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Denúncias contra xenofobia na internet aumentaram 4000% após resultado das eleições

Apuração das urnas no último domingo fez milhares de pessoas registrarem queixas de hostilidade contra nordestinos. Houve aumento também de acusações de racismo, homofobia, neonazismo e violência contra mulheres.
Foto: Reprodução/ Twitter e Facebook

O primeiro turno das eleições no Brasil fez explodir o número de denúncias de crimes cometidos na internet que são recebidas pela ONG Safernet, famosa defensora dos direitos humanos na rede.

Os dados obtidos pela VICE mostram que as denúncias cresceram 105,5% entre 16 de agosto, início oficial da campanha eleitoral, e 8 de outubro. No mesmo período do ano passado, a ONG recebeu 8.875 denúncias. Neste ano, o número foi de 18.243.

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Todas as categorias monitoradas pela instituição registraram aumento, exceto tráfico de pessoas, que caiu 31,6%. Em especial, chama a atenção o crescimento de denúncias em duas categorias: “xenofobia” e “violência e discriminação contra mulheres”.

A primeira subiu mais de 4.000%. As denúncias contra xenofobia foram multiplicadas por 42 e são um resultado direto da apuração das urnas no último domingo, quando nordestinos passaram a ser hostilizados por terem dado na região vitória ao candidato Fernando Haddad do PT. A ONG registrou picos de denúncias tão logo os resultados das urnas foram revelados.

No total, foram 5.544 denúncias em 2018 contra apenas 130 em 2017.

Outro número que explodiu também está ligado a um tema importante da campanha. A categoria “violência e discriminação contra mulheres” teve aumento de 1.287% em relação ao ano passado. Ou seja, o número é 14 vezes maior do que o registrado em 2017. Neste ano, foram 1.568 denúncias contra 113 no ano passado.

As duas categorias foram alçadas ao topo entre as que mais reuniram número de denúncias no período. Pornografia infantil continua sendo o crime mais denunciado: foram 7.117 denúncias em 2018 contra 5.632 em 2017.

Porém, houve aumento de denúncias de racismo (14,7%), homofobia (52,3%), neonazismo (33,47%), intolerância religiosa (29,7%) e maus tratos contra animais (24%).

No período, a Safernet também passou a registrar uma nova categoria de crimes na rede, a invasão de conta de e-mail ou de redes sociais. Foram feitas 21 denúncias do tipo, todas ligadas à invasão do grupo de Facebook “Mulheres contra Bolsonaro”.

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“Os crimes aumentaram, muito em razão da polarização política na sociedade. A internet, como caixa de ressonância da sociedade, vai amplificar a polarização que existe fora das redes”, diz Thiago Tavares, presidente da Safernet.

Ele acredita que os números devem continuar altos na segunda pernada da campanha, que começou oficialmente ontem às 17h.

E O ZAP NEM TÁ NA CONTA

Achou alta a numeralha? Pode ser pior. As denúncias recebidas pela ONG dizem respeito a conteúdo encontrado apenas na web e em redes sociais. Ou seja, é conteúdo que tem URL e pode ser monitorado. O lodo que circula no WhatsApp não faz parte da conta.

As denúncias recebidas pela Safernet são encaminhadas ao Ministério Público Federal, que fica encarregado de conduzir investigações quando decidir necessário.

Viu alguma coisa e quer denunciar? Mete o dedo aqui. É totalmente anônimo e seguro.

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