Ninguém Dá a Mínima Para a Yayoi Kusama

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Ninguém Dá a Mínima Para a Yayoi Kusama

É tudo parte de uma grande busca pela selfie perfeita.

Se você, como eu, programou-se entre os dias 22 de maio e 27 de julho para visitar a exposição Obsessão Infinita, no Instituto Tomie Ohtake, deve saber do que estou falando. Depois do sucesso no Rio de Janeiro e em Brasília, a primeira exposição individual da artista japonesa Yayoi Kusama migrou para São Paulo, levando entusiastas da arte e muitos curiosos para o bairro de Pinheiros. E criando em torno do excêntrico edifício uma fila gigantesca composta pelos mais diversos tipos de pessoas, a maioria com uma característica em comum: o celular no modo câmera em mãos.

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A Princesa das Bolinhas, como foi apelidada pela imprensa, sofre de transtorno obsessivo compulsivo e alucinações que a fazem enxergar o universo da mesma forma como ela o expressa em sua arte. E é fascinante. Muitas cores, pontos, luzes, é como uma viagem lisérgica intensa ad infinitum que, na verdade, mostra como é mesmo o mundo real de Kusama. A exposição é elaborada para que você se coloque no lugar da artista e, assim, experimente pessoalmente de sua obsessão.

Fiquei extasiada e, confesso, um pouco reflexiva depois de imaginar como é a vida de uma pessoa com uma perspectiva dessa. Mas, ao meu redor, enquanto eu me deixava transportar para um mundo paralelo, as pessoas estavam extremamente preocupadas em se posicionar para tirar a foto perfeita. Afinal, é muito mais legal você ter uma foto borrada com um monte de bolinhas na sua cara, uma selfie na fila para o Instagram, o novo avatar do Whatsapp com um quadro no fundo e uma cover do Facebook no meio de bolas rosas pintadinhas, do que absorver a arte de Yayoi na sua essência. Como não pensei nisso?

Eis algumas situações que flagrei, enquanto passeava pela exposição pela segunda vez.