​A Descoberta do Pterossauro Brasileiro e o Renascimento dos Répteis Voadores
Pterodactyllus antiquus. Crédito: Nobu Tamura.

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​A Descoberta do Pterossauro Brasileiro e o Renascimento dos Répteis Voadores

O mundo dos pterossauros está apenas começando a ser descoberto.

Caso você não tenha ouvido, tá rolando um "Renascimento do Pterossauro", o que significa que é uma boa hora para curtir esses répteis voadores antigos. Mais recentemente, paleontologistas brasileiros anunciaram a descoberta de uma nova espécie de pterossauro chamada Caiuajara dobruskii.

Cerca de 50 indivíduos da nova espécie foram encontrados, de todas as idades. Baseado na morfologia comparativa de jovens e adultos, a equipe brasileira indica que essa espécie em particular era muito socializada e ensinava os pequenos pterossauros a voar muito jovens. A crista na cabeça do Caiuajara dobruskii também se descobriu que era muito diferente da dos outros membros da sua linhagem, com um formato de vela bem entre os olhos do animal. Os rastros históricos do réptil voador foram encontrados no Paraná, mais especificamente em Cruzeiro do Oeste.

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A descoberta do Caiuajara é tão original, que ela é o último capítulo daquilo que alguns cientistas chamam de "renascimento do pterossauro". Desde o fim dos anos 80, as descobertas de novas espécies de pterossauro se aceleraram e achados novos pipocaram nos últimos anos.

O fenômeno poderia ser melhor descrito como um renascimento patológico geral, uma vez que as técnicas de busca e escavação de fósseis melhoraram drasticamente nos últimos 20 anos. Como disse o paleontólogo Steve Brusatte ao Motherboard há algumas semanas, "as pessoas então achando novas espécies de dinossauros por aí pelo mundo uma vez por semana agora".

Pterossauros tinham ossos bem mais leves e frágeis do que seus outros companheiros dinossauros, então comparativamente, eles são ainda mais raros de se achar. Mas duas novas regiões, no Brasil e na China, foram descobertas nas últimas duas décadas e elevaram o estudo sobre esses voadores mesozoicos a um nível mais alto.

"Esses novos lugares abriram um novo capítulo na pesquisa sobre pterossauros, por causa da imensa diversidade e número de pterossauros descobertos", disse Mark Norell, que foi curador da exposição Pterossauros: Um Voo na Era dos Dinossauros, do Museu de História Natural dos EUA. "Bombou tanto em diversidade quanto no número de espécies."

A paleoarte de dinossauros é bem legal por si só, mas o nicho focado nos primos que voam dos dinossauros é ainda mais animal. É só uma questão de tempo até termos um livro de desenhos de pterossauros feito no estilo de Pássaros da América, do Audubon, para exemplificar a beleza e a diversidade desses aviadores já mortos.

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Mas até lá, aqui está a segunda melhor coisa: um monte de artistas talentosos já rabiscou as espécies mais bizarras e majestosas de pterossauros já descobertas e fixou no registro de fósseis. Veja tudo isso aqui como seu lugar na primeira fila para o Renascimento do Pterossauro.

Pterossauros são popularmente chamados de pterodáctilo, mas o Pterodactyllus antiquus foi a primeira espécie do grupo a ser descoberta.

O gênero Pterodaustro de pterossauro foi provavelmente o nicho dos alimentadores, julgando pelos milhares de dentes eriçados bizarros.

Os recursos impressionantes do crânio do Nyctosaurus gracilis instigou os cientistas por mais de cem anos. A interpretação acima retrata a estrutura como um chifre pra cima, mas é possível que o animal tenha usado como um andaime para uma crista em formato de vela, como na imagem abaixo. Pterossauros tinham crânios muito loucos, na real.

Nyctosaurus: o feiticeiro dos céus Cretáceos.

O Quetzalcoatlus northropi foi o maior animal que já voou. Com uma asa de quase 12 metros, esse pterossauro gigante era do tamanho de uma girafa quando pousava. A maioria dos pterossauros tinham que se contentar com uma dieta de pequenos peixes, insetos ou carniça, mas Quetzalcoatlus northropi poderia jantar pequenos dinossauros, como o bebê Saurópode na imagem. Que azar, filhote.

O Thalassodromeus era um parente próximo do Quetzalcoatlus northropi, mas em vez de comer adoráveis bebês dinossauros, ele se especializou em tirar nata da superfície da comida do oceano.

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O Nemicolopterus crypticus é um dos menores pterossauros já descobertos, com uma asa de apenas 25cm.

Os fósseis de Pteranodon são os mais abundantes de todos os pterossauros, com uma coleção de milhares de espécies. Havia muita diversidade de tamanho dentro do grupo, com os maiores membros tendo asas de 6 metros.

Os pterossauros evoluíram com todos os tipos assustadores de chifres no crânio, mas poucos são tão distintos quanto do Europejara olcadesorum, uma espécie descoberta em 2012. O animal é tanto o mais velho do gênero quanto o mais velho pterossauro já encontrado sem dentes. Tinha uma asa de pelo menos 1,8 metro.

O Eudimorphodon tinha um sorriso louco, bastante perspicaz, com dentes salientes. As presas provavelmente eram usadas para pegar e espetar peixes e inspirar pesadelos em criancinhas séculos depois.

Essa representação do pequeno pterossauro Jeholopterus ninchengensis é caricaturada, mas capta o quão único seu crânio era quando comparado a outros pterossauros. A face arredondada típica de um morcego instigou paleontólogos desde que o único espécime foi encontrado em 2002. Alguns acreditam que o animal tinha um engodo na testa como um pescador e outros especulam que ele era um vampiro que poderia sugar sangue de outros dinossauros. Até outras espécies serem descobertas, questões sobre os recursos esquisitos do Jeholopterus devem persistir.

Em 2011, paleontólogos descobriram um osso maxilar gigante de 80 milhões de anos de um bípede que foi batizado como Samrukia nessovi. Desde então, um debate tem surgido sobre qual é a origem desses animais – pássaros ou pterossauros. Se for o caso da segunda opção, o Samrukia seria o primeiro pterossauro que não voava a ser descoberto. Se pássaros como avestruzes e pinguins conseguem adaptar sua habilidades de voo para outras coisas, por que não os pterossauros?

É uma tese interessante, que mostra que as pesquisas sobre o assunto apenas começaram no mundo dos pterossauros.

Tradução: Letícia Naísa