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Música

‘Chorrindo’ a falta de Naná Vasconcelos

O lendário percussionista pernambucano morreu na manhã desta quarta (9), aos 71 anos.

Foto por Gillfoto

Fui pego de surpresa uma vez por Naná Vasconcelos há mais de uma década. Era um show íntimo com pessoas sentadas em desconfortáveis cadeiras de plástico no Sesc Bauru. Ele, soberano e sozinho no palco, conseguiu fazer muita gente se emocionar. Ele pediu que fechássemos os olhos. Fez alguns sons de pássaro e pediu que um lado da plateia fizesse um som grave enquanto outro tanto estalasse os dedos. Pronto, Naná me levou para um rio amazônico e até hoje tenho saudade daquelas águas. Foi a primeira vez que o percussionista me fez chorrir.

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Na manhã desta quarta-feira (9), ele se foi em decorrência de um câncer de pulmão que já o mantinha internado há 10 dias. Às 7h39, aos 71 anos, o berimbau de Naná se calou.

O homem que respirava música e a exalava por todos os poros, se embrenhou na música desde muito novo. Aos 12 já vagava entre os maracatus e na banda marcial do pai. Em 1967, aos 23 anos, mudou-se para o Rio e a partir daí gravou e tocou com gente quase ou tão foda quanto ele.

Milton Nascimento

,

Egberto Gismonti

,

Hermeto Pascoal

,

Gilberto Gil

,

Yamandú Costa

,

Pat Metheny

,

Collin Walcott

, B.B King e mais um montão de músicos. Na estante de casa, ficaram oito Grammys e por oito anos Naná foi considerado o melhor percussionista do mundo pela publicação americana Down Beat.

O último disco, 4 Elementos, o 25º de sua carreira, foi gravado em 2013, mesmo ano que fez a trilha sonora da animação O Menino e o Mundo, que concorreu ao Oscar este ano.

Vá em paz, Naná, o homem que batucava nas águas, fazia — e continuará fazendo — muita gente chorrir.

​Foto por Maciej Jaros

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