais. Iria perder a graça. Prefiro do jeito que está.

Nota: nenhum PM foi ferido durante a realização desta entrevista.