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Comida

Um guia pra você comprar vinho no supermercado para o Natal

Em breve é Natal. O establishment venceu de novo. Beba um bom vinho pelo menos.

Imagem: Baco do Caravaggio. Imagem:

Wiki Commos

O Natal 2016 do desconstruidão será repleto de religião opressora, vitória do consumismo e reunião dos reaça da sua família. E como a data serve também para nos lembrar a vitória do establishment, você pode ao menos por um dia substituir a Catuaba por outra bebida fermentada, o vinho — da água se fez, sabe? Tem toda uma simbologia, seja no dia em que se comemora o nascimento de Jesus, seja aquela mais antiga que envolve Baco e curtição.

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E, bom, já que não dá pra acabar com todos os símbolos que nos oprimem, dá pelo menos pra se embebedar de vinho, e vinho bom. E você,jovem millennial, pode se dar ao luxo (pelo menos uma vez no ano, vai) de separar R$ 40 e comprar uma garrafa de um bom vinho pra ocasião, ou duas talvez. Tudo no supermercado. É o que nos ensinam os sommeliers que dão as dicas abaixo:

O lacre

As rolhas de plástico e de rosquear estão liberadas! Aquela história de que uma rolha de cortiça é um indicativo da qualidade do vinho é uma meia verdade, pois marcas tradicionais deixam a bebida em repouso e depois a envasam com esse tipo de fecho que permite que o líquido respire através de poros. "Nesse caso específico de vinhos até R$ 40, não devemos nos preocupar com a rolha, pois a ela cabe apenas a função de fechar a garrafa apropriadamente até o breve consumo. Por esse valor, a maioria dos vinhos é destinada ao consumo imediato", garante o sommelier Ricardo Santinho, da Trix Gastronomia.

O fundo

É comum ouvir também que o fundo curvado da garrafa é mais um sinal da qualidade da bebida, mas a área reforçada na base do vasilhame é obrigatória apenas para tipos de vinho que têm gás carbônico em sua composição, como os espumantes e frisantes, por conta da pressão. "O fundo curvado da garrafa não tem relação com a qualidade do demais vinhos, como o tinto, branco e rosé", conta a sommelière do Eataly Renata Eugênia. Outra dica é que há bons espumantes brasileiros entre R$ 30 e R$ 40 à venda nos supermercados.

O teor de açúcar

Um dos fatores que mais influencia o sabor do suquinho fermendado e alcoolizado de uva é a quantidade de açúcar na composição. O vinho seco pode ter concentração de até cinco gramas por litro, quantidade que vai aumentando em relação ao meio seco, suave e doce. Na dúvida de qual levar para o rolê, opte pelos intermediários meio seco ou suave — há sempre a indicação no rótulo, é só gastar um tempinho entre as gôndolas. Se a dúvida persistir, mande um zap zap para a galera.

Os tipos de uva

Pode ir de Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay que é sucesso. "É muito relativo dizer a melhor entre a infinidade de uvas que temos hoje no mercado, mas Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e Syrah predominam entre as tintas nos vinhos de até R$ 40, além das brancas Chardonnay e Sauvignon Blanc", explica Santinho. O único jeito de saber qual tipo de uva você prefere na produção de um vinho não é outro senão experimentar, já que cada espécie de uva produz um de suco específico com aroma, corpo e sabor distinto que posteriormente influencia no sabor do vinho. A Cabernet Sauvignon, por exemplo, tende a ser mais seca em relação às amigas Malbec e Tanat.

A safra

O ano de colheita das uvas de um bom e modesto vinho não deve ser a grande preocupação de quem está lendo os rótulos na prateleira enquanto ouve uma promoção imperdível no setor de hortifrúti ser anunciada nos altos falantes. Isso porque os vinhos nesta faixa de preço costumam ser jovens e nem sequer apresentam a data no rótulo, o que indica ser um blend de várias safras. "Um ano bom é muito relativo, depende de cada região devido às variações climáticas. Um ano bom para o Brasil pode não ser para a Austrália, por exemplo", diz Renata Eugênia.

Os latinos

Os vinhos dos nossos vizinhos argentinos e chilenos nem sempre são superiores aos produzidos por aqui, mas eles saem na frente quando o preço é posto à mesa. O sommelier Ricardo Santinho destaca produtos da região argentina de Mendonza, nome que sempre aparece no rótulo das produções de lá, pode, sim, ser um indicativo de qualidade, sobretudo quando aparece aquele selo DOC (Denominação de Origem Controlada), uma espécie de associação dos produtores bem avaliados.

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Orgulho verde e amarelo

O Brasil pode ser terrível em vários aspectos econômicos e sociais, mas os espumantes produzidos aqui têm o melhor conceito do continente. "Quando falamos de espumantes, não há porque comprar vinhos sul-americanos que não os brasileiros. Podemos nos orgulhar em dizer que produzimos os melhores espumantes da América, inclusive com reconhecimento internacional", garante Santinho.

A tecnologia

Você pode escolher uma boa marca de vinho antes mesmo de sair de casa. No app Vivino, por exemplo, dá para saber a cotação de outros usuários sobre as bebidas, mas é preciso ter um senso crítico aguçado, já que as informações disponíveis lá são fornecidas também por leigos. Isso quer dizer o quê? Que é bom às vezes trocar a breja por um vinhão e ir experimentando e montando seu próprio repertório.

Para servir

Sim, aquela história de que vinho é bom só no friozinho para comer um fondue com seu mozão não passa de lorota. Os roses, bons entre 10ºC e 12ºC, os brancos, agradáveis entre 8ºC e 10ºC, e os espumantes, ideais a 7ºC ou 8ºC, são a prova que podem ser tomados num dia de verão enquanto seus amigos pulam seminus na piscina. Os vinhos tintos podem ser menos refrigerados, sendo os mais leves e jovens bons entre 14ºC a 16ºC. "A regra geral é que quando exageradamente gelado, perdemos em aroma e paladar", alerta a sommelière e consultora de comunicação gastronômica Helena Mattar.

A sobra

Sobrou vinho? Temos um problema aí, já que a oxidação da bebida é implacável e começa a agir assim que o líquido entra em contato com o ar. Seu vinho escolhido com muito esmero pode virar um vinagre em um piscar de olhos, mas algumas bugigangas podem retardar o processo de oxidação, como a rolha a vácuo, uma espécie de bomba. "Usar a bebida para cozinhar é um bom jeito de aproveitar: um ragu de carne para uma massa, um risoto ou molho para carnes. Enfim, são várias as possibilidades", aconselha Helena Mattar.

Experimente

O consenso entre os sommeliers é que experimentar cada vez diferentes rótulos só fará ampliar seu senso crítico e paladar. As ofertas nos supermercados, que passaram a ter assessoria sobre os vinhos e, inclusive, a importar diretamente de algumas vinícolas, são constantes e devem ser aproveitadas sempre que o saldo da conta corrente permitir. Isso quer dizer que você pode levar o vinho pra festa de Natal e esperar experimentar outros.

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