Sem esperança: mais uma vez o fogo destruiu uma comunidade em SP
Um morador entre os escombros da ocupação Esperança, em Osasco. Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

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Sem esperança: mais uma vez o fogo destruiu uma comunidade em SP

Dessa vez, foi a ocupação Esperança, em Osasco.

Colaborou André Lucas

"Era um dia normal. A gente tava assistindo televisão e, de repente, começaram a gritar 'fogo, fogo, fogo'", relembra Valmir, morador da ocupação Esperança, em Osasco, região metropolitana de São Paulo, que foi acometida por um incêndio de grande proporção na última terça (13).

Dos cerca de 500 barracos, 300 foram aniquilados pelas chamas, afirma o morador. Três pessoas ficaram com ferimentos leve. Entre elas, Valdir, que, diante do desespero para amenizar o incidente, retirou pessoas, botijões de gás e cães de dentro dos barracos. "Me queimei, me machuquei, mas graças a Deus tá todo mundo vivo."

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Um felino que sobreviveu ao fogo. Foto: André Lucas/ C.H.O.C. Documental

Antes da chegada dos bombeiros, os próprios moradores da ocupação se mobilizaram para tentar apagar o fogo – sem muito sucesso –, que só foi controlado às 23h30 do mesmo dia.

Objeto de disputa na justiça, o terreno no qual a comunidade se instalou era privado e abrigava famílias do Movimento Luta Popular.

No último dia 6, a prefeitura decretou a desapropriação da área por interesse social. Os moradores estavam empolgados com a decisão, já que poderiam permanecer no local e financiar moradias através do programa Minha Casa, Minha Vida. Três dias depois, aconteceu o incêndio. "Fogo, do nada? Fogo não pega do nada", questiona Valmir.

Moradores carregam os pertences que conseguiram salvar após o incêndio. Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Algumas famílias conseguiram recuperar parte de seus pertences, como o morador Adeílson de Souza. "Mas perdi documentos", lamenta. Várias delas perderam absolutamente tudo.

Em nota, a Defesa Civil publicou que 250 barracos foram totalmente destruídos, culminando em aproximadamente mil pessoas entre desalojados e desabrigados. "Parte das pessoas foram acolhidas por parentes e o restante foram acomodadas no Ginásio Municipal Jardim Baronesa", declarou a assessoria de imprensa.

O morador Valmir afirma que o incêndio não encerrou a história da ocupação. "Não vamos sair, não, mano. Vamos pra luta, vamos erguer tudo de novo. Quem quiser tirar a gente daqui vai ter que tentar, mas não vamos sair, não."

Veja mais imagens do fotógrafo André Lucas, do C.H.O.C Documental, abaixo e também na página do coletivo no Facebook.

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Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

Foto: André Lucas/ C.H.O.C Documental

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