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Linhas, pontos e sombras: a tattoos ornamentais de Mariana Leal

Conheça o trampo da artista que é um dos destaques do Tattoo Festival.

A Mariana Leal é uma jovem tatuadora paulistana que vem se destacando pelo seu trabalho que mistura os estilos blackwork e ornamental. Em suas criações, ela costuma explorar principalmente as possibilidades de uma estética que usa linhas, pontilhismo, sombreado e variações de um único pigmento de cor. Após aquela onda de tatuagens multicoloridas com motivos oldschool ou orientais, vertentes de beleza mais sutil parecem estar voltando à demanda nos estúdios de tatuagem. E a Mariana surge entre os nomes que oferecem uma abordagem bastante autoral nesse contexto.

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Ela sempre desenhou e sonhou em trampar com criação, algum tipo de atividade manual ou ilustração. Mas, sem formação artística, alcançar esse objetivo parecia algo muito distante. Na tatuagem, ela viu a oportunidade de juntar seu amor pelo desenho com um ofício criativo e, ao mesmo tempo, manual. Daí ela começou a juntar todo o seu material de desenho e a colar nos estúdios em busca de uma oportunidade. E foi assim que virou aprendiz e entrou na área.

Depois de passar por diferentes estúdios, atualmente a Mariana faz parte da equipe do Tattoo Ink, cujos artistas vão participar do Tattoo Festival, dentro da programação do Pixel Show. Clique aqui para conhecer o trabalho dos tatuadores participantes, e se liga na ideia que trocamos com a Mari:

VICE: Conta pra gente como é a sua dinâmica de trabalho.
Mariana Leal: Eu gosto de ter uma conversa pessoal com o cliente antes de começar a desenhar. Ouvir suas expectativas, saber um pouco do seu estilo de vida, e todas essas informações que você absorve de um primeiro contato, são coisas que eu valorizo bastante e que me ajudam a fazer um mapa da criação. Depois disso, o caminho fica livre pra mim, e eu consigo desenhar com uma boa margem de aceitação.

Rola de as pessoas te procurarem simplesmente interessadas em ter algo com a sua autoria na pele, não importando muito a temática?
A tatuagem realmente se popularizou nos últimos anos, e eu sinto essa diferença nos clientes, que hoje estão muito mais informados. É claro que tem o cliente que chega na loja com váaaarias imagens, mas muitas vezes é alguém que já me conhece pelo meu trabalho no Tatoo Ink ou pelo Instagram e tem o meu estilo como referência, o que é muito legal! Quando isso acontece eu fico muito honrada, mas faço questão de conversar com o cliente para criar algo que seja compatível.

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Curioso que você não tem muitas tatuagens, né?
Acho que sou uma exceção aqui! Tenho poucas tatuagens, até por gostar de trabalhos grandes. Minha relação com a tatuagem é de muito respeito, então eu sempre segurei muito o impulso de me tatuar e vou me permitindo ter desenhos novos conforme a minha evolução. Hoje eu tenho três tatuagens e estou muito satisfeita com elas. Sempre busco tatuar com pessoas que admiro para aproveitar ainda mais e aprender com essas oportunidades.

Qual foi o desenho mais elaborado que você já criou para uma tattoo?
Muitas vezes a ideia mais simples é a mais complexa de ser feita! Lembro de um cliente que trouxe vários elementos de sua vida pessoal e gostaria de transformá-los em desenhos de caneta Bic para o braço. Pegar todas aquelas ideias e organizá-las com poucos traços foi um grande desafio, embora eu tenha curtido muito o resultado. Tatuagens por cima de outras tatuagens também são trabalhos que exigem muito planejamento e são mais elaboradas.

Qual foi a ideia de tatuagem que você mais gostou de ter realizado?
Não tenho um trabalho preferido, e acho difícil isso acontecer. É tanta dedicação, tanto empenho e carinho que você coloca na tattoo, que é fica difícil comparar uma com outra. Algumas me cativam pelo cliente, pela história, outras pela realização dentro da técnica. É muito legal ver seu trabalho se modificando e evoluindo a cada tatuagem e espero que seja sempre assim!

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Tem coisas que você se recusa a fazer?
Eu recuso trabalhos quando são cópias de outros artistas, e quando não consigo estabelecer um diálogo legal com o cliente. Às vezes, acontece do trabalho não ser a minha especialidade, nesse caso eu indico outro profissional.

Suas referências vêm do próprio universo da tatuagem ou de outras formas de arte?
Gosto de dizer que tudo é uma inspiração, o que eu ainda acredito. Faço cursos livres de desenho e pintura, e, mesmo não tendo relação direta com o universo da tatuagem, são coisas que ajudam bastante e acabam influenciando no meu traço. Dentro da tattoo as referências são muitas, mas vejo o tradicional como uma excelente fonte de referência.

É verdade que cada estúdio de tatuagem tem a sua própria cultura de trabalho? Uns mais comerciais, outros mais conceituais…
Sim, cada estúdio é único! Como eu comecei sem conhecer ninguém no meio, meus primeiros contatos com a tattoo foi em estúdios comerciais. Já trabalhei na zona oeste de São Paulo, no centro e no ABC. Aprendi bastante com essas experiências. Você aprende a ser mais versátil, a apresentar suas ideias, pegar ritmo de trabalho, etc. Depois disso, trabalhei no Zumba 13, na Vila Olímpia, e agora estou no Tattoo Ink da Consolação. Hoje eu atendo com hora marcada e posso focar apenas na minha linha de trabalho, o que facilita muito o meu desenvolvimento.

O Pixel Show, evento de arte e criatividade, rola neste fim de semana, dias 22 e 23, no Clube Hebraica, em São Paulo. Além de tatuagem, as atrações contam com uma série de palestras, workshops, exposições, sessões de live painting, música e intervenções.

A Mariana Leal está no Instagram e no Facebook.

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