Qual foi a pior coisa que você já fez a um amigo por vingança?

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Qual foi a pior coisa que você já fez a um amigo por vingança?

Com amigos assim, nem precisamos de inimigos.

Absolutamente todos nós, em algum momento de nossas vidas, já fomos um lixo com nossos amigos. Me lembro vividamente como na escola, depois que um amigo decidiu não compartilhar seu doce comigo – um doce de leite mexicano extremamente delicioso – dicidi rouba-lo e deixar uma pequena nota com a embalagem dizendo algo assim em letras cursivas: “Mmmmm que doce bom Patrício, estava delicioso! Deixo aqui o lixo e um (microscópico) pedaço pra você provar. Atenciosamente: O ladrão de doces”. Esse microscópico pedaço, pra ficar bem claro, era menor que um grão de arroz. Sua reação foi terrível e ele partiu pra cima de um outro amigo que tinha a letra parecida com a minha, “o roubadoces”.

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Desde aquele dia compreendi que, em amizades, certos limites não devem ser ultrapassados. O claro exemplo do meu amigo que ficou sem doce, além de ter sido humilhado com uma nota em letra cursiva, me fez enxergar que as coisas não são tão simples assim. Quero dizer que, o que para um não é grave, para o outro pode ser um insulto mortal. Existem muitas maneiras de se vingar de um amigo que te deixou puto da vida e por ser uma questão emotiva de confiança na amizade, claro, isso tende a sair do controle.

A Vingança de Fulvia, por Francisco Maura (1888). Vía Wikimedia Commons.

Alejandra, 30 anos

Eu ficava com o melhor amigo de uma das minhas amigas, mas já não queria mais ficar com ele e não o deixava por conta da amizade entre eles. Ele se queixou com ela e na vez seguinte em que a vi, que foi na festa de Natal anual que fazemos entre amigos, ela começou a entregar presentes pra todo mundo, menos pra mim. Estávamos dispostos em uma espécie de circulo e ela começou a entregar os presentes de um em um. Quando chegou em mim, me pulou e seguiu entregando o resto dos presentes. Me doeu o fato de ela ter tomado partido, escolheu seu amigo e fez questão de deixar evidente que eu não era mais sua amiga; então pensei em uma maneira de fazê-la sentir tão mal como eu estava me sentindo. Como sabia que ela amava seu marido e que ele era um cara sem escrúpulos, flertei um pouco com ele, já pensando que ele cairia e ela se sentiria tão doída quanto eu. E assim foi. Ela foi no banheiro e quando voltou me encontrou beijando seu marido. Ela o perdoou no dia seguinte, e não falou comigo por dois anos, e óbvio, nossa amizade nunca voltou a ser a mesma.

Javier, 24 anos

Tenho um amigo, desde o primário, que sempre foi muito mulherengo. A verdade é que isso nunca me pareceu ameaçador nem nada, confiava plenamente nele, até que ele tentou pegar uma mulher com quem eu estava saindo na época. Não podia acreditar, era um dos meus amigos mais antigos e ele simplesmente não se importou. Segundo ele, eles acabaram se encontrando em um bar e ela não parava de olhar pra ele, que por sua vez não conseguiu se controlar. A história dela era mais simples: ele estava pesando na dela e não parava de assediá-la. As coisas com ela, de qualquer maneira, não vingaram, mas guardei muito ressentimento dele já que ele sabia de toda a minha história com ela.

Queria fazer alguma coisa, mas não igual o que ele fez comigo, então decidi esperar. Um dia, na sua casa, encontrei a saída perfeita pro meu rancor: sua escova de dentes. Foi numa festa que ele fez em seu apartamento, todos estavam bêbados, então aprovetei pra dar uma escapada e fui para o seu quarto. Procurei por todos os lados alguma coisa que me permitisse fazer uma travessura equivalente e chegando em seu banheiro, me veio na cabeça pegar sua escova de dentes e passar no meu cu. Fiz isso duas vezes, pra ter certeza que as cerdas tocaram bem toda a região e voltei para a festa. Deixei ali e nunca disse a ele, considero que estamos quites. Continuamos sendo bons amigos.

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A Vingança de Ulises Sobre os Contendores de Penélope, por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1814). Vía Wikimedia Commons.

Anônima, 29 anos

Uma das minhas melhores amigas desde o pré sempre se apaixonava pela maioria dos meus namorados e às vezes tinha fantasias com eles (chegava até a fazer desenhos deles). Uns anos depois, cada uma estava estudando em uma universidade diferente, e eu estava com o pior namorado da minha vida, que nem gostava tanto, mas fui insistente e quis dar uma oportunidade a ele.

Pra não entrar em detalhes sobre essa relação, quando terminei com ele por causa de uma puta traição, ela virou “sua amiga”. Como ela é muito sincera, me contou sobre sua amizade, mas em pouco tempo percebi que ela tinha uma obsessão em falar dele, até parecia apaixonada. Uma vez, inclusive, tentou me convencer de que ele era uma boa pessoa e que deveria perdoá-lo. Vivemos em estados diferentes, então um dia a convidei pra passar o final de semana na minha casa. Estava tudo bem, até que começou a falar do meu ex. Acabou me confessando que ficaram juntos depois do nosso término (já haviam se passado cinco anos desde que terminou essa relação). Então quis me vingar.

Tinha um cara de quem ela sempre me falava, que coincidentemente mora na mesma cidade que eu. Ela o idolatrava e fez de tudo pra conquistá-lo ou ao menos conseguir o mínimo com ele: sexo. Então casualmente no mesmo dia da confissão, acabamos na casa desse cara. Era a primeira vez que eu o via e acabou que tínhamos muitas coisas em comum. Ainda que eu nunca ligue ou flerte quando saio, esse dia eu não parava de prestar atenção nesse cara e foi aí que todo o plano se armou na minha cabeça. Não sou de me vingar, mas ela mostrou ser uma má amiga e ter atitudes ruins, e vai continuar sendo minha amiga, mas eu tinha que fazer algo pra me vingar e me consolar, ainda que só eu soubesse disso. Então o adicionei no Facebook e dias depois conversávamos e trocávamos memes diariamente sem parar, até que usei a desculpa de ir num show pra por o plano em prática. Tudo ocorreu perfeitamente e fomos ‘amigos de foda’ por muito tempo até que enjoei. Ela ainda não sabe, só sabe que somos muito amigos e não sei se tem alguma suspeita. Mas não me importa, eu devia isso à ela e de uma forma bem pior. Pelo menos saiu uma boa amizade disso tudo.

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Juan, 35 anos

Veja bem, esse casa mereceu o que eu fiz. Eu o conheci quando comecei a trabalhar no meu emprego atual, faz uns seis anos, mas ele já não trabalha mais aqui. Depois de uns meses que nos conhecemos, quando estávamos no escritório, o imbecil achou muito engraçado inventar e espalhar para todas as mulheres do escritório que eu tinha verrugas no pinto. Te juro que não tenho ideia do por quê, nos dávamos bem, até saímos pra beber algumas vezes depois do trabalho. Suponho que era um cara muito inseguro ou problemático, sei lá. Quando fiquei sabendo que ele havia espalhado essa fofoca, decidi não enfrentá-lo pra realmente pensar bem no que fazer. Então foi quando me lembrei de uma piada que costumávamos fazer na escola com laxantes.

Queria fazer esse cuzão sofrer, não vou mentir. E pensei que o remédio para uma atitude infantil era uma resposta infantil. Comprei um laxante líquido que se dissolvia com muitíssima facilidade em qualquer bebida. Mas não quis fazer de forma nem brutal pra que ele não se desse conta de que era um laxante, nem todos os dias pra que não se ligasse do que estava acontecendo. Durante um mês e meio mais ou menos, pingava laxante no café dele uma ou duas vezes por semana, dependendo do meu humor, e claro, medindo as doses pra que não explodisse o cu do cara. A verdade é que era glorioso vê-lo correndo pro banheiro com medo de cagar nas calças. Não o vejo há uns quatro anos, e espero continuar não vendo.

Artigo originalmente publicado na VICE México.

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