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Tudo que sabemos sobre o suspeito do atentado a Capital Gazette, Jarrod Ramos

Jarrod Ramos, o homem acusado de matar cinco funcionários da Capital Gazette em Annapolis, Maryland, tinha feito várias ameaças de morte contra repórteres do jornal nos últimos anos.

Ramos vai comparecer ao tribunal em Annapolis às 10h30 da sexta para uma revisão de fiança, depois de receber cinco acusações de homicídio em primeiro grau.

A polícia disse que o suspeito ainda não deu um motivo para o ataque, mas registros do tribunal e as contas de Ramos nas redes sociais dão pistas.

Ramos tinha raiva do jornal desde que eles publicaram uma matéria em 2011 sobre o caso onde o homem de 38 anos se declarou culpado de assediar uma mulher — uma situação que a vítima descreveu no julgamento como “um pesadelo de um ano”.

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Ramos tentou processar o jornal e seus jornalistas pela cobertura. Um juiz derrubou o caso, mas Ramos continuou seus ataques através das redes sociais, incluindo várias ameaças de morte contra os repórteres.

Apesar da morte de cinco colegas, os editores do jornal juraram publicar a edição de sexta, que inclui cobertura do incidente:

Quem é Jarrod Ramos?

O suspeito morava em Laurel, Maryland, a meia hora de carro do escritório da Capital Gazette. Segundo a matéria de 2011 sobre o caso de Ramos, ele era empregado da Bureau de Estatísticas do Trabalho dos EUA, formado em engenharia da computação e sem registros criminais anteriores.

Ramos foi identificado na quinta-feira através de um software de reconhecimento facial, depois de desfigurar deliberadamente suas digitais.

Ramos cresceu em Severn, Maryland, e seu pai, Miguel Ramos, é um ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional e frequentou a Arudel High School, onde Edward Snowden também se formou, segundo sua conta no Facebook.

Vielka Ramos, tia do suspeito, disse ao Baltimore Sun — dono da Capital Gazette — que seu sobrinho era “muito inteligente”, acrescentando: “Ele tentava se comunicar com as pessoas, mas era um solitário que não tinha ninguém próximo”.

Ele sabia o que estava fazendo

Na quinta-feira, Ramos entrou no escritório da Capital Gazette armado com uma escopeta e bombas de fumaça. Segundo a polícia, o suspeito “procurou suas vítimas”.

“O que aconteceu aqui foi muito calculado”, a repórter da Capital Gazette Selene San Felice disse a CNN. “Acho que essa pessoa estava atrás dos editores.” Outro repórter, Phil Davis, descreveu o horror de se esconder na redação, acrescentando que “nada é mais assustador que ouvir várias pessoas serem baleadas enquanto você se esconde embaixo da sua mesa, e ouvir o atirador recarregar”.

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Ramos baleou e matou Rob Hiaasen, editor-assistente do jornal; Gerald Fischman, editor da página editorial; os repórteres Wendi Winters e John McNamara; e a assistente de vendas Rebecca Smith. Outros dois funcionários ficaram feridos mas já receberam alta.

Nenhum dos mortos ou feridos era diretamente responsável pela matéria sobre Ramos de 2011.

Rancor

Sete anos atrás, o jornal fez uma matéria sobre como Ramos stalkeou e assediou uma antiga colega de escola pelo Facebook e e-mail. Em certo ponto ele escreveu a mensagem: “Tome outro drinque e vá se enforcar, sua covarde”.

Depois que o jornal deu a notícia que ele tinha se declarado culpado, Ramos processou a organização por difamação, mencionando especialmente um jornalista que não trabalha mais no jornal, Eric Hartley, que assinava a história. Ele também processou Thomas Marquardt, o editor do jornal.

O processo foi arquivado em 2012, depois que um juiz decidiu que “não há nada nessas reclamações que prove que qualquer coisa publicada era, na verdade, falsa”.

A polícia no local do atentado em 28 de junho de 2018, Annapolis, Maryland. (Alex Wroblewski/Getty Images)

Mas Ramos continuou querendo se vingar do jornal e de Hartley em particular, mandando diversas ameaças de morte ao repórter.

Falando sobre as ameaças, Marquardt disse ao Los Angeles Times: “Ele travou uma guerra de uma pessoa só com qualquer coisa que pudesse reunir no tribunal contra a Capital. Na época eu disse: 'Esse cara é louco o suficiente para tentar nos explodir'”.

Fake News

Depois de atacar a mídia, ameaçar jornalistas com violência e rotular repórteres como “inimigos do estado”, Trump tuitou seus pêsames em resposta ao atentado:

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“Antes de partir de Wisconsin, fui informado sobre o atentado a Capital Gazette em Annapolis, Maryland. Meus pensamentos e orações estão com as vítimas e familiares. Obrigados aos policiais que estão agora no local.”

Quando repórteres perguntaram diretamente sobre as mortes enquanto ele partia para uma cerimônia de inauguração numa fábrica em Wisconsin, Trump ignorou as perguntas:

Ramos já tinha tuitado que apoiava Trump, em relação ao processo do então candidato contra a Univision em 2015, acrescentando que a Capital Gazette ter se referido a Trump como não qualificado poderia “acabar mal”.

Reagindo ao tuíte de Trump na CNN, a jornalista da Capital Gazette Selene San Felice disse: “Obrigada por suas orações, mas estou pouco me fodendo para elas”.

Imagem no topo: Jarrod Ramos, suspeito de um atentado com arma de fogo que matou cinco pessoas num jornal em Annapolis, Maryland. (DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DE ANNE ARUNDEL)

Matéria originalmente publicada na VICE US.

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