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Música

Mapeando a Música e o Estilo de ‘Pânico’

A trilha sonora, que inclui Nick Cave, The Connells e Alice Cooper, é do tipo que a molecada quer ouvir em casa para se sentir descolada. Ah, e os figurinos deste filme são muito, muito bons.

Oi, você gosta de filmes de terror?

Lançado em 1996, o primeiro filme da série incrivelmente bem-sucedida de filmes slasher de Wes Craven (já estamos no quarto agora) é perfeito. É como um livro da série Point Horror, dos anos 90, transposto para o cinema. Eu lia (ainda leio) muito os livros da Point Horror, principalmente porque gostava das descrições das roupas que os personagens usavam. Tinha uma mina particularmente má e assassina, de cabelo longo e vermelho, que usava um blusão verde escuro felpudo com uma saia xadrez. Sempre achei que soava muito estiloso (além de perigoso e psicopata).

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Os roteiros de todos os filmes da série Pânico, exceto o terceiro, foram escritos por Kevin Williamson, que também foi roteirista de Dawson’s Creek, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, The Vampire Diaries e Prova Final, entre outros. Ele é meu herói, e Pânico é cheio de elementos que são a marca dele: o diálogo é temperado com um humor rápido e mordaz, o cenário é uma bela cidade suburbana (“nada de horrível poderia acontecer em um lugar adorável como este”). Os adolescentes estão frustrados com o “sistema” e como se encaixam nele, tem muitos diálogos sobre sexo mas pouco sexo propriamente dito, os personagens fazem referência a filmes de terror (“por favor, não me mate, Sr. Ghostface! Quero aparecer na continuação!"). E, é claro, um dos personagens principais é cinéfilo. Sempre que Williamson joga um personagem desses em algum projeto, eu acho que ele está escrevendo o papel dele mesmo. Ele é Dawson Leery e Randy Meeks.

Mas mais do que outros projetos em que Williamson se envolveu, este filme é legal. A trilha sonora, que inclui Nick Cave, The Connells e Alice Cooper, é do tipo que a molecada quer comprar e ouvir em casa para se sentir descolada. Ah, e os figurinos deste filme são muito, muito bons. Aparentemente, as rainhas do pânico dos anos 90 se vestiam bem pra caralho.

Vamos começar pelo início, com Casey Becker.

CASEY

Ouvimos a voz de Drew antes de vê-la. Mas, quando finalmente a vemos, ela está linda, com esse chanelzinho loiro com a franja pesada, a pele branquinha com os lábios escuros e essa calça lilás com esse blusão bege. Ela deve ser uma das líderes de torcida mais descoladas da escola. Quero dizer, olha só o gato do namorado dela!

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Ele está usando o visual de atleta pré-anos 2000 perfeito, e eu sempre curto esse look – apesar que esses tênis são meio de tiozão.

A Drew Barrymore foi a primeira atriz a mostrar interesse no filme, e originalmente ia fazer o papel de Sidney Prescott. Mas, infelizmente, outros compromissos atrapalharam e, em vez disso, ela teve que aceitar um papel menor. Ainda assim, foram o entusiasmo e a paixão dela pelo filme que encorajaram outros atores e produtores famosos a embarcar no projeto. Em uma entrevista à Entertainment Weekly, ela disse: “Adorei que ficou irônico, mas ainda assim assustador, e foi um grande lance que meio que descreveu os gêneros, os ressuscitou e redefiniu, tudo num só roteiro. Fiquei doida”. Diz a internet que, para que Drew continuasse chorando e parecendo assustada durante as filmagens da sua única cena, o diretor contava a ela histórias reais de crueldade com animais. Ela adora cachorrinhos.

Eu amo a internet. Amo porque é a fonte de curiosidades como essa.

Casey incrementa sua roupa casual com uma casa de madeira branca gigante, cercada por pouca coisa além de mato e árvores.

A produção colocou esse balanço no jardim antes de filmar, e os proprietários da casa gostaram tanto que ficaram com ele.

“Ah, Sandra, esse balanço lá fora é uma graça!”

“Obrigada, Marie! Nós o amamos, ele nos lembra de tempos muito felizes”.

Aparentemente, ainda tem sangue falso no balanço.

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Se você gosta de plantas e jardinagem, pode ler uma entrevista com os donos da casa sobre a propriedade e a vegetação ao redor dela aqui. De nada.

Também acho que devo mencionar o telefone da Casey, porque me faz sentir saudades de telefones fixos e pout-pourris e combina muito bem com a roupa dela.

SIDNEY PRESCOTT

Sidney sempre me pareceu uma heroína de slasher esquisita. Acho que este filme foi feito antes de termos personagens femininas realmente fortes na TV e no cinema, revidando e chutando bundas… Certo, generalizei demais. Que seja, às vezes ela parece muito gritona *bocejo*. E, em um filme em que tantos personagens são divertidos e inteligentes e fazem piadas incríveis, Sidney é muito chata. Ela leva tudo muito a sério. Apesar que a mãe dela foi brutalmente assassinada um ano atrás, então talvez eu esteja sendo um pouquinho dura, e talvez ela deva ser totalmente séria para deixar a leveza dos outros personagens se destacar. (É só um pensamento que me vem quando revejo este filme todo ano.)

As roupas combinam com a personalidade dela, porque esta garota é 100% normcore. Ela é uma garota comum, e sendo assim, veste as roupas mais básicas possíveis. Tudo no visual dela é sutil. Jeans claros, camisetas de algodão e casacos em cores neutras, combinando com botas pretas ou tênis brancos. Parece que vomitaram a Gap em cima dela – e ela curtiu pra caralho.

Ela devia estar muito descontrolada nesse dia para escolher essa camisa floral vermelha. Me pergunto se tem um cardigã combinando.

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A Sidney realmente não tem nenhum traço de personalidade perceptível além de que é uma vitima muito trágica. Na verdade, o aspecto mais interessante dela, infelizmente, é que ela está namorando um bad boy, Billy Loomis. Nós os vemos juntos pela primeira vez no quarto da Sidney, quando ele entra pela janela e eles se agarram na cama, um momento que, ironicamente, tem como música de fundo “Don’t Fear The Reaper”, do Gus, vulgo Gus Black, vulgo Anthony Penazola.

(Você pode não saber, mas na sua variada carreira como produtor, compositor e diretor, o Penazola criou um novo nicho para ele como o cara que faz clipes para bandas alternativas que faziam sucesso nos anos 90. Os clientes dele incluem o Goo Goo Dolls e o The Used, e ele dirigiu o documentário Tremendous Dynamite: The Making of Hombre Lobo about Eels. Você pode assistir ao trailer aqui.)

Ah, na verdade eu estava errada, a outra coisa que define a Sidney é o fato de ela ser virgem. Então acho que é por isso que, para a primeira vez que ela aparece no filme, vestiram a Neve Campbell com uma camisolinha floral e prenderam o cabelo dela num rabo de cavalo balançante. O cabelereiro fez aquela parada anos 90 de puxar duas mechas do rabo de cavalo para contornar o rosto dela. Por que a gente fazia isso? Quando paramos de fazer? É muito Joey Potter, e ei, será que este filme usou o mesmo cabelereiro dela? Será que o Kevin Williamson tem uma cláusula no contrato dele que ele só pode criar protagonistas mulheres que tenham cabelos castanhos, usem jeans lavados e tenham mechas de cabelo ao redor das bochechas?

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Mas nesta cena também vemos que tem uma pessoa que pode fazer ela ficar mais safadinha: de novo, o bom e velho Billy.

Eu sempre acho engraçada a cara meio idiota que o Skeet faz quando olha para os peitos dela nessa cena. Gosto de imaginar que Neve está usando um desses sutiãs engraçados – você sabe quais – e ele ficou surpreso e estava tentando não rir.

O outro visual noturno dela é esta enorme camiseta coral com meiões. O que é o atalho do figurinista dos anos 90 para “a protagonista agora está muito triste porque foi magoada pelo homem da vida dela”. Na verdade ela devia estar comendo um pote enorme de sorvete e ouvindo Chris Isaak.

Aliás, esta é a casa da Sidney. Também é isolada e absolutamente ENORME. Esta cidade é cheia de mansões e mato.

Também tem muita mobília de ferro fundido na varanda dela. Duas mesas com cadeiras muito juntas – que porra é essa?!

Enfim, precisamos falar mais sobre aquele namorado dela…

BILLY LOOMIS

Billy vem da tradição de moda de Jordan Catalano e Troy Dyer. Ele tem o cabelo caindo na cara, o maxilar marcado e uma coleção de camisetas brancas e camisas de flanela para combinar com as suas botas de motoqueiro, jeans e uma carranca permanente.

Ah, ele também é um psicopata/serial killer obcecado por filmes de terror com um forte complexo de Édipo. Não é um sonho?

Não chegamos a saber muito do gosto musical do Billy, e duvido que ele tenha muito tempo para investir na ampliação da sua coleção de discos – serial killers precisam ser muito organizados e meticulosos – mas pela sua fúria tipo “o papai fez uma coisa errada”, acho que ele provavelmente é fã do Silverchair e do Smashing Pumpkins. Apesar que eu também acho que ele não se importa em ouvir um pouco de Tupac.

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Um tema musical dos três primeiros filmes da série é “Red Right Hand”, do Nick Cave & the Bad Seeds, do disco Let Love In, o maior sucesso comercial dele até hoje. Esta música foi usada em todos os filmes, e é amplamente aceito que é a faixa-tema não-oficial da trilogia. Também foi usada em Debi & Lóide dois anos antes, o que faz menos sentido. Eu me lembro desse filme ser assustador, mas de um jeito diferente.

A letra de “Red Right Hand” é perfeita para o primeiro filme. Nick canta sobre o garoto que “parece tão meigo, verdadeiro e legal/ Mas coloque esse garoto para depor/ E o veja levantar/ A sua mão direita vermelha". Quero dizer, esse é o Billy. As mãos dele são escarlates.

Aliás, 1996 também foi o ano em que a Tori Amos foi processada por um homem que bateu o carro porque estava distraído com um outdoor que anunciava o novo disco dela. A foto no outdoor a mostrava amamentando um porquinho.

STU MACHER

“Onde o Matthew Lillard está agora?”, você grita, jogando coisas pelo seu quarto, caindo de joelhos e erguendo os punhos fechados para os céus, “POR QUE LILLARD NOS ABANDONOU?”.

Na verdade ele não nos abandonou, então pode ficar frio. Ele recentemente interpretou Daniel Frye, um repórter drogadito no remake americano da famosa série dinamarquesa/sueca The Bridge (apesar que o programa há pouco foi cancelado – bu!). Ele também faz a voz do Salsicha na versão animada de Scooby Doo, um personagem que ele também interpretou no filme live-action. O Salsicha é o papel ideal para ele; durante os anos 90, ele se destacou interpretando personagens bobões em uma longa série de filmes adolescentes – alguns deles sádicos e violentos, como Pânico e Morte Certa, outros hilários, como Ela é Demais, Jogada de Verão e Hackers. Eu imagino que o agente dele seguidamente usava a frase “um jovem Jim Carrey” para descrever a sua energia maníaca que pode evoluir para a loucura total.

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Em Pânico, somos apresentados ao seu Stu Macher como o namorado da melhor amiga de Sidney, Tatum. Ele é um junkie insensível, popular e rico, mas meio esquisito. Ele também é meio babaca. Você pode deduzir isso pelo blazer brilhante que ele usa na sua própria festa.

E também porque ele é o braço direito MUITO LOUCO do protagonista sério e introvertido, Billy, ele adora camisas estampadas e bijuterias.

Olhe só para ele usando a mesma camisa abaixo, sendo o Stu doidão, levantando a namorada no ar e deixando-a doida com a sua maluquice.

Nunca chegamos a saber de verdade por que o Stu se envolve com as paradas psicopatas do Billy – ele está muito, muito, MUITO entediado? Ou é muito impressionável? Acho que devemos simplesmente aceitar que a influência do Billy o leva a segui-lo pela trilha do jardim até o quarto da mãe da Sidney, onde ele a assassina brutalmente. Sei lá. Por influência de amigos fiz algumas besteiras em festas, mas nunca matei ninguém. Talvez ele só adorasse o Billy?

A música do Stu tinha que ser “Youth Of America”, do Birdbrain, porque ele meio que tem um cérebro de passarinho. Se você não está familiarizado com a faixa, é um clássico do rock alternativo dos anos 90, a letra fala sobre como os adolescentes americanos estão metidos em encrenca e como devíamos ficar de joelhos e rezar por eles. Infelizmente, esta é a única música que pode ser evocada pelos fãs do Birdbrain, um fato citado amargamente por alguém na Wikipédia: “A subestimada banda só é conhecida por 'Youth of America'. Em Pânico, quando foi ouvida na festa, todo mundo adorou, mas ninguém se lembra dela”. MEU DEUS, PESSOAL, POR QUE NÃO LEMBRAM DELA?

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Esta é a mansão isolada do Stu, adoro como ela é gótica. Aparentemente, havia um rumor no set de que os últimos proprietários da casa tinham morrido lá dentro pouco antes das filmagens começarem. Ah, meu Deus.

TATUM RILEY

Tatum é meu amorzinho. Eu a amo tanto. Ela é engraçada e linda e uma ótima amiga para a Sidney até, bem, você sabe, o incidente com a porta do gato. Ela é interpretada pela sempre brilhante Rose McGowan, que pintou de loiro o cabelo dela, normalmente preto, para não competir capilarmente com a Neve Campbell. Achei muita consideração da parte dela.

A minha roupa preferida da Tatum é esta acima. Se você quer se vestir como as meninas dos filmes adolescentes dos anos 90, esse é o visual que você quer. Lembra Cher Horowitz e Corey Manson. Adoro as botas brancas, a saia xadrez (é claro) e a blusa de gola alta amarela.

Olhe esta jaqueta jeans nada prática que ela usa. É super curta, as mangas são curtas demais e esse decote enorme não tem a menor utilidade.

Mas este visual abaixo, ah, meu bom Deus. Gosto como ela incrementa esse visual – camiseta de futebol americano curtinha, jeans vermelho com uma listra branca e bolsa de zebra – com um pirulito e trancinhas. Cuidado, pessoal, a Lolita quer voltar para a Liga Americana.

Aliás, em A Hora do Pesadelo, o Johnny Deep também usou uma camisa número 10. Uma salva de palmas dos cinéfilos para Kevin Williamson, por favor.

Na cena abaixo, quando as duas BFFs estão sentadas na varanda ridiculamente grande da casa gigante da Tatum, recém ouvimos "School's Out", do Alice Cooper. Esse hino de inconformismo e rebeldia escolar foi lançado em 1972, e pais, professores, psicólogos e diretores ficaram tão chocados com ele que pediram que as estações de rádio fossem proibidas de tocá-lo – para sempre. Ainda assim, chegou ao primeiro lugar das paradas em diversos países, então os odiadores de Cooper devem andar surtados. Me pergunto como se sentiram quando a Staples usou a música num comercial em 2004, com o próprio Cooper circulando pelos corredores, comprando material escolar. Yeah! Rebeldia!

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A última roupa incrível da Tatum pode ser vista abaixo. Ela manteve a blusa de gola alta e as botas, mas colocou a sua saia psicodélica dos anos 70. É uma roupa muito legal para uma festa. Perfeita para ficar numa boa, tomar umas cervejas e morrer de uma forma horrível e dolorosa.

GAIL WEATHERS

Sim, Gail!

Queria que pudéssemos ver mais as roupas da Gale, porque acho que ela com certeza tem muito mais tailleurs neon. O guarda-roupas dela é tipo uma versão psicodélica do guarda-roupas da Ally McBeal. Olha só essa saia! Os botões são tão desnecessários, adoro!

Também reserve um tempo para admirar a franjinha rala e as mechas loiras dela, bem largas.

Lembro que quando vi este filme pela primeira vez não conseguia acreditar que a Monica Geller estava sendo tão fria, maldosa e boca suja. Curti tanto! Também curtia esta jaqueta com esses botões brancos enormes e costura branca.

Hm, esquisito, mas esse não é o corte de cabelo da Rachel?!

Ela tem que usar um pouco de oncinha, mesmo que seja num acessório de cabelo. A personagem dela é a estampa de oncinha encarnada. Ela é um gato selvagem perigoso, armando o bote, e meu Deus, ela é linda.

Esta jaqueta de couro abaixo é a coisa mais feia que eu já vi na vida. Não entendo o que aconteceu, Gail. Como você chamaria esse tom de couro falso brilhante? Cagalhão? Caramelo mofado?

Que seja, ainda a amo, e é por isso que a música no filme que mais combina com a Gail é "Drop Dead Gorgeous", do Republica. Semprei adorei a vocalista dessa banda, Saffron, vulgo Samantha Sprackling (parece que os nomes artísticos estavam mais em alta nos anos 90). Ela tinha, e acho que ainda tem, mechas vermelhas enormes no cabelo. Mais uma ligação com a Gail.

Quero escrever sobre as roupas do Dewey, mas no primeiro filme ele está quase sempre usando o uniforme de policial. Ainda assim, ele fica lindo nele.

Apesar de interpretar um personagem supostamente sete anos mais velho do que os estudantes, na verdade David Arquette era mais jovem que Skeet Ulrich, Matthew Lillard e Jamie Kennedy. A música dele é "First Cool Hive", do Moby, porque o David é muito doce e sossegado, e imagino que foi este tipo de música que ele usou para seduzir a Courteney Cox depois das filmagens. Olhe só os dois no set, se apaixonando.

Elizabeth volta e meia tuíta sobre TV e cinema aqui.

Tradução: Fernanda Botta