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O trampo desse cara é tirar fotos de maconha

Marcus Gary “Bubbleman” Richardson ganha a vida fotografando brotos de maconha e haxixe. Com mais de 20 anos de experiência, ele deixa muitas fotos de #weedporn por aí no chinelo.

Todas as fotos cortesia de Marcus Gary "Bubbleman" Richardson.

Marcus Gary “Bubbleman” Richardson ganha a vida fotografando brotos de maconha e haxixe. Apaixonado por cannabis desde a adolescência, Bubbleman passou a vida adulta inteira trabalhando na indústria semilegal de maconha do Canadá. Depois de se mudar para a Colúmbia Britânica nos anos 90, ele arranjou um trabalho no dispensário medicinal The BC Compassion Club, cultivando cannabis para pacientes terminais. Em 1999, ele e a esposa decidiram começar seu próprio negócio vendendo Bubble Bags – extratores de essência de planta usados para fazer bubble hash em casa – e ele precisava fotografar seus produtos para vender na internet. Assim começou sua paixão de mais de 20 anos (e trabalho informal) fazendo o tipo de fotos que deixa o pessoal médio do #weedporn no chinelo.

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Depois de fotografar as Bubble Bags e bongs de vidro feitos por amigos, Bubbleman “foi um pouco mais fundo, e com isso atraí pessoas que pensavam como eu. Essas pessoas queriam documentar as melhores cepas, mas também tinham mais visão”. Essas pessoas incluíam conhecidos defensores da liberação da maconha e publicações como High Times, National Geographic e Cannabis Now, que já publicaram as lindas fotos dele de brotos cobertos com gotinhas cristalinas de resina. Falei com Bubbleman sobre a vida como fotógrafo de cannabis, o que faz o trabalho dele se destacar no excesso de pornô de maconha que satura a internet, e como ele conseguiu tantos seguidores online e o respeito de alguns dos principais ativistas da maconha do Canadá.

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Abelha numa cepa Medi Kush. Foto por Bubbleman.

VICE: Como você se envolveu com fotografia de cannabis?

Marcus Gary “Bubbleman” Richardson: Comecei a Bubble Bags no final dos anos 90, a primeira vez que comprei uma câmera de alta resolução. Lembro de um amigo me dizendo “Você precisa ver esse site chamado OverGrow”. Registrei o nome Bubbleman e comecei fotografar minhas Bubble Bags, e claro que precisava de uma câmera para me envolver com as pessoas da comunidade. Acabei comprando uma pequena Sony Cybershot e por causa dela, pudemos realmente fotografar qualquer coisa e colocar na internet. Isso não tinha sido feito antes, acredite.

Como tirar fotos para a Bubble Bags evoluiu para trabalhar nas revistas e livros mais respeitados do mundo?

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Conheci um cara chamado Nick Zorro na casa do ativista de cannabis e autor Robert Connell Clark em Amsterdã, durante a Copa Cannabis do ano 2000. Zorro tinha uma revista lindíssima de cannabis chamada Red Eye que ele fazia em seu apartamento na época.

Chegando lá, eles tinham uma tigela com as 30 amostras de haxixe que estavam concorrendo. Fui dar uma olhada na tigela. Não olhei todas, mas vi uma e disse “Esta é a vencedora”. No final da Copa, aquela amostra ganhou mesmo, e o Nick me disse “Quero que você escreva para revista, quero promover a Bubble Bags, quero promover suas fotos, quero promover tudo que você faz”.

Trabalhar com o Nick me ajudou a levar meu trabalho para a Cannabis Culture, Skunk, Weed World e várias outras publicações. Também fotografei para a capa e o interior do livro Hashish de Robert Connell, além de ter trabalhos publicados em livros de Ed Rosenthal e Mel Frank.

Você prefere tirar fotos de haxixe ou de flores de cannabis?

Gosto de tudo. Fotografar brotos frescos é surreal, mas gosto de trabalhar com o que chamo de “aljava sem solvente” [uma mistura de três tipos de haxixe sem solvente – dry sift, bubblehash e rosin]. Poder trazer essas fotos para o mundo da cannabis tem sido uma honra, porque é algo que as pessoas nunca viram antes.

Que imagens se destacam da sua coleção?

Uma das fotos mais bonitas que tirei foi das cabeças de resina de cannabis isoladas [da planta]. Usando peneiras de diferentes tamanhos, isso basicamente cria a forma mais pura de fitocanabinóides não adulterados que já vi ou experimentei sem perder água solúvel. Sendo assim, aquele era basicamente o haxixe mais claro e puro conhecido pelo homem na época. Aquilo era o 99,99% original.

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Com uma variedade de fotos de cannabis postadas na internet o tempo todo, o que separa as imagens boas das ruins?

Como na Copa Cannabis, você tem dois grupos: os connoisseurs e as pessoas tipo “Gosto de maconha”. É a mesma coisa com fotografia. Posto fotos [nas redes sociais] porque quero compartilhar o que amo, e é a minha perspectiva que quero compartilhar. O exigência é menor para muitas pessoas porque elas não são fotógrafos profissionais. A opinião delas é tão válida quanto, mas como fotógrafo, é algo completamente diferente, tipo como um baixista ouve principalmente o tom mais baixo de um show, mas todo mundo assistindo ouve uma sinergia de todos os instrumentos.

O que faz as suas fotos se destacarem do resto?

O que acho que me diferencia é que muitos dos caras jovens tentam eliminar segurar ou tocar a câmera o máximo possível. Comecei a aprender fotografia macro num ambiente sem controle, que era só um jardim cheio de flores e insetos. O Santo Graal da fotografia macro é pegar um inseto em pleno voo, o que você nunca vai conseguir fazer num sistema de trilhos ou tripé. Todo movimento é muito visível em se tratando de fotos macro, então você tem que aprender como respirar e rastrear seu tema do mesmo jeito que um franco-atirador. Então talvez uma das minhas vantagens é que consigo fotografar com precisão a 5:1 (com a câmera totalmente estendida).

Com a ascensão da popularidade nas redes sociais e o novo status legal da planta em alguns lugares, como a fotografia de cannabis mudou com os anos?

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Bom, tem o fato de que agora existe uma indústria profissional para fotógrafos de cannabis, seja fotografando brotos ou resina. Como não temos telas de computador com cheiro, o comércio online exige fotos para levar os visitantes dos sites a comprar o produto. Como resultado, fotografia de cannabis é uma parte muito importante das vendas, assim como o trabalho de cinegrafistas. Acho que isso não vai mudar tão cedo.

E a coisa se tornou mais profissional no sentido em que não temos mais que nos esconder, estamos ganhando salários reais (não só sendo pagos com maconha). Podemos fotografar em jardins legalizados, e não há risco de ser preso ou ter seu equipamento apreendido porque estamos fotografando um jardim ilegal, o que era o meu caso até uns três anos atrás. Com a cannabis sendo continuamente normalizada, fotografia de cannabis vai continuar sendo normalizada também.

Veja mais fotos de Bubbleman abaixo, e visite o site e Instagram dele.

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Macro de uma folha da cepa Rock Star.

Sementes da DNA Genetics, fotografadas em Amsterdã.

Macro de uma folha da cepa Sweet Skunk.

Foto de contaminação em haxixe dry sift.

Macro da cepa Afghani Bullrider.

Um cubo pequeno de bubble hash.

Macro do epicótilo de uma planta de haxixe.

Macro da cepa Afghani Bullrider.

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