Conheça o Selo Nova-Iorquino de Techno, The Corner

FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Conheça o Selo Nova-Iorquino de Techno, The Corner

Leia mais sobre a história da label comandada pelo DJ Anthony Parasole, o novo selo do Brooklyn preferido de Berlim.

"Se você faz sucesso em Nova York", diz o ditado, "faz no mundo inteiro". O selo The Corner, da Big Apple, irá provar, em maio próximo, que a máxima é verdadeira como tema de uma mostra de selos no clube berlinense Berghain, oficialmente "fazendo sucesso" na cena techno internacional depois de três anos agitados, que incluíram onze lançamentos, uma aparição no Boiler Room e turnês constantes pelo velho continente.

Publicidade

Novos Selos Estão Colocando NY de Volta no Mapa do Techno

Misturando um som cru com uma sensibilidade malandra tipicamente nova-iorquina, o selo evoluiu de uma ideia do DJ Anthony Parasole, enquanto assistia ao Os Bons Companheiros, para um dos mais respeitados selos underground do techno. Os seus lançamentos, muitos deles feitos exclusivamente em vinil, incluem sumidades do gênero como Marcel Dettmann, Adam X e Silent Servant. Os discos seguidamente se esgotam, alcançando preços elevados entre os colecionadores.

Parasole, um DJ veterano, um autoproclamado nerd de discos e ex-comprador para a loja Halycon, do Brooklyn, criou o selo para ser uma homenagem a uma era passada da música eletrônica, antes do download de música destruir a velha ordem, em que achar as faixas mais legais significava horas garimpando nas estantes das lojas.

"Queria que fosse como o disco na parede da loja", disse Parasole em uma pausa recente, depois de uma excursão a Amsterdã e Berlim. "Quando você o via na parede, sabia qual era aquele selo, conhecia aqueles sons".

Parasole cita selos clássicos como Strictly Rhythm, Tresor e Sound Factory como inspirações. Esses são selos que mantêm uma imagem icônica e forte identidade local. É uma fórmula que permitiu ao The Corner forçar sua entrada no cenário internacional com colhões, uma imagem forte e um som que reflete os ritmos frios e repetitivos da vida em Nova York.

Publicidade

Musculoso e tatuado, Parasole ainda guarda o ar de um comerciante da cidade criado no South Booklyn, embora há algum tempo ele revele sua profunda dedicação às minúcias de comandar uma gravadora – da produção e design às vendas e distribuição.

Parasole recrutou o designer e colega de clubes Ryan Ilano para desenvolver com ele a imagem e estética do selo, baseado no amor da dupla pelo techno, pelo grafite e por filmes de gângster. Ilano cita as lendas do grafite COST e REV como influências para o seu design marcante e agressivo. Os primeiros lançamentos vinham com pôsteres de massacres de gangues e pilantras de rua, imagens que combinavam com os ritmos sujos contidos nos discos.

"Essa sempre foi a minha ideia da estética do selo. Nunca fugiu disso. Sempre vai ter essa vibe sombria das ruas", diz Parasole. "Essas paradas eram muito reais em Nova York. Só queria representar isso na música."

"Nunca vamos ficar sem fotos do crime de Nova York ou da máfia", complementa Ilano com uma risada.

O som do The Corner é esculpido com ajuda da orientação do produtor Phill Moffa, que também é engenheiro de gravação do selo. Moffa trabalha em estreita colaboração com o engenheiro de masterização e lendário produtor nova-iorquino Dietrich Schoenemann para prensar alguns dos discos de techno com a melhor sonoridade do mercado. Para mostrar como a dupla domina a arte da masterização analógica, Parasole insiste que cada disco é prensado com uma espessura de 140 gramas.

Publicidade

Originalmente lançando apenas em vinil, o The Corner demorou a se conformar com a natureza digital da atual indústria de música eletrônica. Parasole ainda reluta em finalmente adotar os lançamentos digitais. Embora reconheça a importância da distribuição digital, para ele, poder baixar toda a discografia de um selo lesa o trabalho do DJ.

"Não gosto que um artista iniciante possa ter acesso a tudo. Não tem pesquisa, não se vai a uma loja de discos e se tem aquele diálogo, não se descobre novos selos", suspira.

O selo tem grandes planos para 2015, com oito discos a caminho. Um 12'' do Moffa, intitulado Attempt No Landing, foi lançado em fevereiro, e Parasole está preparando um novo lançamento, bem como um 12'', da dupla Civil Duty, do Brooklyn. "Gosto de lançar novos artistas, caras que não têm nome", ele diz.

O Civil Duty, ele espera, terá um nome após o seu próximo lançamento pelo selo. A dupla formada por Shawn O'Sullivan e Beau Wanzer usa equipamentos analógicos para imprimir uma sensibilidade do meio-oeste americano aos sintetizadores e à bateria eletrônica, preocupando-se menos com a parte técnica e mais com a emoção.

"Nova York é dura", diz O'Sullivan. "É muito diferente de, digamos, Berlim, onde os artistas têm mais possibilidade de passar entre 20 e 30 horas aperfeiçoando uma mix, semanas criando patches de Max, etc. Em Nova York, os produtores são mais propensos a simplesmente tentar lançar uma ideia o mais rápido possível, com os 45 minutos de tempo livre que eles têm."

Publicidade

Diferenças à parte, Berlim e o seus influentes formadores de opinião tem sido um dos públicos mais receptivos ao novo selo. O The Corner chamou especialmente a atenção da lenda alemã do techno Marcel Dettmann e da Ostgut Ton, sua influente agência de booking. A conexão abriu portas para o selo na Europa e permitiu a Parasole seguir sua vocação de DJ e chefe de gravadora.

Abandonar o seu trabalho diurno foi uma aposta que claramente já começou a compensar. Parasole frequentemente faz turnês pelos Estados Unidos e Europa e é DJ residente do Berghain e do Output, no Brooklyn. Ele até mesmo foi creditado pelo fabricante de áudio profissional Rane por ajudar no design do seu novo mixer rotativo, o MP2015.

Mas o foco de Parasole continua nos Estados Unidos, no The Corner. "Não vou me mudar", ele diz. "Amo Nova York. Amo voltar para casa."

Veja o Anthony Parasole, o Civil Duty e o resto do The Corner ao vivo no Berghain, no dia 9 de maio.

Para quem está em Nova York: confira o set do Parasole no 1o Baile Anual dos Residentes do Output, no Brooklyn, no dia 18 de abril. Coloque seu nome na lista aqui e entre de graça. Ingressos aqui.

Siga o Daniel Rodriguez no Twitter - @dan_rtype

Tradução: Fernanda Botta