Furries nos contaram como descobriram que eram furries

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Furries nos contaram como descobriram que eram furries

“Quando finalmente fiz a fantasia, percebi que era como uma segunda pele para mim.”

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE Canadá .

Se você cresceu na internet, provavelmente já ouviu falar nos furries. Mas o que você acha que sabe sobre eles – "Ah, eles transam com fantasias de animais, né?" – é um equívoco prejudicial que assola o fandom há anos.

"A onipresença dessas representações do fandom furry geralmente é a única fonte de informação que temos [como sociedade]", disse uma das pesquisadoras líderes do mundo em furry, Sharon Roberts, à VICE. O FurScience (ou International Antropomorphic Research Project), a equipe de pesquisa de que Roberts é parte, descobriu em seus anos entrevistando e pesquisando furries do mundo que ser um furry na verdade é uma identidade.

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"Há muitos furries que não usam nada – é só algo que eles sabem sobre si mesmos", disse Roberts. Apesar das fursuits receberem muita atenção, Roberts disse que é importante lembrar que apenas cerca de 15% dos furries possuem uma dessas.

Fui para a maior convenção furry do Canadá, a Furnal Equinox em Toronto, para falar com os participantes sobre como eles descobriram que eram furries e quão importante o fandom tem sido na vida deles.

Orion, 21 anos, Dartmouth, Nova Escócia

VICE: Como você descobriu que era furry?
Orion: Eu estava saindo com um cara na época, e ele estava fazendo uma cabeça de fursuit. Me apaixonei por isso assim. Com a arte online, eu estava tentando me tornar uma artista, e tudo começou a se encaixar. Comecei a desenhar muitos animais antropomórficos, e alguém disse "Ah, você é furry!" E eu pesquisei sobre isso online e foi tipo "É, sou furry!"

E a coisa evoluiu daí, e realmente deslanchou quando comecei a costurar. Comecei a fazer fantasias de cosplay, e do nada alguém disse "Ah, você poderia costurar peles!" E trabalho numa loja de tecidos, então peguei algumas pelúcias e foi um longo caminho até aqui. Faço fursuits há dois anos.

O que o fandom significa para sua vida?
Meus amigos. Eles já se tornaram parte da minha família agora. Já larguei coisas da minha vida para ajudar amigos do fandom quando eles precisaram. Isso se tornou um lugar em que me sinto em casa e que, quando estou com a fursuit, todo mundo me adora e quer ser meu amigo. E se as pessoas não te adoram, elas respeitam o que você é e o que você faz. Isso me faz sentir bem-vinda.

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Como é ser um furry na costa leste?
Ah, é bem frio! Então é ótimo para usar a fursuit. Mas não é algo tão bem recebido quanto deveria. Só agora isso está dando frutos nas convenções locais de que tenho participado… Já me pediram para falar sobre o fandom furry numa convenção, para que as pessoas entendessem que não tem nada de assustador. Somos só pessoas que amam animais… Acho que esse é um grande passo para a costa leste.

Quanto às fursuits, como você começa a fazer algo tão complicado? Você aprendeu sozinha?
A parte mais bizarra é cobrir seu corpo de silvertape. Chamamos isso de "manequim de silvertape". Eu usei um pijama velho e pedi para um amigo fazer um manequim meu com silvertape, e é assim que você descobre seus padrões corporais e por isso os fursuits caem tão bem nas pessoas. Aí você acrescenta enchimentos e cola fita por cima. Tenho asas, tenho uma cauda móvel. Tenho patas que são metade garras de pássaro. Então você desenha como quer que os marcadores sejam. Parece simples, mas explicando é muito complicado.

Quanto tempo você levou para fazer sua fursuit?
Levei três meses para fazer a primeira. Esta [que estou usando agora] levou duas semanas. Quando estou empolgada, consigo fazer um corpo inteiro num dia. A cabeça em dois. Mas como esse não é meu trabalho de tempo integral, tenho que fazer pausas… Já fiz nove fursuits até agora.

Ser furry é parte da sua identidade mesmo quando não está usando a fursuit?
Orion realmente me ajudou a descobrir quem eu era. Eu tive uma fantasia antes e achava que era quem eu era. Na universidade, era muito ansiosa e tinha depressão, então comecei a desenhar essa personagem pássaro. Ela era atrevida, sabe, "Não aceito desaforo de ninguém". Disso, comecei a me sentir mais como eu mesma; não estava tão ansiosa nas aulas, eu sentia que tinha essa personalidade de hipogrifo surgindo. Eu tinha mais confiança e estava sendo o que sempre quis ser, mas não podia antes. Quando finalmente fiz a fantasia, percebi que era como uma segunda pele para mim. O hipogrifo é um amálgama de diferentes animais. A águia é orgulhosa e forte, a cabra é persistente e confiante, são muitas coisas diferentes que entram nisso que me fazem ser quem sou.

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O amigo de Azu, Vikxs, mostra seus chachás.

Azu, 30 anos, Jersey, Nova Jersey

Você pode explicar os crachás para mim?
Azu: Os crachás pendurados com um cordão em volta do seu pescoço geralmente representam sua fursona… Todo mundo tem crachás de convenções anteriores, e um patch do desenho atual, assim as pessoas podem se reconhecer pelos crachás e personagens, em vez de tentar colocar um nome num rosto. Os melhores crachás representam o que as pessoas realmente gostam. Alguns gostam de menos bling, outros de mais. Bling é só um cordão mais decorado. Algumas convenções fazem competições dos melhores crachás.

Você pode contar como descobriu que era um furry?
Desde pequeno, meus pais não conseguiam me fazer parar de usar fantasias. Eu colocava um cobertor vermelho na cabeça e batia as mãos, dizendo que era um dragão que cuspia fogo, com uma cauda que fiz de feltro… Na terceira série, mudei para outra escola e não tive uma infância muito boa. Coisas ruins aconteciam comigo, eu apanhava constantemente e fiquei à beira da morte em certo ponto… A única coisa que lembro é de ver o personagem Gabumon. E quando acordei eu estava em casa, e não tinha ninguém em casa.

Se não fosse aquele personagem do Digimon, acho que eu não estaria vivo. Fiquei muito perto da morte, e foi ali que a transição começou. Comecei a me sentir mais próximo dos personagens que das pessoas, porque as pessoas eram más e me provocavam. Quando entrei no ensino médio, comecei a entender meu personagem melhor, mas só descobri o fandom furry na faculdade, quando comecei a trabalhar com mídias mistas e usar personagens diferentes na minha arte… Foi quando percebi que furries eram mais que um hobby, e isso foi um chamado para mim. Descobri que havia mais pessoas como eu ao meu redor. Já estou nesse processo há 16 anos.

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Você disse que está esperando uma fursuit que encomendou. Como você vai sentir quando ela chegar?
Já faz um ano, e provavelmente vai levar mais um. Provavelmente vou chorar muito, porque vai ser um dos dias mais felizes da minha vida.

Nosferatu, 15 anos, Oshawa, Ontário

VICE: Quando você descobriu que era um furry e como?
Nosferatu: Foi na sexta série. Eu estava doente em casa, e um amigo me convidou para ir na casa dele tipo: "Cara, vem aqui, tenho uns vídeos que quero te mostrar", e eu disse "Não, estou assistindo Pokémon". Bom, encurtando a história, fui até lá e eram vídeos da Anthrocon. Não questionei muito a coisa toda, mas pensei "Quero um desses". Aí eu contei para minha mãe e ela respondeu "Ah, é só uma fase". Daí eu disse para ela que muitas pessoas viviam de fazer essas fursuits e ela disse "Acho que você pode tentar fazer alguma coisa com material local". Fiz minha primeira fantasia quando estava entrando na oitava série, e continuei até chegar aqui.

Como seus pais reagiram quando você entrou no fandom furry?
Minha mãe aceitou bem. Fomos para a Anthrocon e ela ficou bem de boa… Ela não sabia muita coisa sobre isso, então tive que ensinar tudo a ela.

O que o fandom furry significa para você?
Sei que muitos adolescentes no ensino médio passam por dificuldade, mas claro, tenho 15 anos, estou na 10º série [primeiro ano do ensino médio], ainda tenho mais dois anos na escola. Isso é só algo que me empolga, que me deixa feliz. Gosto de fazer as fantasias, e algumas pessoas já encomendaram fantasias comigo. É legal.

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Você frequenta uma escola católica, certo? Seus colegas sabem que você é furry?
Sim… Nunca sofri bullying de verdade. Sei que alguns amigos acham estranho pacas, mas eles simplesmente aceitam e dizem coisas tipo "Ah, seu lixo furry". E eu respondo "É, sou um lixo furry mesmo!" Meu professor de artes, na verdade sou muito amigo dele, ele me pediu para fazer uma mascote para a escola, e eu estou falando com o vice-diretor sobre isso.

Você acha que isso é algo que vai fazer parte da sua vida para sempre?
Provavelmente. Não consigo pensar em nada que poderia me fazer parar.

Cake, 21 anos, Kingson, Ontário

VICE: Você pode contar como descobriu que era furry e o que isso representa para sua identidade?
Cake: Eu tinha alguns amigos que estavam no fandom, e eu realmente não entendia isso. Mas comecei a gostar de anime e ir a convenções, então aprendi mais sobre o fandom e como ele poderia ser um escape criativo, com várias maneiras de se expressar… Então pensei "Eu posso fazer isso!" Fiz uma personagem para mim, e em certo ponto alguém me pediu para fazer uma fantasia para ele, e aqui estou, na minha quinta Furnal Equinox!

O que o fandom significa na sua vida?
É um grande escape criativo… Aqui você vê arte por todo lado. As fantasias, você vê quanto tempo e trabalho as pessoas colocam nelas. Você vê todos esses artistas fazendo o que amam e vendendo o que criam. É uma comunidade muito legal. É uma questão de se expressar e de criatividade. A vibe é ótima e as pessoas são gente boa, e festas são muito legais também.

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Você pode falar sobre as festas?
Bom, somos literalmente uns animais de festa… Com ou sem a fursuit. Quer dizer, temos que ser cuidadosos, né, você não quer beber muito na fantasia porque essas coisas nem sempre são fáceis de tirar.

Como você se sente sobre a percepção do público do fandom furry?
Acho que as pessoas sempre interpretam mal o que não entendem, certo? Então eu encorajo quando as pessoas chegam e perguntam "O que é isso? O que você está fazendo?" Adoro contar sobre essa grande aventura criativa. É um grupo de pessoas se reunindo e compartilhando essa experiência. Convenções de anime são superdivertidas e convenções de quadrinhos são ótimas, mas essa é uma celebração que ninguém mais faz. Essa é uma celebração do que nós fizemos, e é muito mais social e divertida, e tudo que você precisa fazer é perguntar.

Você pode ter mais de uma fursona?
Você pode ter mais de uma fursona, claro. É um meio criativo, e você cria os personagens e depois pode decidir "Não. Quero outro personagem para representar esse outro lado meu", com certeza. Ou você pode até ter personagens que não têm nada a ver com você.

Kin, 27 anos, Pittsburgh

VICE: Você pode contar como descobriu que era furry?
Kin: Bom, eu realmente amava filmes da Disney como O Rei Leão, o que foi uma grande influência. Por volta do ensino médio, conheci outros furries da minha escola, e gostei muito da arte e me interessei por pelo fandom.

Como você se sente na sua fursuit?
Para conseguir entrar na mentalidade da Kin – sempre que entro na fantasia, interpreto a personagem como se eu fosse a Kin. Tirar a cabeça quase estraga a ilusão completamente. A Kin é fêmea. E, na verdade, eu sou transgênero. Estou fazendo a transição de homem para mulher.

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Você sente que ser furry é tão parte da sua identidade quanto sua identidade de gênero?
Ah, sim. Furry é muito importante para mim. É quase um estilo de vida.

O que você acha da percepção do público sobre o fandom?
Depende. Tipo meu pai, ele não gosta de furries. Porque todo mundo em Pittsburgh diz que a gente caga e mija em caixas de areia… Não, a gente não faz isso. É tudo exagero. Tipo, tem um aspecto sexual nisso também. Há aspectos sexuais às vezes, mas mesmo na vida humana normal há aspectos sexuais. Mas considerando o fandom no geral, é algo muito saudável e família.

O que o fandom furry significa para você?
Definitivamente é um lugar onde sou aceita. É como nossa própria sociedade quando vamos para convenção. Tudo é muito pacífico e simpático. E como um tipo de adiamento… Você não precisa se preocupar com quem você é e o que está tentando ser. Em qualquer situação, digamos que você é um mineiro de ferro, você tem que fingir que é hétero, fingir que é normal; mas aqui você não tem que se preocupar com nada… Todo mundo se importa uns com os outros.

Sargento Snow, 24 anos, Midland, Ontário

VICE: O que são esses acessórios militares que você está usando?
Sargento Snow: Sempre me interessei pelo exército e até gostaria de me alistar um dia. Mas faço muito airsofting, que é tipo paintball, então coloco meu traje de airsoft e venho pra cá.

Como você descobriu sua identidade furry?
Descobri o fandom furry por acidente, na verdade. Criei meu perfil no Facebook em 2012, e naquela época, você tinha que ter uma foto de perfil. Como eu não tinha nenhuma foto minha no computador, comecei a procurar algo na internet e achei essa foto de uma coisa parecida com um cachorro, um carinha muito fofo. Então as pessoas começaram a me perguntar "Ah! Então você é furry?" E eu dizia "O que diabos é furry?" Então pesquisei mais sobre o fandom e estava falando com meus amigos, que não viam problema com eu ser furry, tipo "Bom, que animal vocês acham que representa melhor minha personalidade?" E eles disseram cachorro ou raposa. Então escolhi a raposa.

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O que o fandom significa para você?
Uma sensação legal, amistosa, quase como uma família. Não me dou muito bem com a minha família de verdade, então quando venho para as convenções e encontro pessoas que me perguntam "Ei! Tudo bem? Quanto tempo", é muito legal. Todo mundo é simpático, carinhoso e se importa com você. É muito, muito legal.

Quais os desafios de ser furry e morar numa cidade média?
Tento sair de lá sempre que posso. Minha cidade não é uma área muito furry-friendly. As pessoas não estão acostumadas com nada além do que classificam como normal. Mas hoje em dia na sociedade, nada é normal. É só que as pessoas não estão acostumadas, então recebo muitos olhares desconfiados. Mas também muitos sorrisos, sabe, as pessoas acham fofo, legal, coisas assim.

O que você acha da percepção do público dos furries devido a desinformação na mídia? Tem um episódio de CSI
CSI, NCSI Los Angeles. Acho que antes das pessoas fazerem suposições, elas deviam pesquisar mais… Um dia eu estava de fursuit em London (Ontário), e uma senhora passou por mim e disse "Ah, você não é um furry, é?" E eu disse "Sou sim". E ela disse "Ah, vocês todos fazem sexo juntos?" E eu respondi "Não, isso não é o que eu faço". Muitos de nós não fazem isso. O que as pessoas fazem entre quatro paredes – tipo, se você vai para a Comic Con, você tem o Batman traçando a Super-Girl. As pessoas curtem todo tipo de coisa. Isso não quer dizer que o fandom inteiro é assim. Essa é uma coisa séria que algumas pessoas ficam jogando por aí.

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Rose, 28 anos, e Arcanox, 22, Chicago

VICE: Vocês podem contar quando e como descobriram que eram furries?
Arcanox: Conheci o fandom provavelmente uns três anos antes de me juntar a ele. Um dos meus colegas de trabalho na escola, trabalho com suporte técnico numa universidade, era furry. Parecia uma coisa legal, mas eu não queria ser um deles. Um deles. Uma dessas pessoas estranhas. Aí eu fiz uma pesquisa e vi que não tinha esse negócio de "eles". É só um grande fandom que faz eventos de caridade e deixa as pessoas se expressarem.
Rose: Para mim, sempre gostei de me fantasiar… Aí notei que fursuits eram o próximo nível de fantasia e pensei "Ei, quero experimentar isso", e acabei com uma fantasia de lobo branco que assustava todo mundo. Foi uma evolução de cosplay mais simples para fantasias mais complexas, como essa, até um quadsuit onde você anda em quatro patas. Isso exige muito esforço físico porque você tem que andar de quatro e em cima de pernas de pau.

Quanto custou suas fursuits?
Rose: Tenho dez agora e outras cinco encomendadas. A mais cara que tenho foi $8.500, de um fabricante chamado Autumn Falling, que é a alta-costura das fursuits… Mas a maioria fica na faixa de $2 ou $3 mil.

Qual o papel do fandom na sua vida?
Arcanox: É uma parte grande da minha vida. Fiz uma tabela para saber em que convenções planejo ir este ano e lembrar de pedir folga. Quero conhecer todas essas cidades, tipo, Toronto é uma cidade muito legal. Quero explorar o país e o mundo indo para essas convenções. E as convenções em si são muito legais. É uma grande parte da minha vida agora.
Rose: Para mim, a principal função do fandom é amizade. Antes de me juntar ao fandom, eu realmente não tinha nenhum amigo, eu já tinha me formado na faculdade. Depois que você se forma, todos os seus amigos voltam para casa… e eu pensei "Ei, estou aqui, sozinha, não tem mais muita coisa acontecendo na minha vida". Acho que a segunda parte mais importante para mim é o trabalho de caridade. Recentemente fui convidada de honra numa convenção em Wisconsin e consegui levantar $2 mil para um abrigo de animais lá… A convenção inteira levantou $25 mil.

O que vocês gostariam que o público soubesse sobre a comunidade furry?
Arcanox: Na internet, quando digo para alguém que sou furry, ou mesmo na vida real, as pessoas viram para mim e dizem "Eca, quer dizer que vocês transam nessas fantasias?" e eu digo…
Rose: Não, essas fantasias são muito caras!
Arcanox: Não vou pagar milhares de dólares e estragar a fantasia com uma coisa dessas. Não tem nada de sexual. Eu sou assexual.
Rose: Eu também.

Na verdade, conheci vários furries assexuais hoje. Isso é comum no fandom?
Rose: Tem muita gente LGBTQ aqui… Eu sou agênero.
Arcanox: Muitas vezes, pessoas de minorias assim… Elas são muito discriminadas em público, e para elas, poder usar uma fantasia… As pessoas não focam nessa parte sua, elas focam na sua fursona. Isso ajuda a liberar o stress disso, e é um jeito melhor de se expressar. Sei que tem muita gente aqui que não se conforma com gêneros binários. E estando na fursuit, as pessoas não veem seu rosto, elas não fazem suposições sobre você nem sabem qual seu gênero, elas só veem a fursuit. É um jeito de se expressar como você realmente é.

As entrevistas foram editadas para maior clareza.

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