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Música

O Omulu É a Cara do (Novo) Brasil

Conversamos com o produtor carioca que está reciclando a eletrônica ao explorar batidas regionais e é atração do fim de semana no Skol Beats Factory.

Antonio Antmaper, produtor carioca que se apresenta sob o codinome Omulu, vem se destacando entre os artistas do filão global bass ao promover uma espécie de renovação dos ritmos que são a cara do Brasil com outros elementos colhidos das cenas dançantes locais ao redor do mundo. E nesses experimentos entram desde o batidão ao reggaeton, passando pelo axé e toques de atabaque do candomblé. Ele pintou na cena há uns anos, ganhando destaque como criador do chamado "brega bass", termo que o próprio inventou para definir o tipo de som que produzia, uma mescla de tecnobrega com samples e beats graves da eletrônica. Porém foi caminhando em direção ao funk carioca que a coisa decolou.

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O mashup "Diplo Piranha", de sua autoria, entrou para o set list da maior aparelhagem de Belém do Pará, a Águia de Fogo, comandada pelos DJs Elison e Juninho, e ele botou pra quebrar também na parceria com o norte-americano Comrade, a faixa "Bagulho Doido". Atualmente, Omulu vem investindo na rasterinha, uma variação do funk carioca levada a batidas mais na manha. É dele a missão de esquentar a pista do Beats Lounge na domingueira do dia 29/6, na estreia da festa Illuminight, ao lado dos DJs Dago Donato, Fil e Rodrigo Guarizo.

Trocamos uma ideia com ele pra sacar o que anda preparando de novidade e como será sua apresentação no Skol Beats Factory. Chega mais:

THUMP: Bem, você vem se destacando como um dos nomes mais promissores do global bass. O que te atraiu para essa repaginação dos ritmos nacionais mesclados a batidas eletrônicas? Antes de investir nessa linha, você já havia trabalhado outras vertentes, como o techno?
Omulu: No final da década de 90, ainda adolescente, eu produzia umas faixas inspiradas em Detroit e minimal techno, no meu Pentium 100, usando uns programinhas pré-historicos chamados Rebirth e Fast Tracker. Sempre curti as montagens do funk e, naturalmente, misturava alguns elementos de música brasileira nas minhas produções. Fiquei dez anos sem produzir, na correria maluca das start-ups de tecnologia, mas agora tô de volta.

Você acha que o futuro da eletrônica aponta para esse lado de absorver as batidas de culturas locais aos beats do electro? Depois de se aventurar na rasteirinha, o que mais há de interessante musicalmente na cultura brasileira com que você gostaria de experimentar?
Na real acho que as culturas locais é que estão absorvendo a eletrônica, principalmente por ser uma maneira cada vez mais acessível e barata de se produzir música. Tenho pesquisado bastante os ritmos afro-brasileiros, tô fazendo uns beats de funk mais macumbados, inspirados no tamborzão, só que com outros samples, tipo o "Bed Squeak" que a galera usa no Jersey Club. Também tenho acompanhado uma galera do Rio produzindo axé swing na MPC e usando uns pontos de funk. A mistura tá bem doida.

Como é a repercussão do seu trabalho no exterior, você tem um feedback disso, após a parceria com o DJ Comrade?
O Diplo e o Branko, do Buraka Som Sistema, são alguns dos DJs gringos que têm tocado nossas tracks em gigs e nas rádios. Acho que o lance da Copa do Mundo inevitavelmente tem chamado mais atenção para os sons daqui.

No que você está trabalhando atualmente? Tem alguma novidade, produção/tour/lançamento, para adiantar para os nossos leitores?
Acabei de finalizar um remix com o Bonde do Rolê e eu e Comrade vamos lançar em breve um projeto que mistura baile funk e Jersey club (o Comrade nasceu em Jersey). Já tenho tocado um remix de "Glamurosa" do DJ Marcinho, desse projeto. Nos próximos meses, além do Rio e São Paulo, toco em Brasília, Belo Horizonte e Montevidéu.

Como andam os trabalhos com o Jambú Music?
O Jambú Music foi criado para ser um selo de música paraense. Tô transformando ele num selo que possa abrigar outros sons dançantes do Brasil. A primeira compilação deve ser de funk, trazendo os produtores revelação da periferia.

O que você tem na cabeça para apresentar na festa Illuminight que vai rolar no Skol Beats Factory? Qual vai ser a pegada do set?
Como vou abrir a pista, acho que vou tocar bastante rasteirinha, zouk bass, punjabi e baile twerk.