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Fumar narguilé é péssimo pra sua saúde

E a última novidade nesse mercado pode piorar ainda mais as coisas.

Esta matéria foi originalmente publicada no Tonic .

Hoje, bares de narguilé são tão comuns quanto pizzarias em bairros universitários. Nos últimos anos, estudos descobriram que um em cada três estudantes norte-americanos usam os antigos cachimbos, e que o uso do narguilé entre universitárias está em ascensão.

Mas esses estudantes podem não entender completamente os efeitos colaterais em potencial do que estão inalando: Um estudo recente também descobriu que 27% dos universitários norte-americanos acreditavam que narguilés não contêm tabaco e 38% achavam que o que estavam fumando não continha nicotina (as duas suposições estão erradas). O CDC [Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA] alerta que fumar narguilé "não é uma alternativa segura a fumar cigarros", e que esse tipo de cachimbo "carrega os mesmos riscos". Eles apontaram, por exemplo, que uma sessão típica de narguilé envolve inalar cerca de 90 mil mililitros de fumaça, versus 500 a 600 mililitros que você inala fumando um cigarro. Isso fez pouco para impedir um número crescente de jovens de fumar tabaco aromatizado com seu círculo de amigos.

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Uma sessão típica de narguilé envolve inalar cerca de 90 mil mililitros de fumaça, versus 500 a 600 mililitros que você inala fumando um cigarro.

O aumento da popularidade dos narguilés criou um mercado para queimadores mais simples para os cachimbos, que tradicionalmente são acesos colocando pequenos pedaços de carvão quente perto de uma massa de tabaco. Um dos métodos envolve usar queimadores eletrônicos, que já são vendidos em tabacarias.

Ryan Saadawi, um estudante que está fazendo PhD em química pela Universidade de Cincinnati, queria saber se esses queimadores eletrônicos eram mais seguros e saudáveis que o carvão, que pode liberar arsênico, cádmio e outras toxinas a partir da sua queima. Saadawi, 30 anos, diz que se interessou em estudar os impactos dos narguilés na saúde depois de ouvir várias noções equivocadas sobre o assunto.

"Um amigo me disse para parar de fumar narguilé porque uma hora era igual a fumar cem cigarros", lembra Saadawi. Ele sabia que isso é ridículo ("fume cem cigarros numa hora e depois volte para me dizer se é a mesma coisa", ele respondeu), mas ficou interessado nos efeitos particulares do narguilé na saúde, e descobriu que não havia muita pesquisa sobre isso. "É o sonho de todo estudante", ele acrescenta, "descobrir um campo novo como esse".

Para o estudo, Saadawi comprou o carvão usado tipicamente para fumar narguilé. O carvão disponível comercialmente, ele diz, contém uma variedade de níveis tóxicos sem nenhuma informação no rótulo capaz de informar que marcas liberam mais ou menos toxinas. O pesquisador e seus colaboradores testaram amostras entre si e as dividiram nas categorias alta toxidade e baixa toxidade.

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Um disco eletrônico de narguilé, também conhecido como e-charcoal.

Saadawi também criou um narguilé improvisado com equipamento de laboratório, incluindo uma câmara com meio líquido, uma substância feita para sustentar células, para absorver as toxinas emitidas do tabaco de narguilé. Eles testaram o equipamento com carvão de alta toxidade, carvão de baixa toxidade e um queimador eletrônico, depois colocaram células de pulmão em placas de Petri cheias do meio que tinha passado pelo narguilé, para replicar os efeitos do fumo no pulmão.

O carvão de baixa toxidade matou 10% das células pulmonares depois de 24 horas. O carvão de alta toxidade matou 25%, mas o queimador eletrônico, ele ficou surpreso em descobrir, matou 80% das células pulmonares. (Vale mencionar que esses números podem parecer mais assustadores do que deveriam: células pulmonares numa placa de Petri são impactadas de maneiras diferentes que um pulmão vivo, diz Saadawi. Em outras palavras, fumar narguilé com um queimador eletrônico não vai matar 80% das células do seu pulmão, e os números — 10, 25 e 80% — são significativos apenas em comparação um com o outro.)

Saadawi diz que outro estudo terá que determinar o porquê isso acontece, mas ele tem uma teoria: Carvão, tão tóxico quanto é, queima o tabaco do narguilé lentamente, significando que a maioria das tragadas contêm muito dos adoçantes (melado, mel, glicerina) únicos do tabaco usado em narguilés. Os queimadores eletrônicos produzem um calor constante, queimando rapidamente os adoçantes e expondo o pulmão ao tabaco mais pesado e tóxico, como acontece com charutos ou cigarros. Essa é só uma teoria: mais pesquisas vão mostrar se ele está certo.

Ainda assim, o pesquisador ressalta que não há uma base forte suficiente de pesquisas com narguilé para informar sua hipótese, mas espera que isso mude. "Meu PhD está quase completo", ele diz. "Espero que outra pessoa continue investigando essa questão."

Fotos: Joseph Fuqua II / UC Creative Services

Tradução: Marina Schnoor

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