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Tecnologia

Pornô Crust Punk É tão Sujo Quanto Você Imagina

Tudo começou no Tumblr, óbvio.

Myers e Alms. Fotos do Tumblr deles.

Tudo começou no Tumblr (porque é assim que as coisas começam hoje em dia).

Look At This Fucking Oogle: Pornography For Homeless People é um tumblr com fotos de moleques crust punk, andarilhos de meia-arrastão rasgada – às vezes, pelados e com plugues anais –, gente branca de dread e muitos, muitos vira-latas. Começando como uma versão de cara tatuada e jaqueta jeans do site Look At This Fucking Hipster, a página fez uns torcerem o nariz para ela, outros procurarem seus amigos entre as fotos e alguns recalcados ficarem secretamente de pau duro.

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Byron Myers, um crust punk da Filadélfia, e alguns amigos acharam que seria engraçado fazer um calendário sensual com a mesma temática, levantando dinheiro para começar um site pornô independente com o tipo de pornografia a que eles gostariam de assistir. Eles contaram com a ajuda de um antigo punk de Nova York chamado Slug (que teria dado a última dose de heroína para G.G. Allin antes de ele morrer), que armou a coisa toda. Foi um sucesso.

A alguns quilômetros dali, Ashley Alms, 24 anos, conheceu Myers através do Tumblr. Ele revelou a ela seus planos para começar um site pornô punktosco. Alms já postava nudes na internet desde os 15 anos, tinha trabalhado num site pornô alternativo chamado God's Girls e, além do mais, estava de saco cheio de morar em Portland. Alms então viajou até a Filadélfia para encontrar Myers, e o Fringe Fuckers nasceu.

Desde então, o casal já fez vários filmes para o site com seus amigos, outros caroneiros de trem e pessoas aleatórias. Diferentemente dos pornôs alternativos padrão – que geralmente significam uma mina de roupa de látex imitando a Emily Strange e um cara ligeiramente loiro com os braços fechados de tatuagem –, a estética do Fringe Fuckers é pura imundície. Eles transam em seus quartos bagunçados, no mato – ou fazem orgias em porões que a vigilância sanitária fecharia de cara, porque, como o paparazzi original de Nova York Ron Galella disse uma vez: quando você é pobre e fodido, "o mundo é seu estúdio". Myers, Alms e seus amigos não estão interessados no chamado "pornô alternativo" de sites como Burning Angel ou ALT POP. (Além disso, Myers e Alms queimaram seu filme com a Burning Angel anos atrás quando o primeiro apareceu vestido de mulher num teste para o site. O pessoal do BA não achou graça na piada.)

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Sabe a molecada punk suja que fica pelas calçadas das cidades dos EUA com cartazes de papelão improvisados pedindo dinheiro? É esse pessoal que transa no Fringe Fuckers. E, diferentemente de muitos artistas pornôs trabalhando hoje, Myers e Alms fazem isso por alguns trocados.

"Não tem nada de errado com gente fingindo ser alguma coisa se estão sendo pagos. Fazer pornô certamente requer interpretação e é uma profissão, mas muito do [pornô alternativo] parece falso", Myers falou à VICE por Skype. "Vivemos mesmo a vida que estamos retratando. Não nos fantasiamos nem nada assim. Estamos basicamente documentando nosso estilo de vida. Nem somos pagos pra isso."

O que significa que as pessoas participando dos vídeos realmente curtem esse rolê e ficam contentes em receber uma boca cheia de sêmen, um vinho de caixa ou meio Klonopin como pagamento. O Fringe Fuckers libera seus vídeos para o público através do Clipvia, cobrando cerca de US$ 4,99 por um filme de 11 minutos. O casal sempre recebe mensagens no Tumblr pedindo novos vídeos, mas geralmente não tem como bancar novas filmagens ou não encontra gente nova para participar (punks dizem que vão participar, embora geralmente amarelem em cima da hora). Sem entrar em detalhes, Alms e Myers contam que usam o dinheiro do Clipvia a fim de comprar suprimentos para as filmagens (drogas, álcool e acessórios) e como renda extra. O site não é de maneira nenhuma a principal fonte de renda deles.

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Alms e Myers conhecem muitas pessoas através do Tumblr a fim de transar, assim como amigos que se voluntariam por uma garrafa de uísque. Mas não importa quem esteja envolvido: o importante para o casal é que tudo seja sincero e consensual. "Cada um escolhe com quem vai transar. É importante que as pessoas tenham a palavra final", explica Myers.

Alms cresceu no Illinois, onde foi adotada quando era recém-nascida. "Meu pai biológico cedeu seus direitos sobre mim quando fui adotada: ele assinou os documentos na traseira de uma viatura indo para a cadeia. Ele morreu num acidente de carro anos atrás", ela diz.

A família em que ela cresceu era formada por "bêbados típicos do Meio-Oeste", e ela largou a escola aos 17 anos para morar sozinha, completando o supletivo e começando a viajar de carona em trens. Ela acabou em Portland vivendo às custas de um pretendente, porém decidiu voltar para sua cidadezinha e não conseguiu achar um emprego.

"Aí dirigi minha van até a Filadélfia e nunca mais saí daqui", ela relata, rindo. Ela também nunca se preocupou em transar em frente às câmeras, admitindo gostar que as pessoas a vejam nua – ela inclusive anda pelada pelo apartamento do casal o dia inteiro.

Myers cresceu no norte da Virgínia obcecado por punk e metal, embora fosse ligado ao basquete, que jogava desde criança. Ele conseguiu uma bolsa de estudos para jogar basquete na faculdade. Ele acabou estourando o braço no último ano, porém conseguiu se formar. Depois, se matriculou numa escola de comércio, pagando pelo curso com dinheiro que fazia no último bar de strip-tease totalmente gay de DC, o Secrets.

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Myers começou a trabalhar no Secrets quando ele e um amigo foram a uma festa nessa boate que dava drinques gratuitos para os caras que ficassem sem camisa a noite toda. Eles ofereceram um emprego ao amigo, que recusou, mas Myers, bêbado e excitado, disse que aceitava. Ele não tinha ideia do que estava fazendo quando começou, dançando numa balada que chegava a lotar com mais de 600 gays cheios de tesão. "Felizmente, tudo que você tem de fazer quando dança para caras gays é ficar pelado, abrir a bunda e seguir a música", ele ri. Myers sempre se abaixava e abria a bunda com as duas mãos; no entanto, o clube o mandou parar – ele estava ganhando muitas gorjetas, e os outros dançarinos reclamaram.

"Muitos caras que trabalhavam lá diziam que tinham muito autorrespeito para [abrir a bunda com as duas mãos]", ele conta. "Eu ria na cara deles: 'Somos strippers gays, caras'."

Alms e Myers se uniram em seu amor um pelo outro e por uma boa foda. Os dois se lembram de ser doidos por sexo desde sempre – Myers até fez uma fleshlight caseira quando estava na sexta série com massinha de modelar e um tubo de papel higiênico. Eles também comentam que G. G. Allin estragou o rock para eles da melhor maneira possível. Seguindo o mantra dos fodidos de Allin, eles só querem viver do jeito que querem, e foda-se o que os outros pensam.

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Tradução: Marina Schnoor