Em pleno 2017, os avanços são modestos para pessoas T que buscam tirar novos documentos com nome social. Mesmo depois que a então presidente Dilma Rousseff assinou, em abril de 2016, um decreto permitindo transexuais de usarem o nome social em órgãos públicos federais, como ministérios, universidades e empresas federais, não é fácil para uma pessoa trans assumir legalmente, no Brasil, sua identidade gênero.
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Hoje, a única forma legal no país de um transexual ou travesti retificar o nome de registro é recorrer à Lei nº 6.015 de 31 de dezembro de 1973. É um processo que pode demorar de seis meses a dois anos, dependendo do entendimento do juiz.
E mesmo diante das dificuldades, que vão muito além das questões legais, três mulheres trans contam como conseguiram ser reconhecidas em seus ambientes de trabalho graças ao nome social. Um importante ponto de partida para a conquista de mais cidadania e respeito. Leia mais abaixo:
Ana Carolina Franzatto. Primeira funcionária trans da CET-SP
Aos 10 anos, Ana tentou dar vazão à sua identidade de gênero, mas, por pressão da família, seu lado feminino foi reprimido, mesmo diante dos alertas dos psicólogos para sua condição de criança trans. "Os médicos disseram que era melhor me criar como menina, mas minha mãe não aceitou. E assim vivi por mais de 50 anos."
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A primeira pessoa a saber que Ana assumiria sua identidade de gênero foi sua filha do coração, a Ana, na época com sete anos. O nome social é uma homenagem à pequena e o segundo nome, Carolina, uma escolha da filha. Nascia naquele momento Ana Carolina Franzatto.Se engana quem acha que o maior medo de Ana era contar sua decisão à família. O trabalho na CET era uma preocupação latente. A operadora relembra que, por causa de sua idade, a aceitação dentro de casa foi mais tranquila, mesmo que a mãe não toque muito no assunto. O problema, sentia, era como seria a aceitação no ambiente de trabalho. "Seis meses após começar a transição com hormônios, eu criei coragem e falei com o meu chefe. E minha história foi levada para o [chefe] superior e, de cara, me prometeram total apoio no que eu precisasse. E foi no dia 17 de setembro de 2016 que registrei meu nome social na companhia."A angustia, então, começou a passar. Ana contou com a ajuda das psicólogas da CET, que logo marcaram reuniões com funcionários para explicar o que estava acontecendo. "Se eu soubesse que eu seria tratada dessa maneira eu teria feito isso há muitos anos e teria melhorado muito minha qualidade de vida. Eu era uma válvula emperrada que voltou a funcionar."Ana conta que o departamento médico da companhia hoje tem um desafio: adequar a empresa para que as pessoas trans sejam bem recebidas e não sofram preconceito. "Abri uma porta travada que estava sem previsão de ser aberta. Alguns amigos ainda se esquecem de me chamar pelo nome social, mas muitos estão me chamando de Carol e me elogiam. Hoje eu vivo. Antes, eu sobrevivia."
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Pâmela Volp. Primeira vereadora trans de Uberlândia (MG)
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Uma de suas lutas travadas dentro da conservadora Câmara Municipal de Uberlândia era a de aprovar o projeto de lei Nome Social, que reconhece o nome social de pessoas transexuais e travestis no município. Depois de resistência por parte de vereadores evangélicos e até a retirada da pauta de votação, em 5 de maio deste ano, Pâmela conseguiu o número de votos necessários para aprovar o projeto de lei que, agora, aguarda o parecer do prefeito da cidade.