Fui no Show da Corona pra Explicar o Rolê Flashback do Grande ABC
Carolina Zaine

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Música

Fui no Show da Corona pra Explicar o Rolê Flashback do Grande ABC

A volta da diva de “Rhythm of the Night” mostrou que o melhor revival dos anos 70, 80 e 90 acontece fora da capital de São Paulo.

Ela, a diva, Corona. Foto por Carolina Zaine

É difícil explicar pra quem é da capital paulista e arredores o que é o chamado "rolê do ABC". Mas vamos lá. Pra começar é preciso explicar pelo menos três vezes que Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e congêneres não são cidades do interior do estado. É por isso que elas integram a chamada grande São Paulo. Anotou? Então é chegada a hora de contar como funciona a noite por essas bandas. Isso porque os habitués simplesmente sabem quem é quem nesse rolê, é só olhar o jeito que se comporta, como dança, com quem conversa. E foi nessa toada que no último sábado, dia 15, colamos no show da cantora brasileira Olga de Souza, mais conhecida como Corona, no Espaço Anchieta, em São Bernardo do Campo, para entender qual é a cena flashback dessa zona. E vou te contar, foi uma das noites mais engraçadas que já vivi.

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No caminho para o lugar passei pela famosa Rua Figueiras, onde se concentram os principais bares de Santo André, e o taxista lançou: "Aqui é tipo a Vila Madalena do ABC, né?". Quase isso. Chegando no espaço, um casarão bem massa com um estacionamento grande, eu e a fotógrafofa Carolina Zaine fomos recebidas por dois stormtroopers que posavam para as fotos com a galera. Então, o que dizer desse rolê no qual eu mal colei e já considero pacas?

[vidme src='//vid.me/e/8QM9' width='622' height='360']Foto por Carolina Zaine

Entrando no casarão dava pra ver de tudo: gente muito jovem, meia idade ou bem mais velha mexendo o bumbum com os DJs de abertura enquanto enchiam a lata, comiam espetinhos e assistiam aqueles mesmos stormtroopers da entrada engajados na coreografia de "Staying Alive" do Bee Gees. Mas o impacto maior da chegada se deu mesmo ao ver a galera mandando passinhos que uma companhia de dança fazia em peso no meio da pista.

[vidme src='//vid.me/e/LcWj' width='622' height='360']Foto por Carolina Zaine

De cara, já bati um papo com a Susana Cristina Oliveira, educadora física e participa do grupo Na Pegada do Flash, responsável pelas dancinhas. "A gente dança em várias festas, tem os ensaios e na balada a gente normalmente faz os passinhos que treinamos nesses ensaios", me disse ela. E o lance é que como eles vão em muita festa de flashback, a galera que não conhece a performance tenta pegar o bonde andando e imita as coreografias, transformando tudo num grande flash mob.

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Conversando com a galera na festa, percebi que muita gente não conhecia a Corona, pelo menos não pelo nome. Uma das maiores One Hit Wonders (ou two, porque lembrei nessa mesma noite que ela também canta "Baby, Baby") dos anos 90, a cantora e seu grupo estourou em 1993 com "Rhythm of the Night" (Jesus humilha o satanás? Rei do Camarote?), quando ela ainda morava na Itália. Hoje, de volta ao Brasil, a diva lançou um novo disco (sem nome), que tem como primeiro single a faixa "Queen of Town", e quer conquistar o público daqui inclusive desbravando novas sonoridades. Isso porque do erodance, Corona migrou para electro dance.

A esteticista Sandra Endo e o frequentador assíduo de festas flashback Marcio de Almeida Silva Xavier não lembravam que a Corona era a responsável por uma das músicas mais icônicas da década de 90, mas isso não importava muito. A graça é o tema da festa. Sandra saiu de Ribeirão Preto pra dançar h-o-r-r-o-r-e-s e Marcio disse que queria mesmo tirar uma foto com a Corona naquela noite, e não é que o homem conseguiu mais do que isso: na hora do show, a moça o chamou no palco para participar de uma competição de dança que ele, uhu, ganhou.

Por sinal, eita apresentação animada, viu. Até uma distinta senhora de 72 anos quebrou tudo e mostrou como se faz uma dancinha ao lado da cantora. Rolou até um cover de "I Will Always Love You" no meio do show e, como não poderia deixar de ser, "Rhythm of the Night" fechou a noite com chave de ouro e com direito a Corona cantando no meio do público ("vou descer pra vocês tirarem mais fotos!").

Monalisa Jacob e o músico Enrico Rivero Mateo sentem falta dessa temática em São Paulo. Jacob mandou o recado: "Hoje em dia, a vida noturna é muito agitada, mas o tipo de música apresentada não é um tipo que a gente curte tanto quanto aqueles sons dos anos 80 e 90, e essa época ficou muito marcada, todo mundo tem alguma história pra contar". Mateo costuma tocar com sua banda em bares e festas e acredita que o negócio é colar aqui e deixar o ritmo da noite comandar, porque "o ABC vem resgatando essa cena dos anos 80 e 90". Seja em São Bernardo ou Diadema, o rolê do ABC é certo.

Jacqueline Elise não está de trairagem e é nossa repórter (cheia) de estilo, siga a moça no Instagram - @jacelise