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Música

O Diogo Strausz É um Monstro

O produtor musical carioca nos apresentou em primeira mão “Narcissus”, o single de seu primeiro disco autoral recheado de participações especiais e aprovado pela terapeuta.

Fotos por Eduardo Magalhães

Imagine só: você está parado no trânsito, tamborilando os dedos no volante e engatando a primeira duas vezes por metro. A garoa no para-brisa faz você ter saudades das férias de verão; seu bronzeado está por um fio. Eis que você liga o rádio e ouve este som.

As coisas ganham cores. Você volta a perceber a vida ao seu redor. Até o bronzeado ganha mais destaque. Você começa a dançar discretamente, sentadinho mesmo, e se transporta pra qualquer outro lugar que te faça feliz. Só volta pra si quando a música acaba e você ouve a buzina do velho ranzinza atrás de você, avisando que a pista está livre.

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A cena acima poderia muito bem ser uma peça publicitária – talvez pra um creme que conserva na pele a cor do verão – e olha que eu nem dei tantos detalhes. O que faz a magia acontecer é a música, e Diogo Strausz sabe muito bem como fazer isso.

Desde o R.Sigma, no início dos anos 2000, este produtor musical compõe muitos bons sons, tanto para si quanto para campanhas publicitárias. Isso explica sua alta capacidade de contagiar: “quando quero agradar não há puta que supere”. Diogo já trampou com nomes fortíssimos da cena carioca, como Alice Caymmi, Castello Branco e Leo Justi. A faixa “Homem” na voz de Alice e com produção de Strausz fica arrepiante e deixa qualquer Caetano Veloso orgulhoso. Se liga:

Mas a história de Diogo Strausz está só começando. Ele chega, em pleno 2015, com seu primeiro álbum autoral, Spectrum Vol.1, que segundo seu release modesto “se refere ao espectro musical e emocional do álbum. É uma chance de suprir meu desejo de me aventurar”. Para esta matéria, Diogo nos apresentou em primeira mão “Narcissus”, uma faixa megadançante que insere Keops e Raoni, os gêmeos do Medulla, num contexto diferente, mas sem perder a mão. O disco sai em janeiro e, além dos gêmeos, conta com participações de Apollo, Alice Caymmi, Danilo Caymmi, Jacob Perlmutter, Brent Arnold, Leno, Kassin e Ledjane Mota & Maria Pia.

Você pode ouvir "Narcissus", o som exclusivo, enquanto lê a entrevistinha abaixo.

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Noisey: Você trabalha com música desde 2000, certo? Como foi o amadurecimento da ideia de lançar um disco autoral?
Diogo Strausz: Sim, desde 2004, quando começamos o R.Sigma. Naquela época nem me passava pela cabeça que eu estaria fazendo o que faço hoje, mas a vontade sempre esteve ali. A parte mais intensa desse amadurecimento foi dos últimos dois anos para cá, em que tive de conciliar as coisas que eu dominava com as que estava testando pela primeira vez. Questões como "será que dá pra gravar uma banda com o Live?"; "aquela microfonação para bateria que li a respeito e parece interessante funciona?"; "e se eu tiver um prazo mas não tiver ideias?". Até que depois de dois anos eu tinha uma lista das minhas ideias musicais favoritas e me senti confiante para executá-las.

Pra você, existe diferença de esforço para produzir um EP e um disco? Qual você sente mais prazer em fazer?
Engraçado, pensando bem a sensação é muito parecida. Sinto no disco um comprometimento maior com a narrativa, apenas.

Você também produziu trilhas para peças publicitárias. Existe uma fórmula para conciliar gostos pessoais com a demanda exigida pelo seu cliente?
Sim, a fórmula é "meu lema é cliente feliz", quando quero agradar não há puta que supere. Adoro a leveza de trabalhar com publicidade, sempre ofereço as minhas melhores ideias mas há um desprendimento caso não seja o que o cliente quer. Tenho outras oportunidades de fazer as coisas a meu gosto e de todo modo me divirto com o desafio de fazer algo que fuja da minha zona de conforto. Apesar de que também tenho a sorte de atrair clientes que já gostam do meu trabalho, temos uma sinergia boa.

O single "Narcissus" é uma faixa bem dançante, me lembra a era de ouro da black music brasileira. Quais são as principais influências para sua composição?
Estava pirando muito no Eddie Kendricks, Curtis Mayfield, no Racional vol. 1 e fiquei super encantado quando ouvi o Charles Bradley pela primeira vez. De todo modo, fiz esse arranjo há uns dois anos, a canção era outra. Quando o Keops e o Raony [do Medulla] entraram na jogada fizeram algo novo e eu gostei muito também. Fora que gêmeos funcionam em outra frequência, não dá pra interferir demais e eu queria muito o timbre deles.

E como está o disco? Segue esta linha dançante ou é mais equilibrado?
É um disco muito honesto, minha terapeuta aprovou. Mas pouco dançante, não é pra pista, é pra fumar um, relaxar e dar umas risadas. Se estiver ao lado da mulher amada, podem dançar e rebolar um pouquinho em alguns momentos.

Podemos esperar shows para este ano?
A princípio não, ainda estou pensando se será possível formatar. E refletindo se esse disco daria um bom show.