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A Marcha do Dia 13 é de Apoio à Dilma. Mas Nem Tanto

Discurso é de censura e apoio condicional à presidente.
Foto por Helena Wolfenson.

A manifestação da sexta-feira 13 não é tão simples quanto parece. Embora defendam a presidente Dilma Rousseff (PT), os manifestantes são, ao mesmo tempo, críticos ao governo.

O ato tem a CUT (Central Única dos Trabalhadores) como cabeça. A convocatória - destacada no site da central - não menciona a defesa do governo e toca apenas tangencialmente no impeachment quando fala de "defesa da democracia". O nome de Dilma sequer é mencionado, assim como o panelaço e a própria marcha do dia 15. Na letra fria, parece uma nota de oposição ponderada.

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Por telefone, na segunda-feira, a assessoria de comunicação da CUT deixou isso ainda mais claro: "O ato é em defesa do trabalhador, não em defesa do governo".

O mesmo ocorre na UNE (União Nacional dos Estudantes), outra entidade do núcleo da mobilização. Os últimos tuítes falam "em defesa da Petrobras e da reforma política", mas não saem em defesa do governo, de Dilma ou do PT especificamente.

"Não se configura uma jornada puramente a favor do governo", reconheceu em artigo, hoje, Breno Altman, jornalista próximo ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ele associa, entretanto, a defesa da Petrobras, e da democracia como um todo, à defesa da presidente. À sua esquerda, as coisas não são bem assim.

A moçada do Levante Popular da Juventude apresenta uma "constituinte" como saída para o problema da corrupção, mas não se coloca em defesa de Dilma. O grupo prega a reocupação das ruas e ataca especialmente o PMDB, partido da instável base aliada do governo. "Não é uma manifestação de apoio ao governo. A questão que está colocada não é essa. Nós estamos indo à rua em defesa da democracia, da Petrobras e dos direitos dos trabalhadores. Isso não é defender o governo, até porque a Dilma não tem sido exatamente uma defensora disso tudo", destacou Lira Alli, do Levante Popular da Juventude.

O grupo publicou um manifesto atacando o ato do dia 15, numa das poucas manifestações explícitas à jornada opositora entre os organizadores do evento da esquerda.

O Psol (Partido Socialismo e Liberdade) afirma com todas as letras que "não endossará e nem participará de atos cujo eixo seja apenas de defesa do atual governo". A declaração é seguida de uma longa lista de críticas à política econômica.

"Nós não vamos a nenhum dos dois atos. Eles não respondem aos problemas de fundo do país. O do dia 13 só serve para blindar o governo numa defesa abstrata contra golpistas. Isso só atende ao que a direita quer, que é fazer onda. No fundo, eles têm um acordo profundo. Já o ato do dia 15 é coisa de uma direita profundamente reacionária, mesmo que eles tenham conseguido cada vez mais conexão com amplos setores que se opõem com indignação ao governo", disse à VICE o sociólogo Thiago Aguiar, do Juntos, ligado à juventude do Psol.