Os óculos de realidade virtual são o futuro dos games?
Foto por Rafalel Mattar.

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Games

Os óculos de realidade virtual são o futuro dos games?

Perguntamos para variados gamers que estiveram na Brasil Game Show se eles realmente acreditam que o novo brinquedo pode mudra o paradigma dos jogos.

As grandes empresas de games querem muito que 2016 seja o ano da virada da realidade virtual. Pra garantir que todo mundo que curte uns joguinhos entenda o recado — e que esses óculos desengonçados não sejam só mais um brinquedo caro ao lado de tantos outros enterrados pela história dos games —, nesse ano ainda não tivemos uma única feira de jogos sequer sem pelo menos uma dúzia de estações de realidade virtual.

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No começo de setembro, na Brasil Game Show, a maior feira de games do país, as filas pros jogos de realidade virtual estavam maiores que boa parte das outras atrações. Uma quantidade generosa de moleques, migas, tiozões, mães e crianças suadas e cheias de açúcar se acotovelavam nos estandes. O cardápio era bem variado: de demonstrações técnicas interativas pra jogar com o HTC Vive e o Oculus Rift, a novidades como Batman Arkham VR, Rez Infinite, Wayward Sky e Until Dawn: Rush of Blood, todas os games eram disputados nos estandes das grandes publishers que tinham o PlayStation VR.

Ao contrário dos investidores dessas empresas, não acho que a indústria deva ficar tão preocupada em fazer com que os óculos VR deslanchem. Estúdios, pequenos e graúdos, e até empresas de fora do rolê dos games, já estão de olho no potencial da realidade virtual, então os influenciadores desse mercado já compraram a ideia. Ao contrário do Kinect — a última curiosidade high tech que a indústria inventou e que não levou à revolução dos games que tanto nos prometeram em propagandas —, muito provavelmente os óculos de realidade virtual vão conseguir ir além de ser apenas um jeito diferentão de pedir pizza através do videogame.

O maior problema dessa nova era dos jogos, na real, é que é impossível de explicar pras pessoas por que a VR é tão legal sem que elas já tenham dado uma mínima sapecada com algum joguinho do tipo. É uma experiência selvagem, cheia de caretas, sustos, gritinhos e pupilas arregaladas. Falando assim, até parece que VR é a mesma coisa que dar um rolê de drogas psicodélicas pesadonas, mas julgando pela cara de maravilhamento que as pessoas fazem com os óculos, a sensação no fundo do cérebro parece mesmo essa.

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No fim das contas, cada experiência de realidade virtual é única e pessoal. É uma sensação mais fácil de ser contada com expressões esquisitas do rosto do que com palavras, mas a gente colou na feira para desenrolar esse papo mesmo assim. Pra tentar sacar quais são as primeiras reações das pessoas logo depois de curtir uma realidade virtual. Fiquei esperando na saída dos estandes da BGS para conversar com algumas pessoas que testaram o brinquedo — principalmente aquelas que não estão tão acostumadas com essas fanfarrices tecnológicas dos games.

Foto por Rafalel Mattar.

Diego Duarte, 35, comerciante

VICE: Foi a primeira vez que você usou realidade virtual?
Diego: Eu tinha usado outra vez, mas não tinha movimento das mãos. Era uma montanha-russa. Agora já tem movimento. Evoluiu, né?

Você acha que a realidade virtual vai ser o futuro dos games?
Acho que alguma hora vai além disso. Já vem mudando, já tem uma evolução. Eu jogo desde o Atari e o Telejogo. A gente se diverte também, mas mudou. Videogame não é mais um botão e um controle. Tem outros sentidos hoje. Tem jogo que até faz a gente chorar. É o futuro, né?

Você não acha engraçada a cara que as pessoas fazem quando estão usando o óculos?
É, você não pode ligar pra isso, porque senão você não curte o negócio. Se você ficar pensando, não curte. Tem que testar, sentir. É isso. É além da realidade, então você pode fazer isso sem medo de dar um tapa e se machucar. Essa é a realidade virtual.

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Foto por Rafalel Mattar.

Raquel Ribeiro, 29, produtora cultural

VICE: E aí, como foi?
Raquel: É a primeira vez que jogo VR e eu gostei muito, porque explora todos os seus sentidos. Você tem que pensar em muitas coisas ao mesmo tempo, e você tá lá dentro do jogo. É diferente do que você vê jogando, sei lá, plataforma 2D. É um outro tipo de interação que a gente não tá acostumado ainda.

Quando tava na fila, você achou engraçado as caretas que as pessoas fazem enquanto jogam?
Elas fazem assim, né? (Faz uma careta)

Você fez essa careta?
Nesse jogo, não. Mas eu sei que nesses jogos em primeira pessoa, deve dar muito (faz careta de novo). Deve dar uns tilt no cérebro.

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Jean Favareto, 26 anos, engenheiro da computação.

VICE: Tomou muito susto?
Jean: Cara, tomei uns três sustos ali. Soltei até uns gritinhos (risos). Tô até suando, cara. Dei uns gritinho meio bosta ali.

O que mais você gostaria de ver em realidade virtual?
Esse tipo de jogo de terror. É esse tipo que me faria comprar. Até agora, eu só queria testar ele com o Resident Evil VII. O maior motivo pra eu jogar esse tipo de jogo é com terror, cara. É a principal atração pro VR, por conta da imersão que ele dá.

O seu cérebro te engana, né?
Engana, e você tem que enganar ele de volta. "Não bróder, é mentira, cala a boca. Fica de boa aí." Se você desligar o cérebro e ir no foda-se, você vai ter uma experiência muito melhor. Eu mesmo não gosto de montanha-russa, então tive que acabar fazendo isso.

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Foto por Rafalel Mattar.

Eric Pereira, 12, estudante

VICE: Eu vi que você ficou um tempão olhando pra própria mão em realidade virtual.
Eric: É. Nos outros [jogos de realidade virtual] você só vê o que o seu personagem tá vendo. Só que aqui tem tipo um sensor. Nos outros, se você mexe a mão, não acontece nada.

Que tipo de jogo você gostaria de jogar em VR?
Call of Duty. Eu jogo de gosto de tiro. Tiro e carro.

Mas você acha que não seria muito estranho atirar nas pessoas apontando de verdade pra elas?
É, seria, né? Ah. Sei lá. Seria legal e ao mesmo tempo estranho.

Eu vi também que, antes de chegar na sua vez de usar o óculos, você ficou apontando pro seu amigo que tava usando.
É engraçado!

Mas você também tava fazendo essas caretas.
Eu acho que sim.

Você acha que tava sendo engraçado ou tava só curtindo?
Os dois, ué!

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Victor de Almeida, 10, estudante

VICE: O que você achou, cara?
Victor: Eu achei legal, é realidade virtual. Valeu a pena esperar na fila esse tempão, valeu, valeu. Eu gostei muito. Eu ouvi dizer que isso até ajuda algumas pessoas a superar fobia e essas coisas. Isso eu acho bem legal. O mais legal é que dá pra fazer várias coisas que você não faria normalmente. Pelo menos, é essa a minha opinião! Tipo, agora eu tava no espaço vendo vários meteoros caírem. Isso não ia acontecer comigo na vida real, entende?

Qual é o jogo que você mais gostaria de jogar em realidade virtual?
O Batman VR.

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Por quê?
Porque o Batman é o Batman!

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Otávio Machado, 28, youtuber

VICE: E aí, curtiu?
Otávio: Foi foda pra caralho, cara! Eu achei essa realidade virtual muito foda. A imersão me prendeu ali. Eu tava na montanha-russa e senti frio na barriga.

Eu vi que você tava fazendo umas expressões tensas enquanto jogava.
É porque quando eu entro nesse tipo de jogo, eu penso o seguinte: o gamer é aquele cara que entra no jogo. Ele vive o personagem, entendeu? Então ali eu era um personagem e tava vivendo ele. Tô num trenzinho, dando tiro em zumbi e tal. Tinha horas que eu tomava susto, aparecia uma galera e tal e eu falava 'Caraca!', entre outras coisas. O gamer é o cara que compra a ideia do jogo e vai na vibe. E esse jogo foi que me deixou bem assim.

uma confusão mental?
Sim! Essa sensação do carrinho descendo na montanha-russa… Nossa, veio aquele frio na barriga, sabe? Mas eu tava parado! Eu tava viajando, mas tava parado. Achei isso muito maneiro.

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