Ser Gay É Lindo em Maceió

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ser gay é lindo

Ser Gay É Lindo em Maceió

O fotógrafo alagoano Matheus Sandes mostra as belezas de ser parte da comunidade LGBTT em Maceió.

Vocês já estão cansados de saber que ser gay não é fácil – especialmente no Brasil, onde sua orientação sexual e também sua identificação de gênero pode se tornar quase um ato político. Por isso, resolvemos trazer fotógrafos brasileiros à série gringa Ser Gay É Lindo Em… para tentar mostrar um pouco as dores e alegrias do pessoal LGBTT made in Brazil. Para inaugurar essa série, escolhemos Matheus Sandes, um fotógrafo de 24 anos que mora em São Paulo, mas que nasceu em Maceió, capital do Alagoas.

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Entre barbas, glitter, peitos e Barbies, Matheus declara seu amor pela terra natal por meio de lindas fotografias de amigos, festas e muita praia, comprovando a certeza universal de que morar perto do mar é uma das melhores coisas do mundo.

Perguntamos também ao fotógrafo o que significa ser gay em Maceió. Eis o que ele contou:

Maceió é uma cidade interessante, porque, entre coisas como "O paraíso das águas" e "A capital do réveillon", é uma região evidentemente coronelista. (…) Enquanto, nos picos regulares, os héteros se preocupam em fazer rodinha de disputa de vodca e energético, as nossas festas podem até ter essa combinação (bem gostosa, por sinal), mas [elas também]têm chuva de glitter. E som bom. E amigas lindas que seriam enchidas por bêbados chatos dos picos héteros, mas que preferem o refúgio da nossa Maceyork colorida e sem catracas. O lado ruim, bom, são os dramas de reconhecimento e autorreconhecimento. É engraçado: antes mesmo de saírem do armário, os amiguinhos da escola escancaram a porta deste lindo objeto e enxotam o viadinho de lá somente pelo prazer de expô-lo ao ridículo. Como nunca gostei de apanhar e nem de bater, apostei, na época, na opção mais segura: imitar o comportamento heteronormativo mais caricato que tiver; ou seja, em uma linguagem canina, isso significa sair mijando nos postes das ruas. Continuo fazendo xixi na rua hoje, mas também faço levantando a saia, de cócoras, para não melar os sapatos. O mais importante disso tudo é deixar claro que, em Maceió, ser gay é algo muito distante do convívio social: as pessoas não estão acostumadas com gays que demonstram sua viadagem. As pessoas que são gays e demonstram a sua sexualidade normalmente são marginalizadas, pobres e que moram em periferia. É sempre bicha pobre. Então, esse movimento de sair na rua, chegar a um bar e passar batom vermelho em um rosto de barba cria uma contracultura de um jeito engraçado. E essas pequenas ações fazem diferença nesse convívio, agindo na construção de aceitação sobre novas realidades e novas formas de [se] viver. Ser gay em Maceió é bafo, porque pertencemos ao Estado de um rumor maravilhoso: sabiam que o Lampião pode ter sido gay?

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