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Música

O Pokécovers É a Combinação de Tudo que a Geração 90 Ama: Pokémon, Indie e Montagens

Entrevistamos os criadores da fanpage que coloca Pokémons nas capas de clássicos discos indies.

Nenhum jovem nascido nos anos 90 passou incólume à febre do Pokémon, o anime que angariou uma porrada de fãs no Brasil – e que causou convulsões em várias crianças japonesas após uma cena em que Pikachu solta raios.

Essas crianças cresceram, deram uns beijos, começaram a curtir um som, passaram na faculdade… mas mantiveram a paixão pelo desenho que conta a história do aspirante a Mestre Pokémon Ash Ketchum. Foi o amor por Pokémons e por uma sonzera alternativa que inspirou um trio carioca a criar fanpage Pokécovers, que incorpora os bichinhos do anime na capa de álbuns clássicos da música indie.

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A ideia partiu de Guilherme Oliveira, de 19 anos, que se descreve como um “vestibulando cansado”. Ele alimenta a página com a ajuda de Ananda Muylaert, 18, estudante de Artes Visuais; e Rafael Maddi, 19, estudante de Publicidade. O trio pira forte num som, mas, pelo visto, Pokémon é uma parada surreal para os três. A Amanda resume bem o sentimento por trás dessa conexão maluca: “A Pokécovers une as duas maiores paixões da minha vida e mais uma obsessão doentia que eu tenho desde pequena, que é Pokémon”.

Guilherme conta que teve a anunciação enquanto brisava num fórum anônimo sobre música. “Alguém teve a brilhante ideia de colocar um Mantine no lugar do nenê da capa do Nevermind, do Nirvana, aquele mesmo que uniu todas as tribos”, conta. “Já existiam várias paródias de capas de álbum por aí na internet, mas o fato de ter sido um Pokémon fez toda a diferença”.

Depois de meses com várias postagens e “likes somente de amigos que tinham um gosto musical parecido com o nosso”, a galera do E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante compartilhou a capa do álbum deles com um Snorlax, aquele Pokémon grandão e dorminhoco. “Por causa dessa cover nós triplicamos os números de likes e o alcance foi absurdo. Agora a gente ainda tá tentando lidar com toda essa visibilidade que atingimos, mas vamos ver o que vem por aí, né, não dá pra saber ainda”. O céu é o limite.

O cardápio é farto e agrada uma galera. Tem clássicos como o Daydream Nation, do Sonic Youth, que tem a vela na arte da capa substituida pelo rabo flamejante de um Charmander. Não poderia faltar Radiohead, não é, amigo indie? O manequim de The Bends deu lugar a um Drowzee. A rapaziada do hip-hop também está representada no Pokécovers. O clássico Madvillainy, do Madvillain - dupla formada por MF DOOM e pelo produtor Madlib - tem o Pokémon de pedra Cubone no lugar da máscara icônica do rapper anglo-americano. O pênis censurado de No Love Deep Web, do Death Grips, saiu de cena para a entrada do fofinho Digglett.

A lista de Pokémons atualmente está no número 718, então ainda dá pra viajar bastante nessas capas aí. Se depender da paixão dessa rapaziada, esse rolê não vai acabar tão cedo. “É uma paixão que eu carrego comigo desde pequeno. Ainda tenho meu Gameboy Color e Pokémon Yellow originais funcionando. É um universo muito vasto, o que possibilita uma grande liberdade na hora de fazer as covers”, diz Guilherme. Temos que pegar!