Fotografando objetos que permanecem na lama em Bento Rodrigues, MG
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Desastre em Mariana

Fotografando objetos que permanecem na lama em Bento Rodrigues, MG

Não deu tempo nem de fazer as malas. Muito menos de pegar o que estava ali.

Foto: Débora Lopes/ VICE

Não deu tempo nem de fazer as malas. No dia 5 de novembro de 2015, a vida dos moradores do vilarejo de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, Minas Gerais, mudou para sempre. Uma das barragens de rejeitos de minério da empresa Samarco se rompeu e matou 19 pessoas. As outras tantas que viviam no local sobreviveram, mas perderam suas casas e seus pertences. A maioria saiu com a roupa do corpo e algumas sequer conseguiram pegar seus documentos pessoais.

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Recentemente, estive "no Bento", como dizem os próprios moradores, para gravar um documentário que logo menos estará no ar no site da VICE. O calor, o tempo abafado e a perspectiva de vista toldada pelo marrom da lama que ainda assola o vilarejo não me impediram de reparar na quantidade de objetos que ainda permanecem por lá. Vidro de perfume, boneca descabelada, tênis, óculos de sol encalacrado na lama já endurecida, bolsa de mulher, enfeites, chuveiro. Cada um desses objetos moldou a vida de alguém. E, agora, ficam lá, mais inanimados do que nunca.

Fotos: Débora Lopes/ VICE

Na época, todas as casas da região – até mesmo as que a lama não alcançou – foram saqueadas. Levaram tudo: de eletrodomésticos até portas, janelas e (bizarro) telhas e telhados. Portanto, os itens que sobraram foram relegados até mesmo pelos saqueadores.

Durante as pausas na gravação, percorri as ruas e casas de Bento e, com o celular, fui clicando alguns pertences. Visualmente, não há muito estímulo. Tudo é muito marrom e sem vida. Como numa apostila de arqueologia. O único adicional é a tristeza.

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