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Tecnologia

Por dentro da misteriosa “máquina de calibragem de iPhone”

Com esta máquina bizarra, você não precisaria consertar a tela do iPhone quando o aparelho pifasse.

Na semana passada, ofereci uma recompensa para quem me enviasse fotos da famigerada "Máquina de Calibragem do iPhone", um aparelho instalado nos fundos de toda loja Apple que permite à empresa monopolizar serviços de troca de tela e que, daqui uns meses, pode ser de suma importância caso a empresa decida integrar o sensor de impressão digital à tela do celular. (Ao que tudo indica, o novo smartphone da companhia não terá mais botão físico e usará todos os comandos na tela. Logo, será mais sensível e apenas funcionários da própria companhia seriam capazes de consertar, acertar, ajeitar, calibrar.)

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E parece que o apelo deu certo: há algumas horas, um informante anônimo e ex-trabalhador da Apple Store, bateu uma foto da máquina e me mandou. Ei-la:

E este é o lado de fora da máquina. Foto fornecida por outra fonte:

Segundo outro informante, a Apple começou a usá-la logo após o lançamento do iPhone 5S. "Parecia mais uma geringonça de fundo de quintal", me contou o ex-atendente. "Tinha diferentes 'encaixes' para colocar o iPhone, dependendo do modelo, antes de inseri-lo na máquina. Levava cerca de 30 minutos… Tinha um líquido estranho que precisava ser despejado na máquina e era preciso usar luvas para mexer. Tinha um monte de válvula e o escambau. Sem brincadeira, parecia mesmo um aparato de fundo de quintal. Nada a ver com o estilo Apple."

As peças com símbolos geométricos à esquerda servem para calibrar a câmera do telefone, e as peças "flock paper" [papel flocado] e "gray card" [cartão cinza] servem para calibrar as cores da tela. A Apple não respondeu à solicitação da Motherboard por comentários ou mais informações.

Não é de surpreender que a Apple detenha a tecnologia proprietária para testar os ajustes de iPhone antes de devolver o celular ao cliente. A função mais importante da máquina, contudo, é parear um novo sensor Touch ID com um celular antigo. A máquina está ligada a um iMac, que conecta o telefone a um servidor interno da Apple e permite recalibrar o sensor. Isso é algo que nenhuma oficina de conserto consegue oferecer, e faz da Apple a única empresa capaz de arrumar telas quebradas sem a necessidade de substituir os botões com Touch ID.

"Seria incrível se uma máquina assim fosse disponibilizada para oficinas de conserto independentes", comentou Justin Carroll, CEO da Fruit Fixed, oficina independente da cidade de Richmond, Virgínia. "Na hora de testar uma bateria ou trocar uma tela, facilitaria bastante as nossas vidas. A Apple bem que poderia disponibilizar suas ferramentas de diagnóstico a terceiros."

"Imagine ter que levar um carro à concessionária a cada troca de óleo", acrescentou. "Não dá, e monopoliza determinados aspectos dos negócios, o que raramente é bom para os clientes."

No último mês, foi revelado que a Apple planeja combater o "Direito ao Conserto", um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa do estado de Nebraska, nos EUA, que obrigaria fabricantes de eletrônicos a vender peças de conserto para consumidores e exigiria que as empresas disponibilizassem manuais de conserto e diagnóstico ao público. Embora local, o julgamento é acompanhado com muita atenção por todas as empresas americanas do setor. A decisão pode, afinal, influenciar o modo como serão feitos os consertos de aparelhos daqui para frente: se as empresas autorizarão ser algo mais democrático ou se seguirão no atual molde fechado e com máquinas bizarras e misteriosas tipo essa da foto.

Tradução: Stephanie Fernandes