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Música

O que Aprendi Sobre Estilo com “Doing It”, da Charli XCX com a Rita Ora

Esse clipe parece ser uma versão de baixo-orçamento do incrível “Telephone”, de Lady Gaga e Beyoncé.

Eu frequentemente fico triste pela Rita Ora. Várias vezes ela é apenas uma nota de rodapé quando eu sinto que deveria ser a atração principal. Ela constantemente é uma segunda opção (na minha opinião) de artistas muito menos talentosas (e, no caso da Iggy Azalea, muito mais irritantes). Mas quem sabe talvez isso faça parte da estratégia. Afinal, ela é a melhor “com participação de Rita Ora” disponível. E acho que, até certo ponto, ser o artista secundário é um trabalho em que você recebe toda a atenção e não tem responsabilidade, tipo trabalhar em um lugar qualquer num feriado nacional recebendo o dobro por isso. Ela não será culpada por nenhum desastre, e ainda desfruta das vantagens de ser uma pop star. Às vezes o segundo melhor é, na verdade, o melhor.

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Que é o caso com “Doing It”, da Charli XCX, que conta com a presença secundária de Rita Ora onde ela poderia facilmente ser a atração principal. Não tenho como ter certeza de que a música seria realmente melhor com a Rita cantando, mas imagino que seria bem menos irritante sem esse vocal anasalado e fofinho da Charli que nos remete a Icona Pop, e teria uma pegada mais vulgar da Rita, numa vibe meio Rihanna. “Doing It” é viciante pra cacete, e a segunda falha da música é o fato de não terem esperado o verão norte-americano para lançá-la. A terceira é que o clipe parece ser uma versão de baixo-orçamento do incrível “Telephone”, de Lady Gaga e Beyoncé (lembra quando a gente vivia num mundo onde Gaga era relevante o suficiente para fazer um clipe com a Beyoncé e a Beyoncé era irrelevante o suficiente para trabalhar com a Gaga?). Dito isso, eu ainda meio que estou apaixonada pela pegada white trash e a vibe Thelma & Louise de “Doing It” (que é completamente desprovido de qualquer tipo de direção de arte convincente ou desenvolvimento da trama em comparação ao seu antecessor similar, "Telephone").

WHITE TRASH É A NOVA ONDA

Eu sinto que tudo que tem sido feito depois da Britney em 2001 tem sido esperar que o white trash volte à moda. E a Charli tem essa pegada, apesar de bem menos autêntica e de um jeito altamente estilizado. Aquele chapéu de cowboy de oncinha. Aquele cropped top vermelho. Aquele short jeans de cintura alta. A única coisa que melhoraria isso é: diamantes. Por favor não me julgue por querer fazer dele meu novo look verão 2015.

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MIGAS É O NOVO BROMANCE

Depois do incrível ano de 2014 para as mulheres do pop, a coisa mais esperta que uma popstar pode fazer é se reunir com sua melhor amiga para chegar ao topo das paradas. O esquema Ja Rule feat. Ashanti já era. A fórmula do momento para uma união ultra-poderosa é conter ao menos quatro cromossomos X. É meio que um novo tipo de geração X. Há também algo de encantador em uma relação onde duas mulheres são amigas e ficam se abraçando por aí ao invés de competirem umas com as outras. MIGAS PARA SEMPRE ATIVAR!

A MODA É EFÊMERA, FRAN FINE É PARA SEMPRE

Tipo, você pode se vestir que nem a Beyoncé. Pode ficar especialmente chique. Você pode ser melhor amiga do Tom Ford. Pode fazer escolhas indumentárias impecáveis. Ou você pode incorporar a Fran Fine, porque a moda muda, mas o look The Nanny nunca vai ficar ultrapassado. Ficar em dia com a moda pode ser exaustivo e extremamente caro, mas se vestir que nem a Janice do Friends parece ser a coisa mais divertida que uma garota pode fazer enquanto vestida.

O PATRIOTISMO AMERICANO ESTÁ EM ALTA

Emma Garland, do Noisey britânico, já notou que Charli e Rita - ambas inglesas - estão fazendo um teatrinho para a audiência americana, o que é 100% incontestável, especialmente porque Charli, ao bater cabelo vestida com o seu casaco, não deixa embaixo dele seu corpo nu à mostra, mas sim uma bandeira americana. A ideia toda parece girar em torno de uma atmosfera romantizada e de uma vibe quero-fugir-para-o-meio-da-América-caipira, então as pop stars britânicas estão obviamente tentando vender sua imagem para uma cultura específica fazendo uso de referências visuais extremamente óbvias. A moral da história é: todo mundo quer ser criança na América (uhul!), e infelizmente esse patriotismo barato ainda está em alta, para sorte dos frequentadores do Coachella ao redor do mundo.

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SUBVERTER O OLHAR MASCULINO É O FUTURO DO POP

Jennifer Lopez fez isso com seu clipe de “I Luh Ya Papi” ano passado, parodiando a misoginia dos clipes de hip-hop. A Nicki meio que fez, com sua própria interpretação da sexualidade em “Anaconda”. Taylor Swift certamente o faz em “Blank Space”, onde ela implode a clássica sensualidade masculina dando lugar a uma emoção pura e selvagem. Agora Charli e Rita estão fazendo com dois policiais strippers (eu pesquisei no Google se algum deles era o Mark McGrath. Infelizmente não é) com adornos nos mamilos. Subverter a masculinidade em clipes é uma moda que eu certamente aprovo, e espero que tenha vindo para ficar.

TODOS MERECEMOS DEIXAR A CRIANÇA DE DEZ ANOS QUE EXISTE DENTRO DE NÓS ESCOLHER O QUE VESTIR POR UM DIA

A melhor dica de moda a ser seguida é: todos deveriam escolher uma ocasião, ou até mesmo apenas uma hora na privacidade de seus quartos, para trazer à tona o seu melhor lado de dez anos de idade, e se vestir enquanto controlado por esse espírito infantil. Porque o outfit rosa de vaqueira da Charli é impecável, e resume tudo que uma garota de dez anos de idade sempre sonhou. Se fosse eu, escolheria me vestir toda de rosa como a Kristy Swanson em Buffy. É realmente divertido se permitir vestir de personagens que você sempre vai amar, e apesar de viver rodeada de pessoas caretas que se vestem de um jeito patético, eu estou tipo vestindo minhas calças jeans para ir a uma festa de Halloween que eu nem estou muito afim, e acho que se todos nós tirássemos um dia para nos vestir como os ídolos da nossa infância, seríamos minimamente (e para alguns, infinitamente) mais felizes.

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Tradução: Stefania Cannone