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Os Menonitas de Alberta e Sua Íntima Relação com um Notório Cartel Mexicano

Contatei o DEA para saber mais sobre a cadeia de fornecimento devotada e barbuda que entrega as drogas dos calgarianos.

Cocaína aprendida que o DEA acredita ter como destino final Alberta, Canadá. Via Twitter.

De longe, Grassy Lake, Alberta, não parece um lugar muito movimentado. O povoado rural ocupa menos de 1,6 quilômetros quadrados de uma pradaria entre Lethbridge e Medicine Hat, Canadá. A população é de 649 habitantes. De acordo com o jornal da cidade vizinha mais próxima, 80% dos residentes são menonitas.

Mas o que a entrada da Wikipédia sobre Grassy Lake não menciona é que o DEA, a Agência de Combate às Drogas dos Estados Unidos, revelou que a cidade é um centro de distribuição de uma operação de contrabando de maconha e cocaína ligada ao Cartel de Juárez, um dos mais mortais do México.

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Contatei o DEA para saber mais sobre a cadeia de fornecimento devotada e barbuda que entrega as drogas dos calgarianos. Felizmente, o agente Jim Schrant me ligou de volta minutos antes que a paralisação do governo norte-americano mandasse a assessoria de imprensa da agência para casa por tempo indefinido.

“Começamos a investigar um grupo de distribuição em larga escala de maconha e cocaína em 2010. Esse grupo operava no México e enviava grandes quantidade de droga para os Estados Unidos e, em seguida, para diferentes pontos de Alberta”, explicou Schrant pelo telefone, direto do Colorado, um estado que tende a ter uma abordagem amigável quanto à maconha. “Descobrimos indivíduos que se identificavam como menonitas mexicanos envolvidos no transporte e na distribuição.”

Mês passado, a investigação de Schrant interceptou 5 mil quilos de maconha (uma quantidade não muito amigável nem no Colorado) e 30 quilos de cocaína, sendo este último lote destinado a Grassy Lake, de acordo com registros telefônicos. O tribunal indiciou sete pessoas, seis delas conectadas com comunidades menonitas próximas de Cuauhtémoc, México.

“O Canadá é um destino altamente rentável”, Schrant explicou sobre a longa jornada do carregamento do México até Alberta. “Eles podem vender um quilo por duas vezes mais tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos.”

A relação entre menonitas canadenses e mexicanos é próxima. Os primeiros menonitas que se assentaram no México vieram de Manitoba nos anos 1920, principalmente para evitar o envio dos filhos às escolas públicas. Muitos começaram fazendas em Cuauhtémoc, uma cidade ao sul de Juárez. Agora, devido ao aumento dos problemas sociais na região, muitos menonitas estão migrando de volta para o Canadá.

Schrant disse que o cartel iniciou uma aliança com os fazendeiros menonitas, convencendo alguns a cultivar enormes plantações de maconha. De acordo com o DEA, os menonitas carregam as drogas em “compartimentos sofisticados” construídos dentro de tratores antigos e equipamentos de construção, depois os levam pelos Estados Unidos até o Canadá. Diferente dos amish, os menonitas não veem problema em motores de trator e outras coisas extravagantes como zíperes.

A apreensão de drogas mais recente estava ligada a várias prisões anteriores no Canadá. Ano passado, a Polícia Montada Canadense flagrou dois menonitas do sul de Alberta contrabandeando 16 quilos de cocaína em dois postos da fronteira. Mais dois menonitas mexicanos presos em Calgary esperam por extradição para os Estados Unidos. Schrant também citou um homicídio relacionado a drogas em Lethbridge em 2010, um caso que também estaria ligado às investigações.

“Nesses casos, sempre trabalhamos visando o nível acima, o comando e as figuras de controle”, disse Schrant, destacando a colaboração entre a Polícia Montada e o DEA. “Estamos tentando trabalhar nos níveis mais altos possíveis.”

Antes de desligar, Schrant fez questão de defender a reputação de trabalhadores dedicados da fé menonita. “Isso não define a comunidade menonita como um todo, de maneira alguma”, disse, mencionando “umas poucas sementes ruins” como culpados. “Eles tentaram usar a fé menonita como disfarce.”