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Música

Para o Buzz Osbourne, do Melvins, o Novo Documentário sobre Kurt Cobain é 90% Besteira

Amigo próximo e influência para o líder do Nirvana, Buzzo coloca em xeque a acuidade do filme.

Foto: cortesia da HBO Documentary Films

O intimista documentário sobre Kurt Cobain, do diretor Brett Morgen, Kurt Cobain: Montage of Heck, em cartaz nos cinemas brasileiros, revela um monte de material inédito, entre gravações em áudio, desenhos e filmes caseiros pinçados dos arquivos pessoais do líder do Nirvana, que deram corpo a uma impactante autobiografia de um jovem problemático que virou estrela do rock e acabou morrendo cedo demais. Montage foi bem recebido pelos críticos e fãs, porém uma discussão recém-publicada entre o biógrafo de Cobain, Michael Azerrad, da The Talkhouse, e o vocalista e guitarrista do Melvins, Buzz Osbourne, amigo e influência para Kurt, oferece uma contundente refutação. “Em primeiro lugar, as pessoas precisam entender que 90% de Montage of Heck é pura baboseira”, Osbourne diz. “Tem uma coisa que ninguém saca a respeito de Cobain – ele era mestre em tirar sarro da sua cara."

Buzzo prossegue questionando a veracidade de algumas das cenas mais importantes. Como a visceral sequência animada em que Cobain relembra uma história de quando tentou fazer sexo com uma colega de classe deficiente mental seguida de uma tentativa de suicídio próxima à linha do trem, que dá a deixa para a ridícula narração: “Naquela cidadezinha de merda, notícias excitantes dessa natureza espalhavam-se antes do pôr do sol.” Ou os lendários problemas de estômago de Kurt: “Ele inventou tudo aquilo para conquistar simpatia de modo que pudesse usar como desculpa para ficar sempre chapado. É claro que ele vomitaria – é isso o que as pessoas que usam heroína fazem, elas vomitam.” Ou sobre a relação do Cobain com a Courtney Love: “Quando Courtney fala, a verdade certamente está lá, mas só Deus sabe onde começa e onde termina.”

O desgosto de Osbourne em relação a Montage of Heck é que, ao lançar mão de largas porções da narrativa entre Kurt e Courtney com poucos contrapontos, o documentário expõe as falhas na credibilidade de sua perspectiva. Se Kurt era um tirador de sarro com um bastante registrado hábito de uso de drogas, contar sua história a partir de suas próprias palavras não vai ajudar a compor o retrato definitivo sobre quem ele era. Para um filme que muitos anunciaram como a palavra final acerca da trajetória do frontman do Nirvana, fica aqui anotado um asterisco.