O Pornô de Vingança Está de Volta à Deep Web

A luta contra o pornô de vingança — o compartilhamento de fotos ou vídeos sexuais sem consentimento da pessoa — teve algumas vitórias notáveis em 2015: Inglaterra e País de Gales apresentaram novas leis que criminalizam a prática, vários sites de "caiu na net" foram fechados e, na semana passada, o Google passou a tirar conteúdos do tipo de suas buscas quando solicitado.

Mas o tal revenge porn segue firme e forte na deep web. Entenda: depois de um famoso site do gênero localizado nas profundezas de internet ter sido encerrado, boa parte de seu acervo continua disponível para quem quiser.

O site em questão, o "Pink Meth", que funcionava na web comum antes de migrar para o reino do anonimato, permitia que as pessoas enviassem material sem deixar rastros. Alguns posts incluíam informações de contato e links para perfis de redes sociais das vítimas. O site também tinha uma seção em que as mulheres expostas eram encorajadas a relatar como suas imagens haviam sido obtidas para que fossem retiradas do ar, o que, claro, as constrangia ainda mais.

O site chamou a atenção da mídia quando o advogado texano Jason Lee Van Dyke moveu uma ação contra a página em nome de uma cliente. Dyke também se voltou contra o Tor, o navegador sem fins lucrativos que facilita o anonimato na rede e o uso de serviços ocultos.

Por mais que a ação não tenha resultado no fechamento do Pink Meth, o site foi tomado pelas autoridades em novembro de 2014 durante a Operação Onymous, que contou com a participação de diversas agências para encerrar as atividades de dezenas de sites na deep web.

Desde então, o revenge porn pareceu sumir da deep web. Até que, nesta semana, rolou a divulgação de uma série de fotos obtidas a partir do material hospedado no Pink Meth original. Estão inclusas fotos de 206 mulheres.

O Motherboard não pôde confirmar se este acervo representa de fato o conteúdo do site original, mas há alguns indícios meio que óbvios, a exemplo de fotos com a marca d'água PinkMeth.com.

As fotos e os vídeos estão localizados dentro do Pink Meth Archive, uma seção em um site da deep web chamado "The Porn Network", que também conta com fotos de contas do iCloud de celebridades que apareceram no 4chan no ano passado. O administrador de outro site adulto hospedado pela rede não respondeu nossas mensagens.

Como a localização dos servidores que operam o site não são divulgadas, as autoridades teriam dificuldades para identificar a empresa responsável e encerrar o site.

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Na internet normal, administradores de sites de revenge porn foram pegos e sentenciados. Kevin Bollaert, que cuidava do ugotposted.com, foi condenado a 18 anos de prisão, e Hunter Moore, do isanyoneup.com, declarou-se culpado de acusações de invasões este ano. Mas é bem difícil mover ações contra quem divulga pornô de vingança, já que existem poucas leis sobre o tema.

Pegar quem está por trás destes sites na deep web é ainda mais complicado. Por mais que tais sites possam, com o tempo, serem fechados, se seus operadores tomarem os cuidados necessários, eles podem escapar da identificação. "Olaudah Equiano", pseudônimo utilizado pelo dono do Pink Meth, até onde sabemos, segue livre.

Tradução: Thiago "Índio" Silva