Depois do Terremoto: um Levantamento das Ruínas de Christchurch, Nova Zelândia

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Depois do Terremoto: um Levantamento das Ruínas de Christchurch, Nova Zelândia

Fotos de Sabin Holloway da zona proibida, afetada pelo terremoto de 2011, onde mesmo os donos de negócios e propriedades locais não podiam entrar na área.

Logo depois do terremoto de fevereiro de 2011, que matou 185 pessoas e praticamente destruiu o centro comercial de Christchurch, o governo neozelandês fechou o centro da cidade. Vigiado pelo Exército e pela polícia da Nova Zelândia, e mais tarde por trabalhadores de ajuda humanitária internacional, mesmo os donos de negócios e propriedades locais não podiam entrar na área.

Apesar disso, o conhecido fotógrafo de Christchurch Sabin Holloway teve acesso ao local. Nesta semana, ele abriu uma exposição com impressões em tamanho grande das fotos que tirou dentro da zona proibida. É a primeira vez que essas imagens são vistas pelo público.

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VICE: Oi, Sabin. Por que você guardou essas imagens por tanto tempo?
Sabin Holloway: Isso ainda era algo muito recente para mim e para muitas pessoas que passaram pelo terremoto. O centro comercial era meu playground. Morei e trabalhei ali, eu me divertia ali e conhecia o lugar como a palma da minha mão. Quando pude entrar na zona proibida, o local estava num silêncio mortal – assustador até. Entrar num lugar que costumava ser cheio de barulho e atividade para o encontrar silencioso e deserto era como estar embaixo d'água. Era surreal – por isso, chamei a exposição de Deep Water.

Houve um processo envolvido para fotografar o rescaldo?
Não realmente. Sou fotógrafo profissional e diretor de fotografia; então, uso algum tipo de ordem ou processo todo dia na minha vida profissional. Mas algo assim é tão esmagador que você só pode fazer por instinto. Era destruição em grande escala; logo, me certifiquei de documentar todo o centro. Tudo isso a pé, andando pelo lugar.

Ter acesso a uma cidade destruída, guardada pelo Exército e pela polícia, deve ter sido uma experiência única. Fale mais sobre isso.
Sim, foi horrível para quem não podia entrar. Fiz o possível para ajudar meus amigos. Pessoas que tinham negócios ou apartamentos não puderam voltar para buscar nada. Havia hard drives com todas as informações das pessoas: registros fiscais, títulos de propriedade, registros financeiros. Salvei o que pude e ajudei como pude.

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Quantas impressões você fez?
Imprimi nove imagens em escala grande. As fotos precisavam ser em larga escala para transmitir a vastidão do evento. As imagens estão em exposição na The Tannery, um grande espaço em estilo art déco que foi o primeiro prédio comercial reconstruído depois do terremoto. A exposição vai até 4 de setembro, que é o aniversário de cinco anos do primeiro terremoto.

O que vai acontecer com o resto das fotos depois da exposição?
Não sei. Acho que esse é um registro único porque poucos fotógrafos tiveram acesso.

Coloquei tudo em arquivos digitais. Nunca tive pressa para ver os resultados – e acho que ainda não tenho. Mas é legal ter um grande corpo de trabalho armazenado num lugar seguro. Talvez as imagens ganhem significado com o tempo.

Deep Water fica em exibição na The Tannery, 3 Garlands Road, Woolston, em Christchurch, Nova Zelândia, até 4 de setembro.

Entrevista por Grant Bryant.

Tradução: Marina Schnoor