A História do Hardcore Brasileiro Contada pelas Coletâneas do Nenê Altro, Parte II

Chegamos ao terceiro e penúltimo post da coluna que resgata e coloca em perspectiva histórica as coletâneas em CD já reunidas pelo Nenê Altro, um personagem ativo na cena punk/hardcore desde o final dos anos 1980 e atualmente à frente de bandas como Dance of Days e Seek Terror, além de ter recém-lançado o selo Hard Kiss. Estamos jogando luz sobre dois projetos com proposta bem específica. Trata-se de duas séries de compilações que ele lançou intercaladas, pelo então selo Antireckordz, no período entre 2010 e 2012. A intenção de ambas iniciativas era revelar novos nomes de garagem, que ainda não possuíam projeção no esquema alternativo.

A seleção dos nomes que preenchem os álbuns que o Noisey disponibiliza linhas adiante pra você escutar ou baixar foi exaustiva, o Nenê me contou, afinal, o underground também tem lá suas panelas, e muitas vezes, a gente nem fica sabendo das inúmeras bandas interessantes fazendo um som honesto por aí. Enquanto a série de cinco CDs Rock São Paulo se dispôs a redescobrir a cena e a força do rock independente paulista, a Manual de Resistência teve três edições e veio com o mote de fazer o mesmo em âmbito nacional.

"Com as coletâneas Rock São Paulo e Manual de Resistência eu ajudei quase 150 bandas e muitas delas se conheceram ali e começaram a trocar shows entre cidades e até a fazer turnês juntas. Isso é muito gratificante, ver um pouco do seu trabalho refletir no corre de cada banda. Acho que foi por isso nunca desanimei. Para mim isso é super importante, manter a cabeça das pessoas aberta e incentivar a cooperação, a organização local de shows, o faça você mesmo", comenta Nenê a respeito da investida.

Quando perguntado sobre os critérios que geralmente leva em conta na hora de selecionar o que vai entrar em cada disco, já que são muitas as demo-tracks que chegam batalhando um espaço, ele responde sem rodeios: "Meu pente fino é bem simples, dou preferência para artistas que já fazem o seu corre, que já lançam suas demos e, principalmente, que agitam a cena localmente. E pra bandas que vejo ao vivo e conheço as pessoas, principalmente. Já e-mails que chegam com frases do tipo 'Oi, eu sou produtor de tal banda', eu nem abro. Banda de garagem ou punk/hardcore com produtor? Vai pro inferno, né?! (risos)".

Depois dessa, só resta apertar o play e sair pogando.

Se você não acompanhou os posts anteriores, fique por dentro do lançamento mais recente, o Frequência Alternativa, clicando aqui, e relembre as clássicas coletas da fase Teenager in a Box/Antimídia Records (1996-2003), clicando aqui. Botamos tudo pra streaming/download.