O Maranhão visto de perto
Foto: Ingrid Barros

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O Maranhão visto de perto

A ancestralidade, a fé e a força captadas pela fotógrafa Ingrid Barros.

Toda ancestralidade possível não basta para manter viva a identidade de sertanejos, indígenas e quilombolas que tecem a rica bandeira cultural do Maranhão – contraditoriamente o estado mais pobre do Brasil. Em casa, a fotógrafa documentarista Ingrid Barros, 25, registra parte dos dias de seus conterrâneos e os detalhes da vida simples e cheia de crueza, que vão do retrato antigo de família até o prato de carne e farinha sobre o chão de terra batida. "São comunidades que estão em um processo de resistência e luta", ela diz.

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O ofício é recente para a maranhense formada em Direito e militante em defesa de povos tradicionais. Hoje, as nuances da formação acadêmica aparecem nas fotos e nas videorreportagens que produz: "Sempre falo que o Direito é o 'fundamento' do meu olhar. Me é útil".

Foto: Ingrid Barros

Apesar de se dedicar integralmente à produção audiovisual há pouco tempo, Ingrid apresenta um olhar afiado, que conversa com nuances do fotojornalismo clássico, de cores potentes, vivas. Seus retratos não parecem ser de alguém ainda em início de carreira. Talvez porque não exista estrangerismos na relação fotógrafa- fotografados. "É aqui que estou e é aqui que me faço. A fotografia acaba sendo minha ferramenta à serviço da força e insurgência dessas comunidades", define.

Foto: Ingrid Barros

Nos últimos dois anos, ela tem frequentado comunidades quilombolas de Monte Alegre, Alto Bonito e Nazaré, além do território indígena dos Akroá-Gamella, todos no interior do Maranhão. "Esses povos estão constantemente em situações de conflitos e ameaças pelo latifúndio, agronegócio e demais ambições econômicas e políticas."

Em 2017, durante uma tentativa de retomada de território no município de Viana, os Akroá-Gamella foram linchados por um grupo de pessoas enfurecidas que lhes atacaram com golpes de facão e armas de fogo. Dois indígenas tiveram suas mãos decepadas e dezenas ficaram feridos.

O indígena Antônio Akroá-Gamella mostra o retrato de seus avós. Foto: Ingrid Barros

Seis meses depois do ataque, a fotógrafa os visitou e ouviu Antônio Akroá-Gamella falar sobre a ancestralidade do lugar, as memórias de seu avô e a luta pela resistência da etnia, que chegou a ser declarada extinta pelas autoridades.

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Para Ingrid, os índices de pobreza não definem sua terra natal tampouco suas tradições. "O Maranhão é rico de cultura e de luta também. É muita ancestralidade. É muita encantaria, resistência. Do tambor ao reggae. Do campo à cidade."

Mais fotos da Ingrid Barros abaixo e também no Instagram.

Foto: Ingrid Barros

Foto: Ingrid Barros

Foto: Ingrid Barros

Foto: Ingrid Barros

Foto: Ingrid Barros

Foto: Ingrid Barros