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Música

O Creepers Tem o Mesmo DNA que o Deafheaven, Mas Tá Mais Interessado no Shoegaze

Vindo de Bay Area e com quatro pés no Deafheaven, o Creepers quer levar shoegaze e texturas ao maior número de ouvidos. Leia nossa entrevista com a banda.

Bay Area, na Califórnia, é tipo um berço esplêndido para a música. Ali já nasceram, cresceram e se desenvolveram Sly and the Family Stone, Tom Waits, Faith No More, Primus, Operation Ivy, Jawbreaker e Metallica, só para citar alguns nomes importantes. O hardcore e o thrash metal lavaram a alma de muitos jovens nos anos 80 e 90, e quem cresceu com essa herança musical e cultural eventualmente se sentiu impelido a retribuir as boas lições de vida lotando os estúdios de gravação e produzindo discos. O Creepers, formado por dois quintos do Deafheaven e que você conheceu aqui pelo clipe de “Vanishing”, foi atingido em cheio pelos shows da juventude, como nos contam Daniel Tracy (bateria) e Shiv Mehra (vocal e guitarra).

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O envolvimento com a música de Bay Area naquela fase da vida esculpiu a confiança deles como músicos e também como pessoas, e talvez isso os tenha deixado à vontade para circular entre as texturas etéreas do Deafheaven e o shoegaze vibrante do Creepers. Confere aí nossa entrevista com os caras, que atualmente divulgam o disco Lush, lançado no fim do ano passado:

Oi pessoal, tudo bem? Podem nos contar quem são os integrantes do Creepers, como se conheceram e como surgiu a banda?
Olá! Eu sou o Dan Tracy, baterista do Creepers e do Deafheaven, e estou muito bem. Shiv e eu tocamos juntos há muito tempo, desde quando tínhamos 12 anos, na zona leste de Bay Area, na Califórnia. Após uma série de projetos, formamos o Creepers, cinco anos atrás, em São Francisco. Em 2012, ganhamos a companhia de Varun Mehra, irmão do Shiv, no baixo, e de Christoper Natividad, em 2012.

O Deafheaven trouxe reconhecimento e suponho que tenha deixado muitas portas abertas para você e para o Creepers, além de dar a oportunidade de viajar pelo mundo com sua música. De que maneira esse cenário alimentou em vocês a necessidade e a vontade de ter uma banda com sonoridade diferente e com outra abordagem das suas referências melódicas?
Shiv e eu temos muita sorte por poder balancear a música extrema e agressiva do Deafheaven com a abordagem mais intimista e menos abrasiva do Creepers. Não necessariamente sentimos a necessidade de ter um projeto mais “adocicado”. O Creepers é algo que sempre quisemos fazer.

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O Creepers tem um balanço muito cuidadoso de letra e arranjo, e em vários momentos as canções caminham apenas por vias instrumentais. Essa “dosagem” é intencional?
Sim, tem um balanço aí. Shiv escreve as letras com ideias que depois são arranjadas por todos nós juntos.

Chegaram a conversar sobre quais seriam as referências sonoras da banda? O que andavam ouvindo quando surgiu a vontade de criar o Creepers?
Nossos gostos musicais são bem ecléticos, da música clássica ao blues. O objetivo é nos manter empolgados e constantemente inspirados.

Com exceção de “Lush”, a música que batiza o disco, os demais nomes das canções parecem sugerir uma sensação de desconforto ou de incômodo. Esses temas estiveram presentes nas composições?
As letras definitivamente têm um impacto nos temas das canções. Eles derivam de experiências pessoais, sejam elas relacionamentos, vícios, eventos traumáticos etc, que acabam implicando em elementos mais melancólicos.

São todos de Bay Area? De que maneira a região, responsável por nos deixar um legado fortíssimo no hardcore e no metal, influenciou o gosto musical de vocês e o contato com a cultura?
Todos nós crescemos indo a shows de hardcore, punk e metal durante o período de formação de nosso caráter. Estar envolvido em uma comunidade musical sendo tão jovens nos trouxe confiança não só como músicos, mas como pessoas também.

Conseguem viver só de música atualmente? Ou têm outras profissões paralelas?
Temos a sorte de nos bancar apenas com nossa música.

Vocês escolheram disponibilizar o disco para download gratuito e também criar um LP. Costumam baixar música ou preferem o streaming? Consomem discos e vão a shows de outras bandas?
Todos nós somos viciados em música e tentamos ouvi-la de todas as maneiras, o que significa que baixamos, usamos o streaming, também compramos discos e vamos a shows.

Como é o processo de composição de vocês? As letras parecem entrar depois, uma vez que a estrutura das músicas parece construída com o acúmulo de várias camadas. Todos contribuem com letras e arranjos?
Em Lush, o Shiv compôs letra e música e depois todos nós fizemos o arranjo. Ele é o principal letrista, enquanto que todos os demais contribuem na composição das músicas.

As canções são bem texturizadas. Vocês as levaram 100% completas ao estúdio ou surgiu algum improviso durante as gravações?
As músicas estavam todas prontas quando fomos gravar o disco, mas o tempo no estúdio sempre abre possibilidades de adicionar camadas. Então tiramos vantagem disso.

Como têm sido os shows de vocês? Têm ficado satisfeitos com o resultado ao vivo?
Os shows têm sido ótimos e muito divertidos. Estamos muito satisfeitos, e nosso objetivo em 2015 é tocar em todos os lugares que pudermos, além de continuar a compor discos e levar o Creepers aos seus ouvidos.