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Música

A Final do Campeonato de DJs Red Bull Thre3Style Foi um Verdadeiro 7x1

A bicampeã Cinara Martins derrubou os sete concorrentes e segue para a final mundial em Tóquio, em setembro.

Todas as fotos por Marcelo Maragni/ Red Bull Content Pool

Tava mó lua ali nas proximidades do estádio Mané Garrincha, em Brasília, no último sábado (20). Parecia que todo o plano piloto estava reunido na mesma pista de dança, sob o céu resplandecente do Planalto Central, para prestigiar a final nacional da batalha de DJs Red Bull Thre3Style. E meu amigo, nessa noite aconteceu mais um 7x1. Só que bom.

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Bom não, do caralho! Cê lembra que eu contei na sexta passada que os oito DJs finalistas do campeonato disputariam pelo título e pela vaga na final mundial em Tóquio, né? Cê lembra que eu disse que a Cinara Martins era a atual campeã e que a galera tava na pilha de querer este título? Então, eram sete contra uma, e adivinha quem venceu? Ela mesmo, Cinara Martins, que segue campeã e vai representar o Brasil na final mundial do Red Bull Thre3Style, em setembro, em Tóquio.

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Mas não pense que foi moleza. Não foi só a resposta dos presentes que os jurados levaram em conta. Repertório, técnica e presença de palco eram fundamentais. Além disso, as apresentações deveriam ter, no mínimo, três estilos musicais diferentes. O mestre KL Jay, um dos jurados da noite, passou a caminhada: "O DJ é um ator. Ele não pode ter medo de errar, se expressar ou arriscar. Tem que se expor. E você tá sujeito a se foder, esse é o lance. Eu, enquanto jurado, vou avaliar o contexto".

O segundo jurado, Nedu Lopes, defendeu o equilíbrio entre os critérios: "Só se destaca quem faz a diferença, sendo muito bom em todos os critérios. São os detalhes que definem. E se o público se empolga, fica evidente que o set tá dando certo". Mas Tamenpi não deixou o público o confundir na hora de escolher: "A resposta do público é o fator que menos me impacta. O DJ A, por exemplo, é daqui de Brasília. Provavelmente ele vai ter um público a mais, mas isso não significa que ele vai ser melhor. O que eu pego mais é a técnica e a estrutura do set que o cara montou."

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Cinara Martins tirou onda com a gravação da mãe ligando e pedindo pra tocar "Smoke Weed Every Day"

Foi uma vitória merecida. Em 15 minutos de set, Cinara conseguiu conduzir as mais variadas reações no público brasiliense. As apresentações deveriam ter, no mínimo, três estilos diferentes. Cinara começou agressiva, como se estivesse fazendo o Limp Bizkit e o Chamillionaire andarem juntos no mesmo low-rider ouvindo seu mashup de “Rollin”+”Ridin Dirty”. Como se não bastasse, isso virou uma verdadeira mensagem aos recalcados com “Work” da Iggy Azalea no beat de “Pretin”, seguido do hino “Falador Passa Mal” dos Originais do Samba. Só que aí a mãe dela ligou. Nos falantes, Cinara fez a pista toda ouvir a Dona Martins pedir pra filha tocar “Smoke Weed Every Day” cantando a melodia “Ci-na-ra-ra-ra-ra”. Não preciso nem dizer que a pista foi ao delírio né? Saindo diva, Cinara finalizou o set com um “Tombei” pagodão.

DJ Nyack representando os paulistanos com a camiseta da Discopédia.

E vou te dizer que os meninos se prepararam e referência musical não faltou. Pra começar, o DJ Nyack provou que é hora de aceitarmos que o gênero (pelo menos musical) acabou. O cara fez “Guerilla Radio”, do Rage Against the Machine virar “Play That Funky Music”. Tirei o chapéu. O DJ E.B. levou a concorrência no pessoal e não brincou em serviço pra fazer “No Sleep Til Brooklyn” caber num samba enredo. Além de mandar um “Slim Shady”+”A Praieira” que surpreendeu a galera.

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DJ E.B. era o finalista mais jovem do evento. Com 21 anos, ele toca com o Pavilhão 9.

DJ Typá concentradíssima para mandar o Darth Vader descer até o chão.

Isso só não surpreendeu tanto quanto a DJ Typá metendo um batidão de funk pesado no meio da marcha imperial – se você está ansioso pelo Guerra nas Estrelas VII, deve sacar do que eu tô falando. Depois disso, ela só poderia derrubar a pista com “Turn Down For What”.

DJ Marquinhos Espinosa, veterano do EDM de Campo Grande/MS.

O DJ Marquinhos Espinosa não economizou no EDM pra mesclar os clássicos “Satisfaction” e “Harder Better Faster Stronger”. Aí veio o DJ Tucho resignificando o termo “relaxa no crack” e fez a “Cocaine” do Clapton desacelerar num trap até chegar em Daft Punk. Bati a nave quando ele fez as minas dançarem “Work It” e “Fancy” ao mesmo tempo.

O carioca DJ Tucho destilou traps e mais traps, pra ferver a pista.

Se você reparar bem, o DJ Bruno X parece o Kanye West — sem o sorriso, lógico.

Seu conterrâneo Bruno X logo na sequência mandou um EDM que era igualzinho a “Deixa Acontecer Naturalmente”, e o bagulho ficou doido. Foi scratch demaaaais nessa fina rasterinha que dá saudade do verão, e um mambo drum and bass abriu passagem pra um trap pancadão nervoso.

DJ A, residente de Brasília, fechou a competição e ganhou o público.

O favorito da noite, DJ A debulhou. O cara conseguiu fundir o “Rap das Armas” em “We Will Rock You” por meio do trap. E quando ele passou de “Ni**as in Paris” pra “Vida Loka Parte 2”, o público precisou de mais 15 minutos pra parar de gritar com os braços pra cima.

No fim da competição, já com o troféu nas mãos, Cinara não soube como reagir ao bicampeonato: "A ficha não caiu. Talvez eu entenda mais tarde quando eu encontrar meus amigos. Agora, rumo ao mundial mais uma vez. Amanhã começo a treinar tudo de novo". Parabéns, Cinara. Foi merecido.