Uma espiadinha no novo documentário da Björk

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Uma espiadinha no novo documentário da Björk

Também conversamos com a lenda da música sobre aprimoramentos corporais, sonhos e o que ela gosta de fazer quando a vida tá foda.

Esta matéria foi originalmente publicada no i-D UK.

“Música é muito mais que apenas trabalho”, diz uma familiar voz islandesa durante o primeiro episódio de Work in Progress, nova e brilhante série documental do WeTransfer. “Se faço uma colaboração, quero que as ligações sejam genuínas, para que aquilo seja verdadeiro”. Com o objetivo de descobrir mais sobre os processos criativos por trás de alguns dos principais artistas atuantes hoje em dia, a série começa com a icônica e cinco vezes capas da i-D Björk e seu amigo, colaborador e incrível artista visual Jesse Kanda. Junta, a dupla criou a capa de Utopia, o intimista clipe de Mouth Mantra e ainda, talvez mais importante que tudo, o clipe de Arisen My Senses . Órgãos reprodutores esquisitos, matéria rosada e carnuda; sexo, vida e morte tudo junto, um ciclo completo belo e surreal.

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O documentário começa na Islândia, onde Björk explica que não há qualquer divisão entre natureza e pessoas: elas são a natureza. Então a artista fala sobre como foi crescer em Reykjavik em meio a uma pequena comunidade de músicos em que todo mundo se ajudava, compartilhando equipamentos e fazendo clipes juntos, tudo acompanhado de imagens de bandas punk dos anos 80 como Vonbrigði e Tappi Tíkarrass (a primeira banda de Björk). “O videoclipe é um dos formatos mais incríveis existentes”, continua. “Gente como Jesse, Nick Knight, Chris Cunningham – são todos artistas visuais. Eu me sinto como uma espécie de curadora”.

Jesse, um mestre da manipulação corporal, sonhou com os órgãos bizarros mencionados anteriormente e foi o responsável por trazer aquele mundo esquisito à vida, transformando Björk e Arca em duas belas criaturas aladas que reverenciam intensamente uma à outra. Confira com exclusividade trechos do documentário abaixo e também um bate-papo onírico com a própria Björk.

Olá Björk! Em Arisen My Senses você muda de forma. Caso pudesse aprimorar qualquer parte do seu corpo, qual seria e por que?
Quando eu e Jesse falamos do clipe pela primeira vez, lhe disse que sentia como se flores se abrissem a cada batida da música e junto de James [Merry] conversamos muito sobre orquídeas. Provavelmente eu curtia muito a ideia de ser uma planta e uma humana mutante, um híbrido otimista pós-apocalíptico – meio cagada talvez, mas muito feliz nesse sentido. James e eu trabalhamos muito em cima do que acabou rendendo fotos e outros vídeos. Jesse foi além, transformando mariposas em borboletas.

O clipe de Arisen My Senses é como um ciclo de vida simultâneo. Quando a vida a pesa, o que você faz pra se sentir melhor?
Me volto à música para tudo. Tento colocar o som certo pela manhã e caso consiga – nada muito passivo ou que soe ansioso – aquilo consegue melhor o dia. Mas é um malabarismo e tanto, sendo bem sincera.

Que obra de arte de outra pessoa você gostaria de ter criado?
Não encaro as coisas dessa forma – é como uma armadilha, que te tira do teu próprio caminho, mas sem for pra falar de inspirações, teria que citar o fato de que Meredith Monk acaba de apresentar uma obra bastante relevante no BAM semana passada aos 75 anos. Ela é uma grande amiga minha e abriu as portas para que mulheres possam envelhecer e crescer mantendo-se férteis. Isso é puro pioneirismo no mais decaído dos continentes; é corajoso e com menos seres humanos do que os que foram ao espaço! É como andar na lua de verdade!

Qual o último sonho do qual você se lembra?
Neste exato momento estou preparando uma turnê e ria nesta manhã sobre ter tido um sonho com o menor impacto simbólico jungiano possível: estar perdida em um subúrbio qualquer e não conseguir soletrar o nome da rua pro Uber… Ou tem algo profundo aí? Quem sabe?

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