Os robôs mais bosta de 2015

2015 foi o ano dos robôs aterrorizantes. Estamos falando de guepardos-robôs que saltam obstáculos em alta velocidade, carros que conseguem se dirigir e – ai que ótimo – um robô industrial reformado para se tornar um mestre samurai.

Acadêmicos e filósofos tem nos dito que é só uma questão de tempo até que essas avançadíssimas máquinas sejam capazes de nos matar. Capitães da indústria já levantaram um bilhão de dólares para uma iniciativa que certifica que a inteligência artificial não dê uma de Matrix com a gente de uma hora pra outra.

E em meio a esse ambiente de progresso tecnológico assustador, talvez faça bem para a saúde mental lembrar que a maioria dos robôs é um lixo.

Sim, o robô médio é construído porcamente, é porcamente planejado e existe por razões tão estranhas quanto as mentes que porcamente os conceberam.

Mesmo os robôs milionários de gente grande – MIT, DARPA, e por aí vai – podem entrar na categoria "robô de bosta". Não porque lhes falta algo em termos de engenharia, e sim porque eles simplesmente falham. E de forma espetacular.

Já faz um ano desde a última lista do Motherboard de robôs que falharam em, bem, tudo. Agora lhes apresento os robôs mais bosta de 2015.

Encarem isso como uma espécie de precaução.

ESSE TENTÁCULO SEGURANDO UMA FACA

Eis um conto sobre a estupidez humana que envolve uma caixa de madeira cheia de componentes capaz de controlar um tentáculo de borracha com uma faca. Com base em um vídeo no YouTube que descreve sua construção, parece que o inventor aqui juntou uma placa Arduino e um kit a LittleBits — ferramentas bonitinhas que fazem da construção de circuitos e programação tão fáceis quando montar Lego – e então meteu tudo numa caixa com um motor. O resultado: um aterrorizante tentáculo que corta qualquer um que se aproximar muito de seu canivete suíço.

Pelo jeito, o inventor não tinha dado um jeito de desligar a máquina assassina quando o vídeo foi feito, então vamos todos imaginar que ela segue brandindo a lâmina ameaçadoramente com Rob Zombie ao fundo.

UM ROBÔ QUE TRANSFORMA SEU CAFÉ DA MANHÃ EM UMA CENA DE 'ANTES' DE INFOMERCIAL

Sabe aqueles infomerciais de produtos inúteis de cozinha que tem cenas de "antes" e "depois"? O "antes" pode mostrar, digamos, uma velhinha tentando servir um copo de suco. Em vez de botar o líquido no copo, ela derrama tudo na mesa; a jarra cai e a senhorinha revira os olhos e joga os braços pro ar como se dissesse: "Nossa, queria poder comprar um produto na TV que tornasse este processo complicado em algo mais fácil!" Aí entra o produto que resolverá todos seus problemas na hora de servir um suquinho.

Esse robô, construído pela profissional (educativa) de construção de robôs de bosta Simone Giertz, é essencialmente o contrário daquele utilíssimo produto. Se você usá-lo, ele transforma a rotina sem graça de se servir de cereal em uma cena de Apocalypse Now.

Como Giertz escreveu em seu post sobre o robô no Motherboard: "No final das contas, fazer café da manhã com um braço robótico ganha 4 de 10 estrelas. É uma bagunça. Ineficiente demais. Não conseguiu me servir nada".

hitchBOT

Vamos deixar isso claro logo: o hitchBOT deveria ser inspirador. O adorável robozinho foi projetado por sociólogos da Universidade de Toronto, tendo atravessado Canadá e Europa com base na gentileza de estranhos. Até ser mutilado nas ruas da Filadélfia, ele nos lembrava da bondade em nós mesmos. Ou o que for.

Mas o fato é que se trata de um robô muito amerdalhado.

Adoravelmente cagado e uma pilha de lixo presa com fita. Estamos falando de macarrões de piscina e um balde de plástico. Dito isso, sigamos adiante.

ESTE TERRÍVEL BEBÊ-ROBÔ

Este robô foi criado por pesquisadores da UC San Diego para testar como mães e bebês fazem um ao outro sorrirem. Engraçado. Esse negócio me faz querer chorar.

Esse é um daqueles raros casos em que um robô relativamente avançado ganha uma posição cobiçada no panteão merdálico não por que foi feito toscamente ou por que não atingiu seu propósito, mas por… Pelo amor de deus, você tá vendo esse bagulho?

ESTA PORCARIA DE ROBÔ DO TINDER QUE TE FAZ PENSAR SOBRE SUA PORCARIA DE VIDA

São 3 da manhã e lá estou em mais uma noite voltando de uma festa pra descontar minhas frustrações na terra de ninguém que é Fallout 4. Começo a fuçar no Tinder, a visão turva depois de tantos drinques. Felizmente, há esse robô que decide por mim no Tinder ao "ler" suas mãos suadas e nojentas. E isso enquanto fala em um tom existencial com uma voz semelhante a de Siri: "Determine se esta pessoa tem qualquer valor". Pausa. "Não."

Ao contrário do robô do Tinder que entrou na lista do último ano, este é bem construído, ainda que falte algum acabamento, vindo das mãos de Nicole He, estudante de graduação do Programa de Telecomunicação Interativa da Universidade de Nova York. Odiaria chamar essa coisinha de amerdalhada, no sentido de ser construída ou executada dessa forma – é bem bacana pra um projeto de arte, na verdade – mas entra na lista por me lembrar das minhas decisões de bosta depois da meia-noite.

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OK, já é bastante coisa, e você provavelmente já cansou de me ler tagarelando sobre robôs lixosos – aliás, vocês assistiram Chappie? Ha ha. Brincadeira. (A não ser que você seja o escritor de ficção científica William Gibson, que aparentemente amou o filme sobre um robô criminoso com sotaque cockney.Aí é sério.) De qualquer forma, talvez você não tenha cansado de saber mais sobre o sem-fim de robôs péssimos que tem por aí, então segue aqui mais uma listinha de robôs horrendos que não foram ruins o bastante para entrar na lista oficial.

MENÇÕES HONROSAS

Um robô composto por duas facas gigantes que corta cenouras com a fineza de um bêbado como, bem, eu.

Uma "mãe" robô que julga suas crianças. Tecnicamente incrível. Existencialmente terrível.

Os robôs da Hebocon deste ano, competição que nos lembrou a todos que por vezes se sentir como uma caixa de lencinhos atirada por dildos faz parte da vida e tudo bem.

Praticamente todos os robôs da competição anual da DARPA. Eles são bem avançados em termos técnicos e bastante impressionantes, mas por vezes o melhor que conseguem é cair de cara no chão.

Tradução: Thiago "Índio" Silva