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A BANCA DE BOLSONARO

General Santos Cruz: o militar responsável pela articulação política

Na série que apresenta os ministros do presidente do Brasil, a VICE conta a história do dono da pasta de Secretaria do Governo.

Não satisfeito em ser o primeiro presidente militar do Brasil em mais de três décadas, Jair Bolsonaro fez questão de encher o governo de generais, especialmente nos chamados “postos de confiança”. Para dividir a articulação política com Onyx Lorenzoni, o escolhido foi Carlos Alberto dos Santos Cruz, que ocupa a Secretaria de Governo depois de cinco décadas de experiência nas Forças Armadas.

Assim como o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, Santos Cruz é mais um da esfera de influência do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Como Heleno, Cruz comandou a Minustah, a missão das Nações Unidas liderada pelo Brasil no Haiti, e passou dois anos no país, chegando inclusive a receber uma visita oficial do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma foto dos dois juntos viralizou recentemente como notícia falsa de que o general se recusara a bater continência a Lula porque o petista havia chegado bêbado a uma solenidade.

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Um pouco mais velho que Bolsonaro, Santos Cruz formou-se oficial do Exército na Academia Militar de Agulhas Negras em 1974, apenas um ano depois da chegada do hoje presidente ao centro de formação. Ocupou uma série de cargos burocráticos em quartéis pelo país até chegar ao posto de general, em 2004, um ano depois de voltar da Rússia, onde passara dois anos como adido militar da embaixada brasileira em Moscou. Depois de voltar do Haiti, passou para a reserva em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff, no qual ocupou brevemente uma assessoria na Secretaria de Assuntos Estratégicos, então sob o comando de Moreira Franco.

Voltou à ativa no ano seguinte para uma nova experiência à frente de uma missão de paz da ONU, na República Democrática do Congo, de 2013 a 2015. Lá, teve a chance de comandar a maior missão dos “capacetes azuis”, com mais de 20 mil homens; mesmo assim, admitiu, em entrevista à Folha em 2014, que seu trabalho no país ainda era “limitado” diante do excesso de ameaças à paz e à democracia.

Sempre influente nos bastidores, Santos Cruz reaproximou-se do Planalto em 2017, quando foi nomeado secretário nacional de Segurança Pública, ligado ao Ministério da Justiça. Aumentou a quantidade de tropas da Força Nacional no Rio e foi um dos cabeças da ideia de intervenção militar na segurança do Estado, e ainda estava no cargo quando a medida foi anunciada por Michel Temer, em fevereiro do ano passado. Saiu em junho para assumir um posto de consultor da ONU, chegou a ser cotado novamente para o posto logo após a eleição – foi até “anunciado” involuntariamente por Carlos Bolsonaro. No fim, acabou ganhando seu próprio ministério em vez de ficar sob as asas do super-Moro.

No governo, o general se autodenominou “porta de entrada para o presidente”, e até agora tem cuidado principalmente de serviços internos, como o remanejamento de cargos entre os ministérios. Na entrevista que deu à TV Globo, ganhou aplausos dos conservadores por ter criticado o PT e acusado o partido de “fazer os sem-terra de massa de manobra”. “Estão na beira da estrada até agora”, declarou, além de prometer ser implacável com ocupações. “Este país tem leis e as leis vão ser cumpridas”, bravateou.

Também está suas mãos um pepino daqueles: a reestruturação da EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação, criada no governo Lula, acusada de ser deficitária e sem audiência e ameaçada de extinção por Bolsonaro. Uma das medidas iniciais foi o fim das exibições ao vivo do tradicional programa Sem Censura, que agora só terá programas gravados, ao menos até março, quando uma programação reformulada entra no ar. Santos Cruz também prometeu rever contratos de comunicação estatal, que tem gastos de R$ 160 milhões previstos para 2019. Em meio a um governo que tem batido muita cabeça, o general já deixou claro que não pretende brincar em serviço.

Nome: Carlos Alberto dos Santos Cruz
Idade: 68
Ministério: Secretaria de Governo
Formação: Bacharel em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp)
Partido: nenhum

Acompanhe os perfis de todos os ministros do Brasil na série A Banca de Bolsonaro . Novos textos às quartas e sextas-feiras.
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