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Gosto de me considerar um profissional em engambelar exames toxicológicos porque já passei em vários – alguns por pouco – quando estava em liberdade condicional e na prisão. Eu só podia ser pego por maconha, mas um resultado positivo já podia me mandar para a solitária por 60 dias ou de volta para a cadeia quando eu estava em liberdade. Enganei meu primeiro exame quando saí por fiança em 1991. Eu estava pronto para partir numa nova jornada e tinha que passar em exames de urina para poder sair sob fiança. Mas de jeito nenhum eu ia parar de fumar maconha. Era o que mantinha minha saúde mental na época. Fui até uma tabacaria local em Northern Virginia e comprei um pote de Golden Seal [uma erva de desintoxicação com resultados duvidosos]. Tomei as cápsulas, bebi muita água, e passei no exame. Um de muitos.Fiz meu último exame toxicológico em janeiro de 2016, quando saí em liberdade condicional federal, e tenho fumado maconha desde então. Mas com tanta gente tendo que fazer esses exames hoje e com a mentalidade datada da Guerra às Drogas ainda resistindo no mundo, não é uma má ideia saber como enganar esses exames quando eles surgirem.Não sou especialista e nunca ouvi falar de um produto mágico, mas estando envolvido com drogas, andando com viciados e ex-viciados, e pela minha própria experiência, sei que cocaína, heroína e speed saem do seu sistema em alguns dias. O mesmo vale para LSD, que não tenho certeza se algum exame pode apontar.A gente sempre ouve falar em colocar alvejante, detergente ou algo assim na urina. Tem alguma verdade nessas receitas caseiras?Armentano: Bom, há diferentes estratégias que as pessoas usam antes de fazer um exame. Há produtos que diminuem a sensibilidade do exame. Outra opção é usar um adulterante, que é algo que você coloca na amostra na esperança que isso resulte num falso negativo. Em se tratando desses adulterantes, isso também é um exemplo perfeito do jogo de gato e rato. Há certos produtos que, quando acrescentados na urina, podem diminuir a sensibilidade do exame. Na maioria dos casos, com o tempo, a indústria dos exames toxicológicos fica sabendo desses adulterantes e começa a procurar esses adulterantes em si, ou verificam a composição da urina que acham que vai ser alterada quando o adulterante for usado.Cooper: Há receitas caseiras que funcionam, mas não é 100%. Há vários fatores em termos de conseguir enganar esses exames de drogas. Sempre digo que não me arriscaria com suco de limão e canela, ou várias outras coisas que você pode misturar, essa é uma receita caseira que às vezes funciona. Mas eu não arriscaria minha liberdade com isso. Eu iria até a tabacaria local ou compraria na internet de uma fonte de confiança, que é o único jeito de passar nesses exames fora a abstinência.E quanto a diluir? Quanta água você deve beber?Cooper: Tem uma rima que diz “A solução para a poluição é diluição”. Tem muita verdade nisso. O problema é que quando você dilui e bebe muita água – a ideia é beber uma hora antes do teste – você acaba mijando só água. A quantidade de THC se torna muito pequena para ser detectada. O problema é que a cor da urina é a mesma de água pura. Quando veem isso, eles sinalizam a amostra como adulterada. Por isso muitos desses produtos, as bebidas detox, pedem que você beba muita água junto. Elas têm niacina e outros corantes para sua urina ficar com uma cor normal depois de diluída.Armentano: O exame em si busca metabólitos, que são produtos da quebra de certas drogas. O exame vai ser mais sensível ou ter mais chances de detectar esses metabólitos quando a urina é concentrada. Quanto menos concentrada ou mais diluída for a amostra, menos sensível ou correto o exame vai ser. Consumir qualquer tipo de fluído, particularmente diuréticos, horas antes de um exame vai levar a uma amostra menos concentrada, dando um resultado menos sensível. Mas claro, laboratórios sabem que as pessoas vão tentar diluir a urina usando esses fluídos, e há várias maneiras como eles testam a amostra para ver se está diluída demais. Novamente, é tipo um jogo de gato e rato.E o argumento de que o THC fica nas células de gordura?Armentano: Diferentes metabólitos têm meias-vidas diferentes. Cannabis é diferente de cocaína. Isso tem a ver com a construção do metabólito em si. O do THC é lipossolúvel. O metabólito da cocaína é solúvel em água. Metabólitos solúveis em água vão ser quebrados e excretados do corpo muito mais rapidamente que metabólitos lipossolúveis. É simplesmente a química do THC que faz isso ficar presente por mais tempo. As taxas de metabólitos de alguém pode influenciar em variações de quanto tempo o processo vai durar. Mas num nível fundamental, exames de drogas têm mais chances de identificar alguém que usa cannabis em vez de outros usuários de drogas, simplesmente porque o metabólito da cannabis é lipossolúvel e os metabólitos de outras drogas são solúveis em água.Tem algum produto de farmácia ou da internet que vocês recomendam?Armentano: Eu não me sentiria confortável em endossar qualquer produto. Particularmente os vendidos na internet.Cooper: Test Clear e Pass Your Test. Sei que essas coisas funcionam. Há 12 anos trabalho para manter as pessoas fora da cadeia. Essas bebidas detox fazem isso. E produtos detox para folículos capilares também funcionam. Faço isso há muito tempo. Eles funcionam mesmo.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
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Maconha é o mais difícil, especialmente para quem fuma muito. O THC fica no seu corpo por até três semanas ou mais se você for grande. O THC entra nas suas células de gordura. O mais importante é lembrar de beber muita, muita água e mijar tudo antes do exame. Você não vai querer fornecer pros caras urina matinal concentrada. Você quer a amostra mais diluída possível quando fizer o exame. Foi isso que aprendi fazendo literalmente centenas de exames de urina. E também já escrevi sobre várias maneiras como detentos podem enganar esses exames.Sendo assim, entrei em contato com dois especialistas para falar sobre o tema para a VICE.Barry Cooper é um ex-agente de drogas e atual especialista/humanitário em drogas que já falou com a VICE antes. Ele ensina a enganar exames toxicológicos há mais de 12 anos e comanda o site Never Get Busted. Já Paul Armentano é vice-diretor da NORML. A NORML é uma parte importante dos esforços pela legalização da maconha há anos. Falei com os dois por telefone para saber o melhor jeito de enganar um exame toxicológico, se as coisas que eles vendem nas tabacarias especializadas funcionam mesmo, e que receitas caseiras podem ajudar. Aqui vai o que eles tinham a dizer.
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VICE: As coisas que eles vendem em tabacarias especializadas em maconha realmente ajudam a enganar um exame toxicológico quando você usou drogas?Barry Cooper: Sim, 100%. O que eu digo para as pessoas é, se elas não têm tempo de comprar de uma boa fonte online, vá para uma tabacaria local e pergunte ao balconista qual o melhor desintoxicante deles. E é importante não dizer “detox de drogas” ou “estou em condicional” ou “exame toxicológico para o trabalho”, porque aí eles não vão te vender. Eles não podem vender esses produtos para alguém tetando enganar um exame toxicológico. Por isso vendem como bebidas detox. A tabacaria local vai ter o produto certo para enganar os exames sendo usados pelo tribunal local. Por isso digo que você precisa ir para a tabacaria da jurisdição em que você tem que passar no exame, lá eles vão te vender a melhor coisa.Paul Armentano: É um jogo de gato e rato. Há produtos que funcionam por um tempo. Aí a indústria de exames fica sabendo do produto e coloca medidas que tornam o produto obsoleto. Aí a indústria do detox vai além para tentar ajudar as pessoas a enganar os exames toxicológico com outras estratégias. Esse jogo de gato e rato acontece literalmente há décadas. Também quero acrescentar que a maioria dos produtos disponíveis nessas lojas que envolvem consumir qualquer tipo de fluído, na maior parte, são simplesmente diuréticos e podem funcionar até certo ponto, mas geralmente são caros e prometem mais do que cumprem.
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Cooper: O THC se esconde nas células de gordura. Nas células de gordura do corpo inteiro – não importa seu peso. Essas bebidas detox, exercícios e beber muita água antes de um exame podem lavar essas coisas do seu sistema. É um sistema de proteção de duas camadas. O detox vai ajudar o THC a sair das células de gordura e também fornecem mais alguma coisa caso tudo não tenha saído. Essas bebidas escondem vazamentos de THC nos exames.Qual vocês acham que é a melhor maneira de contornar uma urina suja?Cooper: O negócio do detox é uma indústria multimilionária. E a competição é tão grande porque muitas pessoas estão tendo que passar por exames toxicológicos. É quase uma máfia, cara, é um negócio tão grande porque esses produtos funcionam. Eles mantêm as pessoas fora da cadeia. Tenho uma página chamada “Como Passar no Seu Exame Toxicológico”. Trabalho nisso há oito anos, e já recebi milhões de visualizações. Na página há links para produtos que já usei e funcionaram e produtos que recomendo. Nessa página eu ensino como passar no seu teste toxicológico, como usar esses produtos corretamente, e as pessoas podem clicar nos links e encomendar os produtos.Armentano: Abstinência é o único jeito infalível de passar num exame toxicológico. E claro, esses exames e laboratórios são humanos. É possível que alguém que nunca tenha sido exposto a drogas ilícitas ter o azar de seu teste dar positivo. Por isso sua amostra geralmente é dividida em amostra A e amostra B. No caso de algo assim acontecer.
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