A vida de Silvio Santos revista num gibi raro

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A vida de Silvio Santos revista num gibi raro

Lançado originalmente em 1969, ‘Silvio Santos: Luta e Glória’ deve ganhar uma nova edição repassando a história do apresentador de auditório antes mesmo da criação do SBT.

Capa da HQ raríssima que conta a vida de Silvio Santos. Imagem: Reprodução.

A história do homem que ficou conhecido pelos programas de auditório da televisão brasileira foi eternizada nos quadrinhos. Em 1969, a editora Prelúdio publicou a HQ Silvio Santos: Luta e Glória, obra do escritor e roteirista cinematográfico Rubens Francisco Lucchetti. A tiragem, na época, de 200 mil exemplares esgotou-se logo depois.

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Não demorou e o gibi tornou-se raridade disputada a tapas pelos colecionadores. Admirador do trabalho de Lucchetti, o escritor, radialista e produtor cultural Rafael Spaca quer relançar esse material. Parte dos originais em preto-e-branco foram atualizados e colorizados pelos alunos de design da Faculdade Rio Branco, em São Paulo. A história original não será mexida. "A edição nova também terá uma introdução do Lucchetti contextualizando a importância e a história desta HQ para os leitores de hoje", explica o escritor que encabeça a reedição.

Versão moderna e colorida da HQ. Imagem: Reprodução.

A HQ conta a trajetória do filho de imigrantes judeus que foi camelô e paraquedista da Aeronáutica antes de entrar para o rádio. A mudança para São Paulo e os primeiros tempos na televisão são alguns dos assuntos abordados na obra que foi publicada quando Silvio Santos tinha 39 anos — antes mesmo da criação do SBT, que aconteceu somente em 1975.

Spaca afirma que existe uma editora interessada em publicar o projeto, porém ainda não pode dar outras informações. "Queremos consultar o Silvio antes de dar prosseguimento. Já iniciamos os contatos com os assessores do apresentador e iremos enviar um boneco desta HQ biográfica". O produtor cultural acredita que um gibi com a trajetória profissional de Silvio Santos tem tudo para ser um sucesso editorial. "Ele é considerado o maior comunicador do Brasil em todos os tempos e tornou-se uma personalidade cult. Sua história pode ser inspiradora para muitos".

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Aos 86 anos (mesma idade de Silvio), Luccheti está animado com o possível relançamento. "Fazem 47 anos do lançamento original. A principal dificuldade é restauração dos desenhos. Devem colorizá-los. Restauração e colorização são processos lentos, requerendo o trabalho de especialistas, verdadeiros artistas gráficos".

VICE conversou com Lucchetti para saber mais sobre a HQ e o processo de reedição do material:

VICE: Como surgiu a ideia do senhor fazer a biografia do Sílvio Santos em quadrinhos?
Rubens Lucchetti: A ideia original era adaptar um quadro dos programas de rádio dele. Isso aconteceu em 1969. Na época, a editora Prelúdio publicou o gibi O Estranho Mundo de Zé do Caixão. Foi um projeto meu de histórias em quadrinhos escritas por mim e desenhadas por Nico Rosso. Mas o Mojica (José Mojica Marins, ator e cineasta intérprete do personagem Zé do Caixão) deu o projeto para outra editora. Isso deixou a Prelúdio ficou numa situação difícil. A ideia era que a revista do Zé do Caixão fosse impressa em um papel especial. A editora começou a afundar-se numa crise financeira sem precedentes. Quis ajuda-lo. Então, elaborei projeto de várias revistas para o público masculino. Acabei me lembrando de um quadro do programa de rádio do Silvio chamado Histórias que o povo conta, pensamos em fazer algo com isso. Mas precisávamos de autorização do próprio Silvio Santos.

Vocês foram se encontrar com ele?
Sim. Tivemos um primeiro encontro na residência do apresentador no bairro do Ibirapuera (zona Sul de São Paulo). Ele me disse que não tinha nenhuma oposição que lançássemos uma revista em quadrinhos com o nome do seu programa. Foi na hora de nos despedirmos que pensei em fazermos sua biografia contada na forma de história em quadrinhos. A nossa surpresa foi que ele acabou topando.

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Os clássicos jingles, a animação da plateia e a vida nos palcos retratada em gibi. Imagem: Reprodução.

Foram feitas entrevistas com ele?
Sim. Ficou combinado que às quintas-feiras eu deveria ir aos estúdios da antiga rádio Nacional na rua das Palmeiras na Vila Buarque (bairro do centro de São Paulo), onde ele gravava seu programa de rádio para colher dados sobre sua vida. Assim que chegava em casa, após cada entrevista eu me sentava à máquina e roteirizava o depoimento de horas para o desenhista Sérgio M. Lima. Meu relacionamento com o Sílvio foi o mais cordial possível. Ficamos nos encontrando várias vezes até que ele me disse: "Daqui em diante tudo quanto você criar será minha biografia oficial". Mas não foi o que fiz: encerrei até onde ele me contou.

O senhor gostou do resultado final?
Gostei, considerando o curtíssimo tempo que tive para roteirizá-la e o Sérgio M. Lima para desenhá-la. A tiragem de duzentos mil exemplares esgotou-se rapidamente. O curioso é que além da biografia de Silvio Santos, escrevi uma biografia de Edgar Allan Poe. Ela foi desenhada pelo Eduardo Schloesser. Está concluída desde ano passado mas ainda não encontramos uma editora disposta a publicá-la.

Como surgiu a ideia de reeditar a HQ?
Foi uma ideia do escritor, radialista e produtor cultural Rafael Spaca. Ele viu a revista na minha casa e começou a procurar um editor para ela. Levando em conta o tempo que se passou desde seu lançamento (47 anos), eu creio que a principal dificuldade seja a restauração dos desenhos. Além do mais pretendem colorizá-la (os desenhos originais do Sérgio são em meio-tom). Restauração e colorização são processos lentos, requerendo o trabalho de especialistas, os verdadeiros artistas gráficos.

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