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Música

Foca no Trabalho: 15 Discos Para te Ajudar a se Concentrar

PARE DE PROCRASTINAR (assim que você terminar de ler essa lista).

Às vezes, manter a concentração pode parecer o trabalho mais hercúleo e impossível do mundo. Os ponteiros do relógio continuam andando, seu cérebro continua funcionando, porém nada, nem mesmo uma pequena fração de foco, faz a gentileza de aparecer. Em se tratando desse assunto, pode confiar na gente, pois essa é a quinta vez que tentamos escrever essa introdução.

Focar no trabalho pode ser uma coisa bem difícil. Num momento, você está trabalhando com a velocidade de um trem-bala japonês. De repente, a coisa some. A lâmpada não só queimou – foi destruída, e os estilhaços estão espalhados pelo carpete. Você fica andando de um lado para o outro no seu apartamento e, de maneira inexplicável, cuida de tarefas menores para fazer o tempo passar; come tudo que tem na sua geladeira até não sobrar nada; toma um banho; limpa a sua área de trabalho; dá uma olhada no Twitter; dá outra olhada no Twitter; tudo, menos fazer o que tem para fazer. Ei, talvez você só esteja lendo esse artigo porque precisa trabalhar e está paquerando a ideia de fazer um intervalinho pela quinta vez em uma hora (tranquilo, a gente não vai te deixar na mão).

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A boa e velha música, contudo, pode nos ajudar a manter a concentração no trabalho. É um fato científico. Quer dizer, a música não é consciente, não tem como fazer o trabalho de faculdade por você, ou dar uma palestra, ou preparar uma pequena apresentação sobre energias renováveis, mas com certeza pode fornecer a fagulha inicial da sua transformação em uma pessoa focada, lúcida e perceptiva. O problema, porém, é que a maioria dos artistas só tem uma ou duas faixas tranquilas e instrumentais em discos que são, de resto, estrepitosos e cheios de gritos.

Tendo isso em mente, nós, os redatores do Noisey UK, listamos alguns dos nossos discos “Toma Jeito e Mete as Caras” favoritos, capazes de tocar o terror na sua vibe distraída e restaurar um pouco de produtividade.

Continua abaixo…

Force & Styles – Helter Skelter '97

Então: o trabalho. Trabalhar, está comprovado, é quase sempre uma merda. Ninguém gosta realmente de trabalhar. Trabalhar é a última coisa que quase todo mundo tem vontade de fazer. Mesmo quando estamos sem trabalho e desesperados por conta disso, na verdade não queremos voltar ao trabalho, porque trabalhar é uma merda, e não trabalhar é maravilhoso. Mesmo num dos raros dias de folga, só fico lá, largadão, pensando em como não estou trabalhando. Então começo a temer a volta ao trabalho e todo o meu tempo no trabalho é consumido por pensamentos de como, em algum ponto do futuro, eu não vou estar mais no trabalho. Quando estou no trabalho e estou trabalhando em vez de pensar em não trabalhar, o mais provável é que esteja ouvindo essa gravação de um hardcore set de 1997, porque em 97 eu tinha 7 anos e ainda faltava uma década inteira para entrar no mundo do trabalho, e é sempre bom lembrar que a vida não se resume ao trabalho. Muita gente gosta de ouvir uma música ambiente na hora de trabalhar, mas eu diria que essas músicas que indiquei abafam os ruídos do mundo inteiro. Josh Baines

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The Legend of Zelda 25th Anniversary Special Orchestra CD

A música clássica talvez não seja o som retumbante da rebeldia juvenil, mas é simplesmente fantástica quando o assunto é fazer seu cérebro trabalhar direito. Chamado pelos acadêmicos de “Efeito Mozart”, as pesquisas indicam que, após ouvir música clássica durante dez minutos, os pesquisados demonstram “uma melhora significativa nas habilidades de raciocínio espacial”. Para gente normal, isso quer dizer que seu efeito temporário é de ajudar o cérebro a fazer coisas legais, tipo #blogar. Música barroca, música ambiente e trilhas sonoras também, dizem, têm efeitos semelhantes, por razões parecidas, mas, para obter um máximo de foco, tente trilhas sonoras de jogos de videogame. Pense só, elas são literalmente criadas para ser a música de fundo enquanto você se concentra no que tem que fazer. Escolhi a versão orquestral de todas as melhores melodias de The Legend of Zelda, porque nelas há mais ímpeto do que num cara bêbado e pelado tentando subir correndo uma encosta coberta de lama úmida, e além disso faz com que eu me sinta uma aventureira, guerreando freneticamente no mundo místico do jornalismo de internet. Emma Garland

William Basinski – The Disintegration Loops I

Sua mente é uma janela coberta de sujeira, Basinski é o limpador, e The Disintegration Loops é o rodo ensaboado da iluminação. Aqui estão 63 minutos de beleza melancólica feitos literalmente com sons de músicas se desintegrando (Basinski teve a ideia para o disco depois de ver algumas antigas gravações em fita k7 se esfarelarem enquanto ele as digitalizava). Joe Zadeh

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Grouper – The Man Who Died In His Boat

The Man Who Died In His Boat – o oitavo disco da dama etérea Liz Harris como Grouper (que, tecnicamente, não é um disco, estando mais para uma coletânea de faixas inéditas que sobraram do disco de 2008, Dragging a Dead Deer Up a Hill) – pode ser sinistro às vezes. É música ambiente, mas há momentos agourentos que criam a impressão de que um stalker serial killer está prestes a se materializar, vindo detrás da parede de som reverberante que inunda o disco. Mas não tem problema. De vez em quando é preciso se sentir no limite quando se está trabalhando duro. Ryan Bassil

As Trilhas Sonoras de American Pie

Se você tem seus 20 anos e está precisando de motivação, só há um lugar em que você precisa procurar: os anos de 1999 e 2001, os filmes que definiram os seus anos de formação: American Pie 1 e 2. Caso tenha reprimido totalmente a sua memória, a franquia American Pie pegou o gênero “filme de formatura” e o atualizou para uma geração cujos pilares da cultura pop eram: guitarra, bermudas cargo e pornô de internet. Essas trilhas sonoras juntas perfazem 28 faixas da melhor música ruim que tocava enquanto você dedava ou era dedada em uma festa de formatura, incluindo, entre outros: Blink-182, Sum 41, Sugar Ray, Goldfinger, Fenix TX, Green Day, American Hi-Fi e Alien Ant Farm. Como a popularidade do BuzzFeed indica, nada consegue estimular tanto o seu entusiasmo por um dia de trabalho duro quanto a nostalgia. Então, se o relógio estiver marcando duas da tarde, e ainda faltarem uns três cafés para encher a sua barra de ambição, enfie no repeat esses tesouros cheios de pop-punk, e deixe a natureza seguir seu curso. Eles também trazem o bônus adicional de fazer você lembrar de todas as vezes que fez sexo na adolescência, o que é útil para quem está buscando inspiração para fazer alguma coisa com velocidade mas sem muita perícia. LOL. Emma Garland

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Kiasmos – Kiasmos

Desenvolvi uma estranha obsessão por essa dupla de dance music islandesa, e ainda não tenho certeza do motivo. Acho que é porque uma parcela imensa da música eletrônica é feita para soar industrial ou automatizada, mas a música dessa dupla bizarramente soa como a paisagem do país de origem dos dois – montanhosa, remota, linda. Seja lá o que for, esse disco correu para o topo das músicas mais ouvidas do meu iTunes com uma velocidade inédita desde os inebriantes dias em que comprei o segundo disco do Libertines. Sam Wolfson

VSQ Performs The Hits of 2014

Você conhece aquelas propagandas do Facebook sobre amizade, que são tão piegas que dá vontade de morrer, mas no final você se sente bizarramente edificado, ao mesmo tempo em que percebe que não passa de um zé mané facilmente manipulável, mas também simplesmente cheio de alegria? Acho que o segredo delas são aqueles covers no piano de sucessos recentes da música pop que são esquisitamente edificantes, embora sejam bastante soturnos. O VSQ intensifica a parada, com versões inteiramente orquestais para cordas de praticamente todas as músicas da história. Gosto particularmente das versões que fizeram de “Take Me To Church”, que na verdade é uma música bem boa, quando se tira todo o mimimi em voz grossa, e de “Rather Be”, de Clean Bandit, que é bizarramente melhor do que o original, embora ele também seja tocado em instrumentos de corda. Amizade, companheiro. Não tem como superar. Sam Wolfson

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Evian Christ – Kings And Them Mixtape

A repetição é a maionese-ketchup-mostarda do fumegante cachorro-quente da música que se ouve no trabalho; loops que embalam sua mente até que ela atinja uma vibe meditativa de bora-lá-fazer-essa-merda. A primeira obra de Evian Christ, Kings and Them, conseguiu isso de maneira sutil, com oito músicas que transpiram e se infiltram com temas recorrentes, samples compartilhadas, e no geral soam como se fossem uma só – como se todas tivessem nascido exatamente no mesmo momento, mas em oito universos alternativos diferentes. Hoje em dia, Christ é mais famoso pela sua música hiperagressiva e melódica, que atravessa vários gêneros, por trabalhar com o Kanye, por instalações de arte sobre guerras trance ficcionais e sobre genocídio canino, e por uma obsessão nada saudável com Tiësto, mas antes dele subir o nível de intensidade, fazia um thug ambience tranquilão, que parece a forma mais realzona de serenidade que existe. Mesmo quando a porrada começa a comer nesse disco, como em “Fuck It None of Y'all Don't Rap”, a sensação é de uma coisa etérea e espiritual, como observar dois monges budistas trocando sopapos num bar, mas em câmera lenta e sob a luz da lua. E o destaque principal, “MYD”, é inquestionavelmente o som de uma ópera aquática representando tragédias gregas com um 808. Além disso, é de graça – Evian Christ disponibilizou o disco por zero dinheiros. Então, se você não der uma ouvida, é um zé mané total mesmo. Joe Zadeh

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Justin Bieber – “U Smile” (Desacelerada 800%)

No mínimo 75% da sociedade se deleita com qualquer oportunidade de tacar pedra em Justin Bieber, por ele ser um babaca metido, rico, jovem e absurdamente bem-sucedido, e sim, isto não é um disco. Mas quer você ache ou não que “Boyfriend” foi a melhor coisa que aconteceu à música pop masculina desde que Justin Timberlake raspou seus cabelos-miojo e começou a fumar maconha (a propósito: é, sim), acho que podemos todos aprender alguma coisa com a desaceleração da sua música até que ela fique parecendo uma coleção de fitas K7 de um centro de massoterapia new-age, com músicas relaxantes e reconfortantes. É sério: “U Smile(800% Slower) é uma das trilhas sonoras de relaxamento mais fodas que existem. É acidentalmente sinfônica; parece o canto de uma baleia que foi sem querer adaptada por um rapaz com peito depilado – o que faz dela um acompanhamento surpreendentemente belo para o trabalho. Ryan Bassil

Gonzales – Solo Piano & Solo Piano II

Trata-se, apenas, de um monte de faixas muito legais tocadas por Chilly ao piano. Nada mais, nada menos do que isso. Contudo, cada melodia tem aquela cálida familiaridade. O tipo de música que, mesmo quando se ouve pela primeira vez, a sensação é de conhecê-la desde sempre. Além disso, se você acaba tendo que virar uma noite trabalhando, esses dois discos não vão ter a menor dificuldade em embalá-lo até que você caia no sono, depois que houver desistido e decidido que não se importa se a ecologia da Rússia teve um impacto sobre como terminou a Segunda Guerra Mundial. Angus Harrison

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Nicolas Jaar – The Essential Mix

Arte de fã

Sim, tá certo, também não é exatamente um disco, mas a jornada pela qual te leva é espantosa, desde o processo de composição por trás do tema de Twin Peaks via Aphex Twin, Keith Jarret, 'Nsync, até um monte de faixas não lançadas de Jaar, não ouvidas até o momento ou desde então. Eu costumava ouvir muito essa mix enquanto estudava para as minhas provais finais, e teve uma tarde na biblioteca em que a coisa toda ficou um pouco demais, e em vez de ouvir num volume baixinho, coloquei bem alto nos meus fones de ouvido e simplesmente comecei a caminhar, bem rápido, numa direção em que nunca fora, até os limites da cidade, e então atravessando um imenso cemitério, e depois passando pela estrada, e fazendo uma volta gigantesca para o ponto de partida. Quando voltei ao meu quarto, deitei no chão, fechei os olhos, e juro por Deus que meio que alucinei por uns 30 segundos. Foi uma bizarra experiência extracorpórea que jamais esquecerei – mas basicamente tive uma dessas experiências pela primeira vez, então essa merda funciona. Sam Wolfson

Bonobo – Late Night Tales

Provavelmente vou ficar parecendo todo “cara-entediante-que-tem-um-monte-de-vinis-do-Caribou-e-bebe-Brooklyn-lager-em-bares-opressivamente-entediantes”, mas quem nunca? De qualquer modo, a participação do Bonobo na série Late Night Tales é uma mix excelente para acompanhar uma sessão de trabalho. A música salta e quica, se repete e zumbe, tem um pouco de Nina Simone, e um cover foda de Amerie no final. Só lembre de dar pause antes que entre o Benedict Cumberbatch lendo um conto no final. Ou não. Acho que depende de se você é ou não uma Cumberbitch! Ah, maravilha, usei a palavra 'Cumberbitch' num texto. Agora tenho que ir procurar uma nova profissão. Flws! Angus Harrison

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C418 – One

Na superfície, o C418 é só mais um produtor sem rosto do Bandcamp tentando ganhar uma grana nessa internet véia de guerra. Mas a verdade é que, por ser o cérebro responsável pela música do internacionalmente famoso jogo indie Minecraft, as músicas do C418 estão sendo de fato ouvidas por cerca de 100 milhões de pessoas, de acordo com a quantidade de usuários registrados no jogo. Isso é muita gente. Tipo assim, esse cara recebe cartas de fãs bizarros, aos montes. O que meio que faz dele o Disclosure do minimalismo cálido; o Calvin Harris da música calma; o Marcus Mumford do minimal; o Fetty Wap do foco. Esse disco, One, é uma coletânea alegre e discreta de músicas instrumentais curtas e melódicas, que saltitam por aí como lindos gatinhos acanhados, mas com um senso de humor sombrio e autodepreciativo no fundo, que fica evidente em músicas como “Post Sucess Depression”, “This Doesn't Work” e “Lawyer Cage Fight”. A coisa mais perfeita é que essa mix foi arquitetada para combater a solidão de jogar Minecraft, ou, no caso dos adultos, a solidão de trabalhar. Joe Zadeh

Dave DK – Val Maira

É preciso tomar cuidado com discos de música eletrônica, ou que de qualquer forma sejam apropriados para a pista de dança. Incline demais em uma direção e verá que o seu bate-pé evolui para uma série interminável de soquinhos no ar, que termina arremessando todas as suas bem organizadas anotações para o outro lado da sala. Não demora muito você vai ter gritado “TIRANDO A CAMISA!” E as suas divisórias de pastas terão sido varridas da mesa pela sua camiseta empapada de suor, agora já fora do corpo. O disco Val Maira, de Dave DK, não vai longe demais nessa direção. Na verdade, segue trepidando com misturas reconfortantes de batidas suaves com música atmosférica. Nada de tirar a camisa. A camisa fica. Angus Harrison

Brian Eno – Ambient 1

Eu sei, eu sei: é uma escolha bem óbvia. Mas e daí? Ambient 1, de Brian Eno, é um disco clássico do gênero música ambiente, no sentido de que A) é amplamente considerado o primeiro de todos os discos de ambient music e B) é não só o meu favorito, como o de muita gente também. Examine qualquer lista de discos essenciais de ambient, e vai ver o nome do velho Brian pairando perto do topo. E por um bom motivo. O encarte do disco afirma que sua intenção é induzir uma “sensação de calma” e ajudar a afastar a ansiedade, ou seja, é perfeito para ouvir quando os prazos do trabalho parecem icebergs que ameaçam naufragar o Titanic que é a experiência de ser humano. Ryan Bassil

Você pode encontrar as equipes do Noisey e do THUMP UK no Twitter: @RyanBassil, @SamWolfson,

@Joe_Zadeh, @EmmaGGarland, @a_n_g_u_s, @bain3z.

Tradução: Marcio Stockler