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72 Horas Em

72 horas com Alice Dellal

i-D conversa com a fotógrafa, modelo e musa da Chanel Alice Dellal durante um aperitivo em Barcelona, antes do Grande Prêmio de Mônaco. Co-criado com MARTINI.

Foto: Gregori Civera http://www.gregoricivera.com/

'72 Horas' é uma nova série de entrevistas da i-D e de Martini que convida nossas figuras favoritas do mundo cultural para um bate-papo durante um aperitivo em algum dos mais belos lugares da Europa. Nessa segunda edição, Alice Dellal conversa com a i-D sobre sua nova contribuição como fotógrafa da Williams Martini Racing, sobre seguir os pilotos mundo afora, sobre trabalhar com Karl Lagerfeld e sobre a cultura punk contemporânea.

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No momento você está fotografando corridas de Fórmula 1 para Martini em Barcelona. Como está sendo essa experiência para você?
Para ser honesta, eu vejo isso tudo como uma benção porque fazer fotos é uma paixão que eu tenho e eu não vejo isso como trabalho. Eu quase sempre tenho uma câmera comigo e estou constantemente tirando fotos. Eu tenho muita sorte por estar fazendo isso, viajando o muito e fotografando um esporte tão sexy como esse. É muito legal trabalhar com Martini, uma das marcas italianas mais icônicas do mundo todo. É também um projeto interessante para mim, porque normalmente as pessoas estão somente focadas no que acontece no final de semana da corrida, meu intuito é captar mais do que isso. É um grande primeiro trabalho 'oficial' de fotografia.

É fantástico! Um projeto bem diferente das suas impressões digitalizadas no Tumblr.
Sim, bem diferente mesmo. Especialmente porque eu estou fotografando em cores e com uma câmera digital, quando eu estou acostumada a fotografar em preto e branco e com filme. Existem tantos fotógrafos no mundo hoje em dia. Todo mundo é um fotógrafo. Você tem uma câmera no seu telefone. Isso me assusta um pouco. Os trabalhos digitalizados são de quando eu estava no Canadá, eu estava revelando esse filme e algo deu errado. Eu não sei exatamente o quê, mas saiu do jeito que eu queria.

Você já conheceu algum dos pilotos da F1?
Sim, eu conheci o Felipe Massa e o Valtteri Bottas pela primeira vez quando eu estava em Sochi na Rússia. Eles são os dois pilotos da Williams Martini Racing. Todo mundo estava me apresentando para todo mundo e eu estava tipo: 'Oi, oi, oi'. Depois eu me encontrei com eles e eu casualmente disse: "Hey, como vocês se chamam?". E eles só olharam pra mim, provavelmente pensando: 'Quem é essa aí? Ela tá perdida?' Hilário.

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Foto: Gregori Civera http://www.gregoricivera.com/

Você tem outros projetos em andamento?
Eu estou atualmente arquivando todos os meus negativos porque eu estou no processo de fazer um livro. Juntamente, eu faço pequenos zines, todos publicados independentemente pela Tarmac, meu namorado e eu. Se eu estou fotografando para mim mesma, isso sempre funciona espontaneamente, eu gosto de fazer o meu negócio próprio. No entanto, eu tenho uma tendência para fazer muitas coisas relacionadas a música – bandas, capas de álbum, fotos para shows e essas coisas. É engraçado porque a maioria das pessoas esperam que eu seja uma fotógrafa de moda.

Você fazia parte da banda Thrush Metal, os vídeos no YouTube são espetaculares. Você está mexendo com música agora?
Bonitinhos, né? Obrigada. É uma pena pois nós nunca gravamos até o fim e, na verdade, nós tínhamos muito material quando ficamos finalmente bons nos nossos instrumentos. Tudo era muito DIY (do-it-yourself, ou em português, faça-você-mesmo), o processo todo, nenhum de nós sabia tocar. Nós literalmente aprendemos a tocar juntos e quando nós gravamos o EP – eu juro pela minha vida – havia três meses que tínhamos começado. É por isso que foi de algum jeito muito autêntico.

Vocês tem planos de voltar?
Nós sempre estamos falando em voltar. Foi o melhor momento da minha vida. Antes de começar a tocar, eu sempre pensava que era muito tarde, que eu nunca iria tocar um instrumento na minha vida. É quase como se assim que você não é mais um adolescente, você não pode aprender nada novo. Mas esse não é caso, não é mesmo?

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Eu posso lhe perguntar sobre sua carreira de modelo? Ela decolou na primeira década dos anos 2000. Como foi essa experiência?
Foi estranho, porque de novo, não foi planejada. Eu nunca esperei ser uma modelo. Minha primeira atração por ser uma modelo, foi honestamente ver o outro lado das câmeras e claro, viajar o mundo. O que é irritante é como as modelos são em sua maioria vistas como burras e em muito tempo elas são, mas em muito tempo também não. Alguém me perguntou outro dia: "Você acha que modelos não são mais somente manequins? Agora elas tem uma voz". E eu falei: "Oh, sério? Bem eu sempre tive uma voz".

Foto: Gregori Civera http://www.gregoricivera.com/

Como é ser uma musa da Chanel?
Eu sou uma modelo da Chanel, uma embaixadora até, mas um musa é uma fonte de inspiração e eu acho difícil acreditar que o Karl Lagerfeld achou isso em mim.

E trabalhar com o Karl?
Ele é maravilhoso. Ele é um ícone, eu odeio usar essa palavra mas ele é. Quando eu comecei a trabalhar com ele, sugeriram que eu seria boa para o Little Black Jacket book deles. Eles queria alguém que – em suas próprias palavras – fosse punk. Aliás, eu não estou me chamando de punk! Aí então eu comecei a trabalhar com ele e isso foi a coisa mais legal que aconteceu. Ele tirou umas fotos e ele usou a primeira. Esse é o motivo pelo qual eu amo trabalhar com ele. Ele é muito rápido. Ele sabe o que quer e sabe quando ele consegue isso. Naquele mesmo dia, eles me perguntaram se eu tinha contrato com qualquer outra pessoa e desde então, estou trabalhando com ele.

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Nós nos demos bem imediatamente. Ele é muito inteligente e fala milhões de línguas, literalmente em uma frase ele vai usar tipo umas 4 línguas. Trabalhar com a Chanel é incrível, eles realmente são os melhores dos melhores, não são? Mas é engraçado que quando eu comecei, eu não tinha essa noção. Eu trabalho com moda, eu sou uma modelo, eu cresci em volta disso mas eu vergonhosamente não tenho muita noção de moda, designers, tendências e tudo isso. O que eu não entendo dessa coisa toda é esse foco em temporadas. Eu penso tipo, do que você está falando? Coloque alguma coisa na qual você se sinta confortável e se você gosta, ótimo! Use.

O que você pensa sobre a cultura punk contemporânea?
A gente poderia falar sobre isso por horas. Quando eu penso em punk, eu penso em angústia, não-conformidade e rejeição ao convencional. Punk originalmente era uma forma de expressar a individualidade e a rebelião. Parece que agora ser punk é mais punk do que ser punk. Eu amo musica punk. Eu cresci ouvindo punk. Eu sempre fui atraída a isso. Eu me lembro uma vez quando eu era criança e andando pelas ruas eu vi esse casal punk com os moicanos e os spikes. Eu acho que eu tinha 5 anos e eu olhava fixamente pra eles admirada, tipo 'que legal, o que são eles?' Mas o que eu acho triste hoje em dia, é que mais e mais você vê pessoas como Chris Brown usando uma jaqueta de couro customizada com adesivos do Municipal Waste e do Cro-Mags. Tipo, o cara não tem a mínima idéia de quem eles são. É tipo nessas horas que eu penso que o punk…

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Foto: Gregori Civera http://www.gregoricivera.com/

Eu não quero dizer isso…
Ha! Não, eu na verdade não acho que o punk morreu. Quando eu vejo coisas desse tipo, então sim o punk morreu. Mas quem somos nós para dizer que ele morreu? Você ainda pode achar artistas punks fantásticos e genuínos pelo mundo. Eu li a melhor citação recentemente. Basicamente, um cara diz pra outro cara: "O que é punk?" Em resposta o outro chuta um latão de lixo e fala: "Isso é punk." Aí o primeiro cara chuta outro latão de lixo e fala: "Então isso é punk?" E ele responde: "Não, isso é uma moda."

Foto: Gregori Civera http://www.gregoricivera.com/

Fotografada em Bravo24, W Barcelona - www.w-barcelona.com/bravo

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