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Usamos videogames para prever quem será o próximo presidente dos EUA

Segundo nossos games de simulação, a faixa de presidencial norte-americana deve ir para Hilary ou Rubio. Mal aê pros fãs do Bernie.

Screenshot de 'Political Machine 2016', via YouTube.

Às vezes parece que os videogames podem prever o futuro. A série Madden NFL da Electronic Arts tem um registro muito bom quando se trata de escolher os vencedores do Super Bowl. Em 1992, o jogo de estratégia de Randy Chase Power Politics virou manchete quando acertou que Bill Clinton seria o próximo presidente dos EUA.

Power Politics não foi o primeiro simulador da eleição presidencial — o primeiro provavelmente foi President Elect de 1981 —, mas é o mais avançado, e os analistas políticos dos anos 90 ficaram impressionados com a profundidade e atenção aos detalhes do jogo. Por isso mesmo Power Politics tem se mostrado bastante durável. Vinte e quatro anos depois de sua estreia, simuladores do tipo ainda seguem o mesmo modelo básico proposto por Power Politics. Os candidatos podem ter mudado, mas as regras continuam basicamente as mesmas.

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Esses simuladores transformam as eleições presidenciais num jogo de estratégia, dando aos marketeiros de sofá uma chance de guiar seus candidatos favoritos até rumo à vitória. Geralmente, cada candidato age simultaneamente e os jogadores têm que antecipar os próximos movimentos de seus oponentes, equilibrando seus próprios recursos limitados ao mesmo tempo. Também há um limite de tempo. Os jogadores precisam trazer o maior número de eleitores para o seu lado antes do dia da eleição, quando o computador conta os votos e declara o vencedor.

Screenshot de 'President Infinity' de 2015, via YouTube.

Mas nem todo jogo de eleição é criado do mesmo jeito. Por exemplo, apenas um dos grandes simuladores de eleição deste ano, President Infinity, inclui as cruciais primárias norte-americanas. Espiritualmente, President Infinity é o sucessor mais próximo de Power Politics, oferecendo uma simulação complicada e minuciosa com todo o glamour visual de uma planilha de Excel. De certa maneira, President Infinity oferece detalhes até demais: você tem que planejar seu itinerário de viagem, agendar discursos, preparar debates e gerenciar sua própria publicidade. Tudo isso custa dinheiro, então você precisa levantar fundos para se manter competitivo. Também é preciso gerenciar uma moeda do jogo chamada "capital político", que pode ser usada para comprar suplentes para fazer campanha no seu nome, além de importantes endossos de terceiros.

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Screenshot de 'Power Politics' 1992, via YouTube.

Nenhuma dessas ações afeta os eleitores diretamente. Em vez disso, tudo que você e seus oponentes fazem muda o impulso dos candidatos. Quando o impulso é forte, você ganha simpatizantes. Quando é baixo, você os perde. O jogador pode mudar o impulso do seu oponente o atacando em propagandas ou durante suas aparições públicas, mas se sua campanha for negativa demais, isso pode ser um tiro no pé. Por cima de tudo isso, seu candidato tem um medidor de estamina. Quando fica sem isso, é preciso deixar o candidato descansar.

É muita coisa para prestar atenção. Felizmente há um modo em que President Infinity se joga sozinho. É só escolher um candidato com pouco dinheiro e sem um nome de valor — de preferência alguém sem uma página na Wikipédia — e não fazer nada durante suas jogadas. Os candidatos controlados pelo computador vão brigar entre si, te deixando livre para assistir a ação.

No lado democrata, President Infinity não é muito emocionante. Durante 11 simulações que fiz, Hillary Clinton perdia a vaga apenas duas vezes, sendo uma delas para o vice-presidente Joe Biden, que não está concorrendo na vida real. Sinto muito, fãs do Bernie: apesar do sucesso em New Hampshite, segundo President Infinity, Sanders não tem chance.

Com os republicanos, a história é diferente. Na maioria das vezes, Donald Trump sai da competição pelo final de março, graças a uma combinação de debates desastrosos, gafes públicas e escândalos na mídia. Na verdade, depois de dez simulações, os republicanos ficaram presos num grande nó: Trump, Rubio, Cruz, Carly Fiorina e Jeb Bush levavam duas indicações cada. Foi preciso uma 11ª rodada para coroar Marco Rubio como o candidato republicano para presidente dos EUA, e mesmo assim, num resultado apertado com Fiorina.

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Na batalha subsequente entre Clinton e Rubio, President Infinity previu a vitória de Rubio em três de cinco simulações. Em uma das rodadas, Rubio vencia por voto popular, mas Clinton ficava com a presidência. Em outras duas, as pesquisas de boca de urna davam Clinton, mas Rubio emergia como vencedor (como na vida real, as pesquisas de intenção de voto em President Infinity não são inteiramente corretas). Vai ser uma corrida apertada, mas segundo President Infinity, Marco Rubio será o novo presidente dos EUA.

Posto esse panorama, The Political Machine 2016, outro simulador de eleições, discorda. Political Machine é mais simples e bem-acabado que President Infinity. O jogo tem uma interface mais "user friendly" e as ações dos jogadores — fazer discursos, desenvolver publicidade e construir quartéis de campanha regionais — têm um efeito direto nos eleitores dos estados. Não há a coisa do "impulso". Suas ações ganham eleitores ou não.

Screenshot de 'The Political Machine 2016', via YouTube.

Political Machine também é o único jogo do tipo que pede aos jogadores para tomar uma posição sobre alguns assuntos. Na maioria dos jogos, inclusive President Infinity, você escolhe o tópico dos seus discursos, mas não pode realmente escolher sua posição. Em Political Machine, você precisa defender uma política que atraia eleitores indecisos e não desagrade seu próprio partido. O que não é tão fácil quanto parece.

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Em seis simulações de Political Machine, Clinton vencia a eleição em quatro — duas quando eu a controlei, e duas quando controlei Rubio. Isso faz sentido: Em Political Machine, as chances estão do lado de Hillary desde o começo. Clinton tem mais vigor e taxas de doação que Rubio, e começa o jogo com mais dinheiro. Basicamente, Clinton pode fazer as coisas mais rápido e de maneira mais eficiente. Isso é uma grande vantagem em Political Machine — e uma qualidade boa também para um candidato a presidente.

Isso dá um jogo para Rubio e um para Clinton. Então será que o título para celular Campaign Manager oferece um desempate? Não. Campaign Manager deixa o jogador fazer pouca coisa: você pode criar propaganda, montar uma campanha regional e contratar voluntários. E só. Há apenas uma moeda, dólares, que é recolhida tocando em cifrões que aparecem pelo jogo. Os dois candidatos começam com o mesmo dinheiro no banco, e nenhum tem qualquer vantagem.

Campaign Manager é simples demais para ser usado como ferramenta de previsão — geralmente, é o candidato controlado pelo jogador que vence. Mas desmontando um simulador de eleição até o básico, Campaign Manager revela uma filosofia comum entre todos esses jogos. Nas eleições, a corrida presidencial não é realmente um choque de ideologia ou um concurso de personalidade. É um teste para ver quem gerencia seus recursos de maneira mais eficiente. O que um candidato diz não importa tanto quanto como e quando ele diz. Os votos não são ganhos. Eles são comprados e vendidos.

Em outras palavras, quando se trata de quem realmente vai vencer a eleição deste ano, os videogames dão uma única resposta clara: quem estiver disposto a pagar mais por isso.

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Tradução: Marina Schnoor